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Capítulo 3

— Senhor Valdez, algum problema com a sua cabeça? — rugiu o treinador Affleck.

Foi instantâneo e vergonhoso. A queda foi como a explosão do Big Bang, e eu explodi na frente de todos. Fechei os olhos, e esperei a dor da queda chegar até as minhas terminações nervosas. Ainda de olhos fechados, pude ouvir as gargalhadas dos presentes na quadra do ginásio.

— Você está bem Dani? — perguntou a voz do anjo loiro. Eu não tinha coragem de olhar para ela.

— Me diz que você não está estragando sua vida social por minha causa...? — perguntei gemendo de dor. Minha cabeça latejava com a dor fina que fazia questão de me torturar junto com a minha vergonha.

— Dani, você é meu amigo — disse com carinho. —, e que se dane minha vida social. Você é mais importante — murmurou.

— Estão todos olhando, não é? — perguntei ainda de olhos fechados. Ainda dava para ouvir os risinhos e burburinhos dos alunos.

— Isso não importa. — disse séria, e eu tive que abrir os olhos — Vamos... Se levante. Vou te levar para enfermaria. — Elle pegou na minha mão e senti minhas terminações nervosas entrarem em curto circuito, não por causa da queda, e sim pelo fato dela ter me tocado.

Pude sentir novamente os olhos de todos me seguindo, mas agora, era por causa de Elle, que tão delicadamente me socorreu, enquanto os outros apenas gargalhavam da minha cara.

— O que seria de mim sem você, Elle? — perguntei sorrindo e gemendo ao mesmo tempo.

— Você um dia vai me ajudar. — seria impossível eu não ajudar — Eu sei que o que faço por você, é o que você também faria por mim — falou dando de ombros. —, meu coração de ouro.

— Não sei não. — falei rindo — Provavelmente eu seria um bad boy burro, e nem daria a mínima para você. — me arrependi na mesma hora de ter falado isso. — Me desculpe...

— Não. — disse me olhando — Você seria do jeitinho que é agora. Se você fosse um bad boy burro, com certeza não teria esse coração lindo que você tem. Você vale ouro, Valdez.

— Desculpa. — falei sinceramente — Às vezes não entendo o motivo de você ainda querer ser minha amiga...

— Você é o único que não é canalha, e além do mais, você me conhece desde o berçário, ou quase isso. Seria impossível não ser sua amiga. — Elle às vezes me fazia lembrar o motivo real dela ser minha amiga, e por mais que eu adorasse ter sua amizade, o que eu realmente queria era seu coração. — Um dia nossos filhos vão ser amigos, assim como nós dois. — sorriu, mas eu queria mesmo que fossem 'nossos' filhos. Meus com ela.

Eu ela = filhos. Matemática perfeita!

— Pois é... — soltei sem querer, suspirando.

— O que foi? — perguntou ela arqueando uma das sobrancelhas.

— Nada. — respondi depressa. Não queria deixar transparecer o que realmente sentia por ela.

— Eu conheço você Daniel Valdez. — falou em um tom desconfiado. — Você tem algo para me dizer?

— Eu já disse que não é nada. — tentei disfarçar.

— Você sempre faz isso... — respondeu bufando de um jeito lindo. Seus olhos tinham um brilho incrível e sempre me fazia querer navegar no mar que exista neles. Eu sabia que não era um bom momento de expor o que sentia. E resolvi não embarcar no assunto naquele momento.

— Vamos deixar esse assunto de lado. — falei mudando de assunto — E você? O que anda acontecendo de bom na sua vida?

— Eu posso falar da minha vida, mas você não me fala nada sobre a sua? — perguntou sorrindo — Bom amigo você é hein... — como dizer a ela que, eu não queria ser apenas amigo?

— Você me conhece... — falei dando de ombros. — Mas, o que tem de novo nessa sua vida de estrela?

— Acho que estou apaixonada... — e lá vamos nós de novo. Era mais um babaca se aproveitando da minha Elle — Ele é incrível! — já sabia que quando ela falava isso, o cara era igual aos outros. Babacas e estúpidos. — Super descolado... Já faz uma semana que estamos saindo...

— Resumindo... — falei sério — Mais um otário na sua vida.

— Oi? — perguntou chocada, pois eu nunca tinha falado em voz alta o que realmente pensava dos namorados dela.

— Isso mesmo que você escutou. — puxei todo ar para os meus pulmões para falar e tomar a única gota de coragem que existia em mim. Ao menos para falar essa verdade eu teria que ter coragem. — você só namora os caras mais imbecis do universo, e depois fica sofrendo. Você tem um hábito de namorar otários sem cérebro. — ela olhou para mim quase perplexa.

— Dani, não é bem assim... — sussurrou baixando a cabeça. Eu sei que lá no fundo ela sabia que isso era verdade.

— Elle... — falei em um tom ponderado e arrumando os óculos no rosto — Você é um imã para homens sem escrúpulos e totalmente irresponsáveis. Resumindo... Você tem o dedo podre. — ela estava de olhos arregalados pela surpresa. Elle nunca tinha me visto sendo tão sincero, porque normalmente eu era mais de escutar e nunca de falar o que me vinha à cabeça.

— Dani...

— Cansei. — não acreditei no que tinha saído da minha boca.

— Cansou? — falou ela parando já na frente da enfermaria. — Cansou de quê?

— De te ver sofrer por quem não merece seu amor. — aos poucos vi o rosto dela ficar vermelho e nos olhos brotarem lágrimas. Ela jogou os braços ao redor do meu pescoço e me abraçou forte, apoiando a cabeça no meu ombro — Você merece algo melhor na sua vida.

— Por favor, não canse de mim... — falou quase com em uma súplica — Só tenho você. O que vai ser de mim, da minha vida, sem você?

— Não estou cansado de você Elle. — comecei a explicar — Estou cansado de você escolher sempre os caras errados. Meu Deus! Eu nunca soube de alguém que gostasse tanto de sofrer, como você...

— Droga! Eu tenho o dedo podre mesmo. — disse sorrindo ainda com a cabeça deitada em meu ombro e fungando na minha camisa — Mas, esse vai ser diferente... — e “lá vamos nós de novo”.

— Você não tem jeito... — ela afastou-se e me olhou profundamente — O que foi? — perguntei confuso.

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