Capitulo 5
Pierre foi até o banheiro e jogou água fria no rosto para tentar lavar a dor das palavras de Claude. Mas, no fundo, ele sabia que não era raiva o que sentia. Era tristeza. Tristeza por nunca ter tido a chance de vivenciar um verdadeiro relacionamento entre pai e filho. Tristeza ao ver que tudo o que ele havia dado a Claude nunca havia sido suficiente.
Ele voltou para seu quarto, preparando-se mentalmente para o que estava por vir. O dia estava apenas começando, e ele já sentia o peso de tudo o que havia perdido, de tudo o que nunca teria.
Amanhã ele encontraria Damien. Mas, por enquanto, ele primeiro tinha que enfrentar seu próprio passado e a verdade que ele havia ignorado por muito tempo.
Pierre estava no carro com seu pai, em silêncio, perdido em pensamentos. As palavras de Claude ainda ecoavam em sua cabeça, mas ele sabia que não era hora de se deixar dominar pela raiva. Ele tinha uma missão a cumprir hoje, um encontro que, ele esperava, lançaria luz sobre algumas das áreas cinzentas de sua vida. Seu pai insistiu em acompanhá-lo até Damien, seu primo. Um casamento arranjado, uma vida virada de cabeça para baixo. A verdade o esperava lá.
A jornada parecia não ter fim. As ruas passavam diante de seus olhos, e Pierre se sentia cada vez mais distante de tudo o que conhecera até então. Ao entrarem em uma rua nos arredores da cidade, Pierre percebeu que eles estavam se afastando de bairros conhecidos e indo em direção a áreas mais residenciais e luxuosas. Ele ficou maravilhado ao ver como a estrada parecia se alargar e as casas se tornavam mais imponentes a cada esquina.
Então, finalmente, eles chegaram.
Diante dele estava uma vila gigantesca, muito mais imponente do que qualquer coisa que ele já havia imaginado. Peter congelou, com os olhos arregalados. Era um verdadeiro palácio. Colunas majestosas, paredes brancas imaculadas, uma grande porta de madeira entalhada, emoldurada por janelas gigantescas. O jardim era perfeitamente cuidado, com uma fonte de mármore que jorrava água em uma pequena piscina artificial. Estátuas de bronze adornavam a entrada, e a arquitetura parecia algo saído de um filme de Hollywood. Ele não conseguia acreditar no que via.
O silêncio que caiu entre ele e seu pai era pesado, quase opressivo. Pierre nunca tinha visto seu primo em um ambiente tão luxuoso. Embora tivesse ouvido falar de seu sucesso, ele não imaginava que chegaria a tal ponto. O contraste com a vida que ele tinha até então era impressionante. Pierre, que cresceu em bairros menos prestigiados, não pôde deixar de se perguntar o que Damien fez para ter uma casa tão grandiosa e irreal. Um arrepio de incompreensão e curiosidade percorreu-o.
“Eu... eu não sabia que ele fazia tanto sucesso”, ele murmurou, quase para si mesmo, enquanto olhava ao redor da vila.
Seu pai, que dirigia sem realmente olhar para ele, respondeu distraidamente. “Damien sempre teve talento para negócios. Ele é um homem inteligente, ele sabe como aproveitar as oportunidades certas. Seu campo é… único. Mas ele é forte, ele sabe o que está fazendo.”
Pedro não estava convencido. Ele não tinha pistas concretas, mas algo no tom de seu pai, sua imprecisão sobre os "negócios" de Damien, lhe dava uma estranha sensação de imprecisão. Ele não era estúpido, ele sabia muito bem que o sucesso rápido de alguém poderia ter lados sombrios.
O carro parou em frente à grande porta de madeira da vila. O motorista saiu rapidamente, e Pierre se viu diante daquela imponente residência, com a mente em turbulência. Uma estranha sensação de desconforto surgiu dentro dele, como se algo estivesse errado. Mas era tarde demais para recuar. Ele teria que encarar essa realidade, esse primo que nunca tinha falado com ele, esse casamento que ele não tinha consentido.
Eles subiram os degraus e entraram na vila, recebidos por um mordomo em um terno impecável. O interior era tão impressionante quanto o exterior, com grandes janelas salientes, lustres de cristal e móveis de madeira entalhada, de uma elegância fria, quase excessiva. Pierre sentiu como se tivesse entrado em um universo paralelo, um mundo que ele não conhecia, um mundo onde ele não tinha lugar.
“Damien está em seu escritório. Siga-me,” o mordomo disse em uma voz calma e comedida.
Peter seguiu seu pai, seu olhar percorrendo a sala, absorvendo cada detalhe, como se tentasse entender o ambiente. O contraste era ainda mais impressionante: esta casa, este luxo, tudo parecia tão distante da sua realidade.
Por fim, chegaram em frente a uma porta de madeira maciça, decorada com delicadas gravuras. O mordomo bateu levemente e entrou, anunciando sua chegada.
“Damien, este é Pierre”, ele disse simplesmente.
Pierre então entrou no escritório e o viu pousar em Damien pela primeira vez naquele cenário tão especial. Seu primo, muito mais velho que ele, olhou para ele calmamente, com um sorriso nos lábios. Ele se levantou da cadeira e caminhou em sua direção.
“Bem-vindo, Pierre. Vejo que você sentiu o clima da minha pequena casa,” Damien disse, com um sorriso misterioso nos lábios. “Estou muito feliz de finalmente conhecê-lo.”
Pierre não teve palavras imediatamente. Ele tinha muitas perguntas, mas se sentiu sobrecarregado pela decoração imponente e pela recepção fria. “É… é impressionante,” ele conseguiu dizer, sua voz hesitante. Ele sempre se perguntou que tipo de trabalho poderia render tamanha fortuna.
Claude não estava atrasado. Assim que chegou, ele trocou algumas palavras com Damien antes de ir embora, deixando Pierre sozinho com aquele homem que ele não via há anos. A porta se fechou em um silêncio pesado, e uma tensão invisível encheu o quarto.
Pierre ficou parado por alguns segundos, hesitando, examinando seu primo sentado atrás de sua enorme mesa de mogno. Damien não disse nada. Ele apenas olhou para ele, com um brilho enigmático nos olhos, como um animal selvagem observando sua presa antes de atacar.
“Sente-se.”
Não foi um pedido. Foi uma ordem.
Uma autoridade gélida emanava de Damien, uma aura opressiva que fez Pierre entender que ele realmente não tinha escolha. Ele obedeceu apesar de tudo, acomodando-se lentamente na poltrona em frente à mesa. Seu coração batia forte e uma sensação estranha tomava conta dele.
Um silêncio pesado caiu antes que Pierre falasse, tentando quebrar a atmosfera sufocante.
