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Capítulo 4

Ele me olhou por um bom tempo, pensativo. Finalmente, ele assentiu. “Muito bem. Aceito suas condições”.

O ponto de vista de Nicol

Soltei um suspiro que não tinha percebido que estava prendendo, e o alívio tomou conta de mim, embora uma nova onda de ansiedade tenha tomado seu lugar. Eu tinha acabado de aceitar trabalhar para um homem que praticamente transbordava poder, e não tinha ideia do que estava me metendo.

“Ótimo”, disse eu, tentando parecer confiante. “Quando começo?”

—Imediatamente —respondeu com a voz tão decidida como sempre—. Francesca está esperando por você.

A rapidez do acontecimento me deixou atordoado. — Agora?

Ele ergueu uma sobrancelha. — Você tem algum compromisso urgente?

Lancei-lhe um olhar e ele simplesmente sorriu, claramente imperturbável diante da minha reação. “Tudo bem”, murmurei. “Mas isso não significa que estou à sua disposição”.

Um lampejo de diversão cruzou seu rosto. — Nem me passaria pela cabeça.

De alguma forma, não acreditei nele.

Com um suspiro, virei-me, sentindo seu olhar me seguir enquanto eu me movia. Olhei para ele novamente, com o coração acelerado, apesar dos meus esforços para manter a calma.

— Mais uma coisa — eu disse. — Serei sincero com Francesca. Não vou mentir para ela nem fazer promessas que não posso cumprir.

Ele inclinou a cabeça. —Tudo bem. Mas você vai protegê-la, priorizar o bem-estar dela.

Eu concordei. — Eu posso fazer isso.

Com um último aceno de cabeça, ele apertou um botão em sua mesa e Allesio reapareceu, em pé e em posição de sentido.

—Leve-a para Francesca —ordenou Alaric—. Comece agora.

Sem dizer mais nada, Allesio me guiou de volta pelos corredores. Mantive a compostura, mas minha mente estava acelerada. Eu não tinha ideia do que esperar nem de como explicaria isso a Francesca. Uma babá. Como eu tinha chegado a esse ponto?

Quando chegamos ao quarto de Francesca, Allesio abriu a porta e fez-me sinal para entrar. Respirei fundo, reunindo coragem, e entrei.

Francesca ergueu os olhos dos brinquedos e seus olhos se iluminaram quando me viu. - Mamãe! -

A maneira como ela me chamou, com tanta alegria, me pegou de surpresa. Ela correu para mim e eu me ajoelhei para abraçá-la, sentindo seus bracinhos ao redor do meu pescoço.

- Você vai ficar? - ela perguntou com voz esperançosa.

Olhei para Allesio, que estava perto da porta, de braços cruzados, observando-nos com uma expressão impenetrável. O calor que emanava do abraço de Francesca me comoveu profundamente, tornando difícil lembrar que eu tinha sido trazida para lá contra a minha vontade.

—Sim —disse eu, recuando para olhar nos seus olhos brilhantes—. Estarei aqui para você, Francesca.

Seu sorriso se ampliou e meu coração derreteu um pouco. —Sim! Podemos brincar agora?

—Claro —respondi, com uma mistura de calor e apreensão. Allesio saiu do quarto e eu me perdi no mundo de Francesca.

A porta se abriu novamente e Alaric entrou. Sua presença era imponente enquanto observava a cena diante dele. Fiquei um pouco tenso, instintivamente consciente de sua aura.

—Francesca, como você está? —ele perguntou com um tom caloroso, quase paternal, enquanto nos observava.

—Estou mostrando meus desenhos para Nicol! —exclamou ela com a voz cheia de orgulho.

O olhar de Alaric se voltou para mim e senti seu escrutínio. —Entendo.

—Papai, olha! —Francesca pulou do banquinho e correu para mostrar sua obra de arte.

Alaric se ajoelhou, genuinamente interessado, enquanto examinava os desenhos. Um sorriso se formou em seus lábios, e senti um estranho alívio ao ver que ele apreciava a criatividade de sua filha.

