Colombiana
A música pulsava no ambiente, vibrando através das paredes e reverberando dentro de mim como um aviso insistente de que aquela noite ainda estava longe de acabar. O cheiro forte do homem ao meu lado embrulhava meu estômago—uma mistura nauseante de álcool barato, tabaco e suor rançoso que se infiltrava em minhas narinas como um veneno.
— Tire a máscara, carino… — A voz dele saiu arrastada, carregada de malícia e embriaguez, os dedos rechonchudos tentando deslizar pela borda do meu disfarce, como se tivesse o direito de me tocar.
Minha vontade era cuspir em sua cara, arrancar aquele sorriso asqueroso à força e vê-lo se contorcer de dor no chão. Mas eu não podia. Não se quisesse sobreviver a mais uma noite naquele inferno. Engoli a raiva e curvei os lábios em um sorriso falso, pegando a garrafa de uísque e enchendo mais um copo.
Se ele bebesse o suficiente, talvez apagasse antes de exigir mais do que eu podia dar. Era a única maneira de manter Donatello satisfeito, de fazê-lo lucrar enquanto minha dívida encolhia centavo por centavo. Eu só precisava aguentar. Fingir. Jogar o jogo.
Por mais nojento que fosse.
Fui salva por Donatello em pessoa, que entrou na sala exclusiva e fez um gesto sutil para que eu me levantasse. Não hesitei. Queria me livrar daquele cliente o quanto antes.
— Ei! Eu paguei para ter a colombiana comigo... — protestou o homem, a voz carregada de indignação.
— Te mandarei outra garota — Donatello respondeu com frieza. — Mas esta garota aqui, está ocupada. Vá para a sala VIP, Rosália.
A tensão se dissipou assim que ouvi o nome da sala VIP. Apenas um cliente me aguardava ali. O mascarado.
Ele havia sido meu primeiro cliente a escolher usar uma máscara, mantendo-se envolto em mistério desde o início. Suas exigências eram simples: poucas palavras, apenas comandos diretos na hora do sexo, e nenhuma informação além do essencial. Ele sempre pagava pela minha noite inteira e exigia exclusividade. Donatello garantia a ele que eu pertencia apenas a ele. Mas, obviamente, eu era explorada quando ele não estava ali.
Já fazia dois meses que nossos encontros aconteciam, tornando-se cada vez mais frequentes. Ele era o único cliente com quem eu me sentia bem, com quem eu sentia prazer em todos os sentidos. Além de bonito, era generoso nas gorjetas, pagando muito além do que já deixava para Donatello.
Caminhei pelos corredores, tentando me equilibrar nos saltos e dissipar a tontura do álcool que havia bebido.
A música pulsava, vibrando contra as paredes e se infiltrando em meus ossos, no mesmo ritmo frenético do meu coração. O ambiente cheirava a uísque, fumaça e luxúria. Mas foi o cheiro dele—másculo, amadeirado, quente—que se enraizou em mim.
Ele me observava da poltrona de couro com um olhar hipnotizante, predador.
Sempre de máscara. Sempre sem nome.
Ele não precisava de nada além da presença para comandar o espaço ao seu redor. As pernas afastadas, o corpo relaxado, mas com um domínio que fazia o ar se tornar pesado entre nós. A camisa aberta deixava um vislumbre do peito forte, e a calça marcava as coxas largas, poderosas.
O desconhecido que, por algum motivo, fazia meu corpo obedecer antes mesmo de ouvir sua voz.
Ao som de Água Misteriosa – Javier Limon la shica, comecei a minha apresentação. Meu corpo se movia no ritmo da batida, provocando-o, testando-o.
Ele não desviou o olhar nem por um segundo.
Mesmo à distância, sentia sua posse sobre mim.
Cada passo que eu dava, cada pedaço de pele exposta, era para ele. Somente para ele.
Quando deixei a peça superior da lingerie deslizar pelo meu corpo, ele abandonou o copo de uísque sobre a mesa ao lado e estendeu a mão.
— Vem.
A ordem sussurrada era simples, mas carregava todo o domínio do mundo.
Meu coração disparou. Meu corpo respondeu antes da minha mente.
Caminhei até ele, sentindo o calor irradiando da sua pele mesmo antes de tocá-lo.
Quando fiquei perto o suficiente, suas mãos firmes envolveram minha cintura, puxando-me para seu colo sem hesitação.
A respiração quente dele roçou minha pele antes do beijo acontecer.
E quando aconteceu... foi como fogo e tempestade ao mesmo tempo.
Os dedos dele cravaram na minha cintura, me segurando com firmeza enquanto a boca devorava a minha, faminta, selvagem. Ele explorou meus lábios, minha língua, como se estivesse me descobrindo, moldando-me a ele.
Minhas unhas deslizaram por seu peito exposto, e um gemido rouco escapou de sua garganta.
— Você sente isso, mi bella? — A voz dele era rouca, densa como pecado. — O quanto eu te quero?
Eu não precisei responder. Ele já sabia.
Porque eu também sentia.
A mão dele desceu pela lateral do meu corpo, afastando minha calcinha sem esforço.
O toque firme e atrevido deslizou sobre meu clitóris, arrancando um gemido surpreso dos meus lábios.
Meus olhos se abriram, turvos pelo desejo, e deslizaram pelo seu corpo até encontrarem a tatuagem marcada em sua costela.
Regno. Impero. Vindico.
Eu reino. Eu comando. Eu reivindico. Havia pesquisado sobre a frase em latim desde que coloquei os olhos nela.
A frase gravada em sua pele ressoava dentro de mim como um aviso. Um presságio.
Aquele homem não era como os outros. Aquele homem me tomava como se já soubesse que eu era dele.
O beijo veio mais forte. Mais avassalador. E eu me perdi. Mais uma vez, completamente dele.
Quando ele me preencheu com um único e firme movimento, seu corpo quente e dominante cobrindo o meu, um gemido escapou dos meus lábios. Os dedos hábeis pressionaram meu clitóris no ritmo perfeito, me levando ao limite com uma precisão quase cruel. O prazer explodiu dentro de mim como uma corrente elétrica, um orgasmo avassalador me rasgando de dentro para fora.
Seu sussurro rouco e possessivo veio quente contra meu ouvido, enviando arrepios pela minha espinha.
— Goze no meu pau... Luana.
O choque do meu nome escapando por seus lábios me atravessou mais forte do que o próprio orgasmo.
Acordei assustada e ofegante, o despertador ecoando pelo quarto no volume máximo. Meu corpo ainda pulsava, a pele quente, a respiração errática, como se eu ainda estivesse presa naquela lembrança—ou naquele delírio febril.
Meu cliente misterioso nunca me chamava pelo meu verdadeiro nome.
Para ele, eu era Rosália a stripper latina.
Mas no sonho, ele sussurrou Luana.
O resto do devaneio foi uma sobreposição entre realidade e desejo, uma mistura do nosso último encontro na boate. Mas agora, algo parecia diferente.
E eu não sabia dizer se isso me excitava ou me assustava mais. Levantei-me apressada, precisava tomar um banho e me preparar para o trabalho.
