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Recomeçando a Viver

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Debby Scar
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Resumo

Elle Austin sempre foi à garota perfeita. Sempre foi aquela que todos amavam, e que sempre era chamada para todas as festas, mas que surpreendentemente, não gostava de festas, nem de saídas até altas horas da noite. Estudiosa, líder de torcida e atleta, Elle tinha um sonho de se tornar uma grande estrela. Tudo isso foi esquecido no momento em que ela resolveu namorar apenas os caras errados. Daniel Valdez, era o melhor amigo de Elle. O primeiro aluno da turma, desengonçado, que sofria com acnes que formavam crateras em seu rosto adolescente, era apaixonado pela jovem líder de torcida. Mas ao contrário do que pensava de si mesmo, o moreno alto, de cabelos negros e lisos, tinha os mais belos olhos verdes, com riscos amendoados na íris, que Elle nunca notou, ele era lindo. O típico patinho feio, era o garoto mais lindo de Burnet. Só não havia se transformado ainda. A vida dele mudou quando Elle se apaixonou por Edward Morrow. Um cara nada convencional e totalmente fora dos padrões que ele, Daniel, escolheu em segredo para ser o dono do coração da sua amada, já que ele tinha coragem para se declarar para Elle. Ele acha que ela é a culpa de tudo.... Ela.... Ela sabe que deveria ter ido atrás dele.... Lutado por ele.... Mas foi fraca.

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Capítulo 1

Elle era minha amiga desde a infância. Nascemos na mesma maternidade, e por incrível que pareça... Tínhamos a mesma idade. Apenas oito meses nos separava de realizar nossas festas de aniversário. Nossas famílias eram amigas a mais anos do que se podia imaginar, e eu? Bem, eu era loucamente apaixonado por Elle antes mesmo do primeiro dente-de-leite dela cair, e ela descobrir que não existia fada do dente. E que na realidade era a sua mãe, que sempre deixava uma moeda debaixo do travesseiro dela. Ela chorou por uma semana inteira, e acho que passou um bom tempo para poder se acostumar com o que tinha descoberto.

Éramos inseparáveis, acho que ela tinha pena pelo fato de eu ser tão decrépito. Elle cresceu com um brilho que poucas pessoas tinham, e com uma força de liderança única. Adorava o modo que ela mexia no cabelo, ou até mesmo o jeito que coçava o canto da boca quando estava nervosa. Às vezes imaginava beijando aquela boca, mas nesses momentos a realidade era cruel comigo. Me fazia lembrar que eu não era o cara certo para ela, e que ela nunca olharia para mim da mesma forma que eu a olhava.

Eu era apenas um reles mortal sonhando em possuir a mulher mais perfeita do universo.

Na escola só tinha olhos para ela, que sempre estava sorrindo ao lado da sua parceira de laboratório. O cabelo preso em um rabo de cavalo era a sua marca registrada, as pontas douradas e levemente cacheadas a deixavam com um ar angelical.

Elle era o tipo de garota que qualquer um naquela escola poderia se apaixonar, e não digo isso como melhor amigo dela. Afirmo porque sentia isso quando olhava os outros seguindo e escutando o que ela tinha para falar. Porém, como uma pessoa que entendia o que era ter a Elle como amiga, sabia como era conviver com a perfeição.

Eu era o ser mais esquisito do mundo, mas espere... Não era sempre que me sentia desse jeito. Elle com sua bondade, às vezes fazia com que eu me sentisse o ser mais perfeito do universo. Isso acabava quando eu a via com os outros amigos tirando sarro dela, por ser minha amiga. Ela não se importava, pelo contrário, me defendia como ninguém tinha me defendido na vida.

No caso dela, isso seria assassinato social, já que ela era a capitã das líderes de torcida e a atleta número um de Burnet. Só existia uma pessoa no mundo que sabia o que eu sentia por ela, o Estevan.

