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Zoé estava animada para encontrar Maya no Maid Café, mas desta vez como cliente. Era o dia de folga de Maya, e as duas decidiram aproveitar a tarde juntas. Sentaram-se em uma mesa perto da janela, desfrutando de um raro momento de tranquilidade.
— É estranho estar aqui sem trabalhar — comentou Zoé, olhando ao redor.
— É, mas merecemos uma pausa — respondeu Maya, sorrindo. — Agora me conta tudo sobre o Anthony.
— Já te contei tudo que aconteceu, Maya! Ele só me beijou e saiu, mas foi difícil mandar ele embora.
— Você está dentro de uma novela dramática, isso é incrível!
— Não tanto, não sei se posso me conter pra sempre e se o pai dele e minha mãe descobrirem alguma coisa, estarei fora de lá também!
Enquanto elas conversavam, uma antiga colega de trabalho, Akemi, se aproximou com uma bandeja.
— Zoé, que surpresa! Você faz falta na equipe — disse Akemi, colocando a bandeja na mesa ao lado. — Sabia que seu melhor cliente saiu do café sem consumir nada ontem, quando soube que você não fazia mais parte da equipe?
Zoé ficou surpresa com a notícia, mas antes que pudesse responder, Akemi se sentou com elas.
— E então, já conseguiu um novo emprego? — perguntou Akemi.
— Ainda não, estou procurando — respondeu Zoé, um pouco desanimada.
— Eu me inscrevi em um site recentemente e ganhei quinhentos reais em uma noite só. A única coisa que precisei fazer foi uma dança sensual com a webcam ligada — disse Akemi, com um sorriso malicioso.
— Sério? — Zoé perguntou, intrigada, mas também um pouco desconfortável. Sempre namorou bastante rapazes, nunca foi completamente tímida, mas além da perversidade no estoque, sempre foi bem discreta; sem contar que naquele dia mesmo, não tirou nada além da calcinha.
— Sim! Se estiver interessada, posso te passar o nome do site — ofereceu Akemi, anotando o nome em um guardanapo e entregando a Zoé.
Zoé pegou o guardanapo, sentindo-se dividida. Apesar de ter muito pudor, a tentação do dinheiro fácil era forte. Não queria mais um emprego pesado como o que tivera, onde nem ao menos podia tirar o fim de semana para relaxar e tinha de aproveitar folgas em dias horríveis, como a de Maya naquela terça-feira.
Quando retornou à mansão de Eduardo, a casa estava vazia. Zoé subiu para seu quarto, ainda pensando na conversa com Akemi. Sentou-se à frente do computador, olhando para o guardanapo com o nome do site. Após um momento de hesitação, decidiu se cadastrar. O processo foi rápido, mas quando chegou a hora de ativar a webcam, perdeu a coragem.
Exatamente nesse momento, sua mãe entrou no quarto.
— Zoé, vamos fazer compras? — convidou sua mãe, sem perceber o que estava acontecendo.
— Claro, mãe. Já estou indo — respondeu Zoé, aliviada pela interrupção.
Passaram a tarde fazendo compras em lojas do mesmo estilo das quais Zoé estourara seu cartão, mas dessa vez podendo pegar o que queria, ainda desfrutando de uma companhia descontraída. Foi uma tarde relaxante, ajudando Zoé a esquecer por um tempo suas preocupações, ao menos até voltarem para a casa, onde Eduardo sempre estava ao telefone, falando de negócios.
Ainda assim, a família desfrutava de momentos tranquilos e de boa presença; após um jantar agradável com a nova família, Zoé se sentou com todos para uma noite de filmes. Sentaram-se no grande sofá da sala de estar, com cobertores compartilhados. Anthony, sentado ao lado de Zoé, não perdeu a oportunidade de provocá-la.
— E aí, "irmãzinha", qual filme você escolheu? — sussurrou ele, passando a mão discretamente pela perna de Zoé debaixo do cobertor.
Zoé tentou manter a compostura, mas sentia-se cada vez mais provocada pelas brincadeiras de Anthony.
— Um filme tranquilo. Acho que todos vão gostar — respondeu ela, tentando ignorar a mão de Anthony.
