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O Pai da Minha Melhor Amiga

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Saziana Bule
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Notas

Resumo

Sophia Blanco tem tudo o que o dinheiro pode comprar — menos amor. Criada na zona sul, cercada de luxo, aparências e solidão, ela aprendeu a esconder suas feridas por trás de um sorriso perfeito. Mas tudo muda quando ela conhece Lucas Arriaga, o homem que desperta nela sentimentos que jamais deveria sentir. Lucas é charmoso, maduro… e nada menos que o pai da sua melhor amiga. O destino os une de forma inesperada e perigosa. Entre segredos, culpa e desejos proibidos, Sophia e Lucas se veem presos em uma paixão que desafia todas as regras. Eles vão conseguir resistir… ou vão se perder um no outro?

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Capítulo 1: O começo

Sophia Blanco

Acordei bem-disposta, o que não é tão comum assim. O sol atravessava as cortinas do meu quarto com uma suavidade quase poética, e por um instante me permiti acreditar que seria um bom dia. Fui até ao banheiro e tomei um banho demorado, deixando a água quente relaxar meus músculos enquanto escutava música no volume máximo. A batida da música pop preenchia o ambiente, criando a trilha sonora perfeita para a minha manhã.

Quando terminei, vesti uma saia colegial em tom de rosa bebê com detalhes em branco e uma blusa branca justa, básica, mas elegante. Para completar, escolhi uma sandália de salto azul-claro — o contraste proposital dava um toque de ousadia ao meu look. Prendi o cabelo num rabo de cavalo alto, com alguns fios soltos estrategicamente para parecer “sem esforço”. Era o visual ideal: doce, controlado e impecável. Assim como eu precisava parecer.

Desci para a cozinha e, para minha surpresa, encontrei minha mãe já tomando café.

— Bom dia — disse, enquanto lavava as mãos na pia de mármore fria.

— Bom dia — respondeu ela, seca como sempre, levantando-se de imediato. — Vou sair com minhas amigas. Tchau.

Ela pegou a bolsa e saiu como uma rajada de vento, sem esperar resposta. Nem um olhar de despedida.

Já estava acostumada. A frieza da minha querida mãe não era novidade e, sinceramente, já não doía tanto quanto antes. Era só mais um dia comum.

Tomei meu café em silêncio, saboreando a torrada como quem tenta adiar o inevitável. Em seguida, voltei para o quarto, escovei os dentes e peguei a minha bolsa com o material necessário para as aulas. Não me preocupei com maquiagem. Apenas um gloss nos lábios, só para manter a aparência de “perfeição natural”.

Ao sair de casa, o motorista já estava esperando. Ele abriu a porta do carro e eu agradeci com um aceno de cabeça antes de me sentar no banco de trás. O trajeto até o colégio foi feito em silêncio absoluto. Como sempre.

Apesar de tudo, sou uma boa aluna. Tenho notas altas, sou a mais popular do colégio e, claro, todos esperam que eu continue nesse pedestal. Meu pai é um dos empresários mais famosos do país, mesmo morando em Londres. Ele se afastou depois do divórcio com minha mãe, mas ainda é o meu espelho. Um homem irreverente, inteligente… só não suporto o fato de ele namorar a minha ex-babá. Sim, aquela mesma que cuidava de mim quando eu tinha seis anos.

Já a minha mãe… bom, ela é uma mulher fria. Ainda assim, amo ela. Ou tento. Ela era modelo, mas agora não trabalha mais. Vive sustentada pelo meu pai, segundo o acordo do divórcio. Eles até tentam parecer civilizados, mas há sempre um clima pesado quando estão no mesmo ambiente. Sinceramente, acho que ambos fingem bem demais.

Meu sonho? Ser uma estilista de sucesso. A mais famosa do país. Quem sabe do mundo. Quero que o nome Sophia Blanco esteja estampado nas maiores revistas de moda. Estou me esforçando desde já para alcançar isso. Pode até parecer que sou só mais uma patricinha mimada — e talvez eu seja — mas sou dedicada, estudiosa, focada. Não sou do tipo que perde noites usando drogas ou fazendo besteiras. Sou muito mais do que a aparência deixa transparecer.

Saí do meu transe quando o motorista abriu a porta do carro. Desci, agradeci e fui direto para o interior do colégio. Vi a Cris, minha melhor amiga, que vinha na minha direção parecendo radiante. Só pelo sorriso já dava para imaginar que vinha notícia boa.

— Bom dia, amiga — cumprimentei, já curiosa.

— Bom diaaa! — disse ela, praticamente saltitando.

— Ok, pode me contar. Só pra eu confirmar — falei enquanto caminhávamos juntas até a sala de aula.

— Minha mãe finalmente deixou eu ir morar com o meu pai! — ela anunciou, com os olhos brilhando. — Eu já não aguentava aquele maridinho dela. Estava com tantas saudades do meu pai. Estou lá desde sexta!

Ela me abraçou apertado, e entramos na sala logo em seguida. As aulas começaram.

Cris é minha melhor amiga há muitos anos. Temos uma conexão forte, quase como irmãs. Posso confiar nela de olhos fechados. Ela é a única com quem posso me abrir completamente. Nem mesmo com o Peter, meu namorado, sinto essa liberdade.

As aulas passaram rápido. Quando saímos, Cris desapareceu num piscar de olhos. Provavelmente foi encontrar o Marcos, seu namorado. Eu saí da sala com calma e logo avistei Peter no corredor. Ele veio na minha direção com aquele jeito possessivo disfarçado de charme.

Sem dizer uma palavra, me puxou pela cintura e me deu um beijo no meio do corredor. Toda a atenção se voltou para nós. Mas aquilo era rotineiro. Era sempre assim.

— Oi, amor — falei, sorrindo, enquanto o abraçava.

— Oi, princesa. Como você está? — perguntou ele, ainda com os braços ao redor da minha cintura.

— Estou bem. E você?

— Também. O que acha da gente ir lá pra minha casa? — sugeriu, com aquele tom malicioso.

Não estava nem um pouco a fim. Se fosse com ele, sabia que acabaria não estudando, e as provas estavam chegando. Eu precisava manter meu aproveitamento escolar impecável.

— Hm… tenho que terminar o trabalho de História e estudar pra prova de Literatura — respondi, tentando parecer mais gentil do que firme.

— Que pena — disse ele, fazendo uma carinha triste que eu sabia que era pura encenação.

— A gente pode sair amanhã, prometo — acrescentei, tentando compensar.

— Ok. A gente se fala. Te amo — ele disse, me beijou na testa e foi embora com os garotos do grupinho dele. Esses, com certeza, não vão fazer trabalho nenhum nem estudar pra prova.

Estudamos num colégio particular, onde todos são filhos de empresários, políticos e gente importante. Os professores sempre dão um jeitinho de salvar a média dos alunos que mal aparecem. Mas eu não me contento com o mínimo. Nunca me contentei. Quero ser excelente — como aluna, como profissional, como mulher.

E, acima de tudo, quero ser lembrada.