Estevan Oriol era o meu primo, que tinha chegado do México para acabar com o resto de vida que eu tinha. Ele não era apaixonado por Elle, mas a chamava de namorada. Não que eu tivesse ciúmes... Eu morria de ciúmes dela. Mas fazer o quê? Não poderia dizer que a amava. Os caras que ela namorava eram praticamente modelos da Calvin Klein. Não tinha como competir com eles. Eram sempre saradões, cheios de anabolizantes e músculos exagerados nos braços, e sem um pingo de cérebro. Acho que o cérebro tinha queimado com os anabolizantes de cavalos.

Todos no estilo 'pernas finas'... Braços musculosos e pinto pequeno, ou cérebro pequeno... Ou cérebro e pinto pequeno. Isso realmente não importava, se ela soubesse que era eu quem deveria beijar a sua boca. Gostava de pensar que ela estava com eles apenas pela beleza. Não ficava tentando imaginar algum deles passando as mãos nela... Não mesmo. Só em chegar a cogitar esse pensamento, eu já ficava roxo de raiva.

— Acorda... — resmungou Estevan, batendo na minha cabeça. — não é hora de sonhar, 'hermano'.

— Não dá — falei suspirando. —, ela é perfeita.

— Você só observa — reclamou ele sem paciência. —, uma hora você vai ter que falar com ela.

— Nunca. — rebati de maneira firme.

— Você é um molenga. — disse dando outra tapa na minha cabeça.

— Não é ser molenga... — expliquei arrumando a armação do óculos. — Só não sou o tipo certo para ela.

— Daniel, você sempre diz a mesma coisa “Não sou o tipo certo para ela”. — disse olhando para mim. — Ela não vai ficar aqui para sempre.

— Não importa. — dei de ombros, fingindo não me importar com o que ele tinha dito.

— Eu sei que você se importa — sussurrou meio que tentando segurar o riso —, você fica aí, se torturando, enquanto ela fica saindo com esses caras sem noção.

— Ao menos, eu sou o melhor amigo dela. — respondi querendo parecer indiferente.

— Sério? — falou irritado. — Você é um banana, sabia?

— Sou...

— O que os senhores tanto conversam? — pigarreou o professor de química mais chato do mundo, Senhor Ahern. Nos viramos, olhando para ele, fechando a boca. — Foi o que imaginei. Nada de produtivo. Senhor Valdez e Senhor Oriol na sala do diretor depois da aula. — todos estavam olhando para nós dois, ou melhor, olhando para mim.

— Droga... — resmunguei.

— Muito me surpreende o senhor, senhor Valdez. Você que é um exemplo de silêncio e invisibilidade — falou senhor Ahern com um olhar duro e frio direcionado a mim —, voltemos a nossa atenção para matéria.

— Desculpa cara, mas agora você vai ter um pouco de emoção. — sussurrou Estevan sorrindo, enquanto o senhor Ahern voltava a explicar a matéria e eu murchava na cadeira.

De longe dava para ver ela me olhando de lado.

— Sério. Você é um banana. — falou Estevan, abafando o sorriso.

— Senhor Oriol! — senhor Ahern se virou para encará-lo muito irritado. — O rapaz tagarela vai querer visitar a sala do diretor antes do previsto?

— Não senhor. — respondeu Estevan, se endireitando na cadeira, mas sem perder a cara de pau que só ele tinha.

— Olha o que você me faz passar... — resmunguei olhando sério para ele.

— Eu? — resmungou baixinho, fazendo cara de inocente. — Dani, eu sou a melhor parte da sua vida, e ao mesmo tempo a pior parte — disse contendo o riso — Você devia me agradecer por isso.

— Idiota. — falei para ele, balançando a cabeça. Mas era a mais pura verdade. Estevan era a parte mais emocionante que existia na minha vida, mesmo sendo do jeito errado.

— De nada. — falou ele, segurando o riso e assentindo com a cabeça.

— Já chega! — gritou senhor Ahern, e todos se assustaram — Vocês dois... — apontou com o indicador como se estivesse regendo uma orquestra — Para a diretoria, agora!