—É incrível, querida —disse ele, e observei Francesca sorrir com os elogios.

Enquanto eles compartilhavam esse momento, senti uma pontada de compreensão. Esse homem podia ser assustador e carinhoso ao mesmo tempo. Havia uma dualidade nele que me incomodava.

—Nicol —disse ele de repente, chamando minha atenção—. Você pode ficar mais um pouco? Tenho alguns assuntos a tratar sobre seu novo cargo.

Meu estômago se contraiu ao pensar em enfrentá-lo sozinha, mas me forcei a concordar. —Claro.

Alaric me indicou para segui-lo, e respirei fundo, preparando-me para a conversa que ele quisesse ter. Francesca nos observava com curiosidade, mas eu esperava que ela continuasse ocupada com seus desenhos.

Quando voltamos para o escritório, Alaric encostou-se na mesa, com os braços cruzados, enquanto me olhava. — Espero que tudo esteja indo bem até agora? —

Acenei com a cabeça, tentando manter a voz firme. —Sim, Francesca é maravilhosa. É tão criativa e doce.

— Ótimo. Quero ter certeza de que ela se sinta segura e confortável com você — respondeu ele, com um tom sério.

— Claro. Essa é minha prioridade — assegurei.

Ele me observou por um momento, com olhos calculistas. — Sei que é muita coisa para assimilar. Mas preciso que você entenda uma coisa: não estou apenas procurando uma babá. Preciso de alguém que possa protegê-la, que possa estar lá para ela. Meu mundo não é fácil, e quero que você saiba da seriedade desse papel.

Suas palavras me deram arrepios, lembrando-me do quão estúpido eu fui ao aceitar isso.

— O que você está fazendo? — perguntei em voz baixa, embora já tivesse uma inclinação.

— Acho que você já sabe — respondeu ele tão calmamente quanto eu.

Engoli em seco. Ele era da máfia. E, pelo que parecia, provavelmente era um chefão. — Eu entendo — respondi com voz firme. — Farei tudo o que puder para que Francesca se sinta segura.

Ele assentiu, com um brilho de aprovação no rosto. —E se alguma vez você se sentir oprimido ou inseguro, espero que me diga. Não quero que você se sinta preso.

Uma estranha sensação de alívio tomou conta de mim. —Obrigado. Isso é importante.

Alaric se aproximou, com um olhar intenso. —Agora você está nisso comigo, Nicol. Espero seu compromisso. E, em troca, cuidarei de você e do seu irmão.

Meu coração acelerou e meus ombros caíram. —Eu entendo o que está em jogo — eu disse em voz baixa.

Ele me observou por um bom tempo antes de finalmente dar um passo para trás, esboçando um leve sorriso. —Tudo bem. Então, vamos fazer isso funcionar.

O ponto de vista de Alaric

Nicol me surpreendeu, e isso foi muito difícil para mim. A maioria das pessoas com quem eu lidava concordava, obedecia e ia embora o mais rápido possível. Mas Nicol? Não, ela tinha voltado com suas próprias exigências. No momento em que ela ergueu o queixo, com fogo nos olhos, e expôs suas condições, senti um lampejo inesperado de admiração.

Observei-a atentamente do meu escritório, do outro lado do corredor. Através da porta de vidro, vi-a ajoelhada no chão, rodeada por um mar de lápis de cera e papéis, absorta no mundo imaginário que minha filha havia criado. Francesca sempre fora uma pessoa vivaz, um pouco nervosa mesmo nos seus melhores dias, mas na presença de Nicol, ela se suavizava. Estava tranquila, até feliz, e isso me fazia sentir mais leve.

Nicol era engenhosa. Não perdia tempo mimando Francesca, mas a encorajava a se expressar, a conversar sem parar sobre cada pequena ideia que lhe vinha à cabeça. Ela ouvia atentamente, acenando com a cabeça no momento certo, reagindo com interesse genuíno. E era boa nisso. Ninguém mais conseguia prender a atenção da minha filha assim por tanto tempo.

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