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Capítulo 2

Ao sair da sala, sentia os olhares de todos me seguindo. Era um acontecimento único. Eu, Daniel Valdez, indo parar na diretoria por conversar na hora da aula. Trágico. E tudo ficou pior quando olhei para Elle antes de sair. Ela estava boquiaberta com o que tinha acabado de acontecer. Era inevitável, Elle sempre ficava chocada quando algo de inusitado acontecia na minha vida.

— Seu filho de uma... — comecei a falar, mas parei antes que saísse algo que não fosse apropriado. Minha tia não tinha culpa de ter um filho como Estevan.

— Dani... Dani... — suspirou e estampando o sorriso mais descarado que ele tinha — Você tem que sair dessa casca que você usa. — disse ele olhando para minhas roupas e olhando para os meus óculos — Você tem que aterrorizar! Pegar todas as gatinhas da escola.

— Estou muito satisfeito comigo. — resmunguei indo em direção à diretoria — E o máximo de terror que eu vou fazer realmente, é assustar as garotas com a minha cara feia. Então, estou muito bem do jeito que estou.

— Você é o cara mais estranho da escola — deu de ombros, como se aquilo fosse explicar meu alto nível de popularidade. — Você nunca vai conquistar uma garota vestindo esse saco de arroz, e nem sendo o gênio da física e da química. Você precisa de músculos e uma boa performance no sexo...

— Eu não quero conquistar as garotas Estevan. Nada de sexo sem que se tenha sentimento. E ser gênio da física e da química ainda vai me abrir portas para um futuro promissor. — falei abrindo a porta da secretaria. A parte mais irritante era a cara de espanto da senhora Taiko, que ficava o dia todo sentada em uma cadeira velha enferrujada, por trás de uma mesa ao lado da porta da diretoria.

— Você quer uma garota que não olha pra você, hermano. — debochou, me cutucando com o cotovelo — Elle, a destruidora de corações...

— Estevan... — olhei atravessado para ele. — Você não devia falar dela dessa maneira...

— Isso te incomoda? — perguntou, me desafiando e com um sorriso de satisfação no canto da boca.

— Sim.

— Por quê?

— Você sabe o motivo.

— Você é um banana Daniel — repetiu rindo, ou melhor, gargalhando na minha cara. Rindo da minha desgraça. Era para isso que serviam os parentes, ou melhor, que servia o meu primo Estevan.

— Estevan... — me dignifiquei a ficar quieto arrumando meus óculos.

— Odeio esses óculos. — falou ele mexendo na lateral, e voltando ao normal — Você sabia que já existem lentes de contato? — perguntou fingindo perplexidade.

— Sei sim.

— Vamos lá! Usar uma lente não ia lhe fazer mal.

— Não. Estou bem assim.

— Você vai morrer virgem. — disse rindo — E usando isso...

— Senhor Oriol... — falou o diretor ao abrir a porta, e de novo aquele olhar de espanto foi direcionando a mim — E senhor Valdez? — perguntou com espanto.

— Oi, senhor Casey — falei acanhado acenando para ele.

— Não precisa explicar. — disse ele, balançando a cabeça, nitidamente exasperado — Já sei o motivo pelo qual você veio parar aqui: Oriol.

— Não fiz nada. — se defendeu Estevan, levantando os braços e sorrindo — Eu sou inocente. Juro que sou. Até que se prove o contrário, é claro...

— Você inocente? Acho muito difícil você ser inocente em alguma coisa. — proferiu senhor Casey irritado com a brincadeira — Você pode voltar para sala senhor Valdez, que eu vou ter uma longa conversinha com seu primo.

— Obrigado senhor Casey. — agradeci, saltando de alegria por dentro, mas fiquei com dó de Estevan... Não. Não fiquei não.

— Droga! — resmungou Estevan.

— Vamos senhor Oriol... — pediu senhor Casey, estendendo os braços para que ele o acompanhasse para entra na sala — A suspensão lhe espera e não tenho o dia inteiro para o senhor.

Sai correndo da diretoria, antes que o senhor Casey mudasse de ideia, e me suspendesse também.

O pior dia da minha vida começou quando a educação física entrou na minha vida. Nunca odiei tanto uma coisa na vida, quanto a tal da educação física. Eu era obrigado todas às vezes a subir na corda, e quando estava achando que já estava no meio, ainda não tinha saído direito do chão. Humilhante. Mas eu ainda podia ficar observando ela de longe, mesmo que isso me custasse ficar com um galo na cabeça, ou o pescoço torcido. E lá estava a mulher com os pompons que eu queria ser e ela mexia freneticamente, com um sorriso de rasgar qualquer um no meio, e com aquela roupa de líderes de torcida... Justa no corpo e com as pernas perfeitas... Aquela bunda perfeita...

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