Capítulo 3: Conhecendo o pai da minha melhor amiga
Sophia Blanco
Viro-me num sobressalto e, para minha surpresa, quem está parado à porta não é a Cris.
É um homem.
Alto, aparentando uns trinta e poucos anos, vestido com um terno cinza impecável. Seu rosto é másculo, com barba por fazer e olhos escuros que parecem atravessar minha pele. Seu porte é de quem se cuida bem — elegante, mas com aquele ar casual de quem não precisa se esforçar para ser bonito.
Mas eu estou praticamente nua. De lingerie. Diante de um desconhecido.
Droga.
Mil pensamentos passam pela minha cabeça. E se ele for um psicopata? Um maníaco? Um estuprador?
Dou um grito, assustada. Ele pode até ser lindo, mas isso não importa! Ele é um estranho, e eu estou vulnerável.
O homem fecha a porta com calma, mas se aproxima num passo. Sinto meu coração bater descompassado.
— Se afasta de mim! — grito e, sem pensar, pego um vaso pequeno da mesinha e lanço em sua direção.
Ele se desvia com agilidade, erguendo as mãos num gesto de rendição.
— Ei, calma! — diz ele, com a voz grave e firme, mas surpreendentemente serena. — Eu sou o pai da Cris. Você deve ser uma das amigas dela, não é?
Eu o encaro, indignada.
— Eu não sou uma das amigas da Cris. — cruzo os braços sobre o peito, tentando cobrir o que posso. — Sou a melhor amiga da Cris.
Ele ri, um riso leve que me irrita e me constrange ao mesmo tempo.
— Ah, entendi. Isso explica. E, com todo respeito, você tem um corpo muito lindo.
Sinto meu rosto arder. Provavelmente estou mais vermelha que um tomate. Como ele consegue dizer isso tão naturalmente?
— Será que o senhor pode sair para eu me trocar? — peço, tentando manter a educação, embora esteja claramente incomodada.
— Claro. E me chame apenas de Lucas. — diz ele, piscando antes de sair do quarto.
Fico parada por alguns segundos, processando o que acabou de acontecer.
O pai da minha melhor amiga — o tal Lucas — acabou de me ver em roupas íntimas… e ainda elogiou meu corpo.
O que tá acontecendo aqui?
Pior: ele é absurdamente lindo. Jovem, charmoso, com aquele olhar que deixa qualquer garota desconcertada. Mas… é o pai da Cris. Eu não posso — não devo — pensar nisso.
Respiro fundo. Visto o biquíni rapidamente, prendo o cabelo e saio do quarto antes que ele volte.
A piscina está animada. Música alta, risadas, copos coloridos e gente em todos os cantos. Eu me sento numa espreguiçadeira, ao lado de uma colega do colégio. Estamos conversando sobre nada de muito importante — moda, fofocas e alguns professores.
Cris, claro, desapareceu com o Marcos. Péssima anfitriã. Só pensa em namorar.
[…]
— Ai, Sophia… tô indo embora. — a menina diz, cambaleando enquanto tenta se levantar. Quase cai. Está claramente bêbada.
— Tá certo, se cuida. — respondo, observando enquanto ela se afasta, rindo sozinha.
Fico ali, sozinha agora. Bebo mais um gole da vodka no meu copo. Nada exagerado — só o suficiente para relaxar. Não quero perder o controle.
Olho em volta e, para minha surpresa, percebo que a festa praticamente acabou. A maioria das pessoas já se foi.
— Oi.
Me viro e dou de cara com ele.
Lucas Arriaga.
— Eh… oi. — respondo, sem jeito, lembrando do que aconteceu algumas horas atrás.
Ele se aproxima com aquele andar calmo, confiante. Está sem camisa agora. E, meu Deus, o que é esse abdômen? Definido, mas natural. Nada exagerado como os caras que vivem postando selfies na academia.
— Qual é mesmo o seu nome? — pergunta, com um leve sorriso nos lábios.
Fico o encarando por um segundo. Devo até estar babando por ele.
Acordo dos meus pensamentos quando ele franze a testa.
— Oi? — ele repete, chamando minha atenção.
— Desculpa… me chamo Sophia. Sophia Blanco.
— Muito prazer, Sophia Blanco — diz ele, parando mais perto. Estende a mão, mas em vez de apertar a minha, ele toca suavemente meu rosto com o polegar.
Meu coração dispara.
O que ele está fazendo?
Dou um passo para trás, assustada.
Ele é o pai da Cris. Isso é loucura. E ainda assim… tem algo em mim que não consegue recuar completamente.
— Eh… eu acho melhor ir embora. — falo, nervosa, tentando sair dali.
Mas assim que dou o primeiro passo, esqueço completamente da piscina atrás de mim. Meu pé escorrega.
Pluft.
Caio direto na água.
Emerjo tossindo, molhada da cabeça aos pés. Olho para ele com raiva.
— Não sei como consegue achar graça nisso!
Lucas ri tanto que chega a segurar a barriga. Parece que vai desmaiar de tanto rir.
— Isso porque você não viu a cena que eu vi! — responde, ainda rindo, enquanto me oferece uma toalha.
Cruzo os braços, emburrada. Ele pode ser bonito, mas definitivamente também é insuportável.
Mas, por dentro, uma parte de mim — uma que eu preferia ignorar — não consegue parar de sorrir.