Ao longo do filme, Anthony continuou com pequenas provocações, tornando cada vez mais difícil para Zoé se concentrar. Ela sabia que estavam brincando com fogo, mas a adrenalina e a proximidade tornavam tudo mais excitante.
Quando o filme terminou, Zoé sentiu um misto de alívio e frustração por ela e Anthony não terem terminado a brincadeira. Subiu para o quarto, decidida a lidar com a situação de maneira mais controlada.
— Boa noite, Zoé — disse Anthony, com um sorriso sugestivo.
— Boa noite, Anthony — respondeu ela, fechando a porta do quarto atrás de si.
Deitada na cama, Zoé refletiu sobre o dia. Sabia que precisava encontrar uma maneira de equilibrar suas emoções e tomar decisões mais conscientes. O envolvimento com Anthony e a tentação do site eram apenas complicações adicionais em uma vida que já estava cheia de desafios.
Zoé adormeceu com a cabeça cheia, sem saber que caminho tomar para retornar a sua independência, mas tudo pareceu ainda mais tentador no dia seguinte, quando acordou com uma notificação do site em seu e-mail; a mensagem apenas confirmava o seu cadastro, mas retomou sua curiosidade pelo site e novamente se viu nele, lendo os relatos das usuárias, que vinha junto de seus perfis e rendimentos diários, semanais e mensais. Ao ver o quanto pessoas de padrões de beleza diversos ganhavam, se tornou ainda mais tentada a iniciar no site.
Na manhã seguinte, Zoé acordou com uma determinação renovada. O dinheiro fácil do site era uma tentação que ela não podia mais ignorar. Decidida a tentar novamente, levantou-se, vestiu-se e desceu para tomar café com a nova família.
A mesa estava animada, com todos compartilhando planos para o dia. Eduardo leu o jornal enquanto a mãe de Zoé servia ovos e bacon.
— Quais são seus planos para hoje, Zoé? — perguntou sua mãe, sorrindo.
— Vou procurar alguns trabalhos online, mãe. Tentar ser produtiva — respondeu Zoé, escondendo a verdadeira intenção.
Depois do café, todos saíram para suas respectivas tarefas diárias, deixando Zoé sozinha na mansão. Ela subiu para seu quarto, trancando a porta atrás de si. Sentou-se na cama por um momento, respirando fundo. Sabia que estava prestes a fazer algo ousado e talvez perigoso, mas a necessidade de dinheiro falava mais alto.
Zoé escolheu uma roupa instigante, uma lingerie preta que acentuava suas curvas. Posicionou a câmera do computador em uma parede branca, ajustando a iluminação para criar um ambiente convidativo. Por último, decidiu não mostrar o rosto. Buscando algo que pudesse tampar sua identidade, pegou uma balaclava do armário. Olhou-se no espelho, mas não ficou satisfeita. Então, lembrou-se de uma máscara de cisne negro que usara anos antes em uma apresentação universitária. A máscara tinha um toque misterioso e elegante.
Com a máscara de cisne negro ajustada, Zoé se sentou à frente da câmera e abriu a transmissão. Para sua surpresa, a quantidade de homens online foi avassaladora. Mensagens de elogio e pedidos começaram a inundar a tela, e ela notou que o dinheiro já estava sendo enviado, mesmo ela ainda estando estática.
O medo a consumiu. Ela encerrou a transmissão após apenas três minutos, mas quando verificou os ganhos, viu que faturara duzentos reais apenas ficando parada olhando para a câmera. Zoé passou o resto do dia pensativa, surpresa com a facilidade com que havia ganho dinheiro, mas também assustada com o que isso significava.
À noite, após o jantar, Zoé se surpreendeu ao receber uma notificação. Um usuário chamado "O Cliente" pedia uma transmissão privada, oferecendo setecentos reais.
— Setecentos reais? — murmurou para si mesma, dividida entre o medo e a tentação.
A oferta era tentadora, mas Zoé sabia que aceitar significaria cruzar uma linha. Ela passou a noite refletindo, pesando os prós e contras. A necessidade financeira era real, mas as consequências poderiam ser sérias. Enquanto a casa ficava silenciosa e todos se retiravam para dormir, Zoé se deitou na cama, encarando o teto, seu coração dividido entre a razão e a necessidade.
