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Zoé estava ansiosa e nervosa enquanto aguardava no café onde havia combinado encontrar sua mãe. Fazia anos desde a última vez que se viram, e muitas coisas haviam mudado. Quando sua mãe entrou, elegante e confiante, Zoé quase não a reconheceu. Elas se abraçaram, um pouco hesitantes, mas logo o abraço se tornou mais caloroso, afinal o amor fraternal superava mesmo qualquer coisa e anos de distância não mudavam o que tinham, a mãe mesmo jamais deixou de procurar por Zoé e tê-la presente em sua vida, ela é que sempre negava a aproximação, um tempo com propósito e depois porque achava vergonhoso voltar.
— Mãe, sinto muito por tudo — começou Zoé, com a voz embargada. — Fui infantil quando seguiu com sua vida após o papai e menti para você, dizendo que minha vida estava bem.
— Zoé, está tudo bem. Eu entendo. A morte do seu pai foi difícil para todos nós — respondeu a mãe, segurando as mãos da filha. — O importante é que você está aqui agora.
A mãe de Zoé a acolheu, e após uma breve conversa no café, levou-a para a mansão onde vivia com a nova família. Zoé ficou impressionada com a casa, um contraste gritante com a vida simples que tinham levado antes.
Ao chegar, Zoé foi apresentada ao padrasto, Eduardo. Ele era cordial e acolhedor.
— Zoé, é um prazer finalmente conhecê-la. Você pode ficar o quanto desejar — disse ele, apertando a mão dela com um sorriso sincero.
— Obrigada, Eduardo. Fico muito grata por isso — respondeu Zoé, sentindo-se um pouco mais aliviada.
O casal a conduziu pela casa, mostrando os cômodos espaçosos e bem decorados. Finalmente, chegaram ao quarto de hóspedes.
— Este será seu quarto, querida. Fica ao lado do quarto do seu novo irmão — disse a mãe, abrindo a porta para revelar um espaço aconchegante.
Mais tarde, durante o jantar, Zoé estava ansiosa para conhecer o filho de Eduardo. Quando Anthony entrou na sala de jantar, ela ficou espantada. Era o mesmo Anthony que lhe dava boas gorjetas e muito mais que isso, o mesmo com quem esteve na tarde do dia anterior.
— Zoé, este é Anthony, meu filho — apresentou Eduardo. — Acabou de se formar em contabilidade e ingressou na nossa empresa familiar.
Anthony olhou para Zoé com uma expressão de surpresa contida, mas logo se recuperou.
— Zoé, que surpresa agradável — disse ele, com um sorriso que só Zoé entendia. — Ouvi tanto falar sobre você, mas é tão diferente das fotos de menina. Bem que sua mãe havia me dito, que você era linda como o pôr do sol!
— Anthony... — respondeu ela, tentando disfarçar o constrangimento. — É bom te conhecer!
O jantar prosseguiu com conversas leves, mas Zoé e Anthony trocavam olhares furtivos. Após a refeição, todos se recolheram aos seus quartos. Zoé tomou um banho quente, tentando processar a reviravolta inesperada. Ao sair do banheiro, ouviu uma batida na porta e, antes que pudesse responder, Anthony entrou.
— Anthony, o que está fazendo aqui? — perguntou Zoé, puxando a toalha para se cobrir.
— Só vim ver como você estava. E, bem... me desculpe por você ter sido demitida do café — disse ele, com um sorriso provocador.
— A culpa foi completamente minha. Eu usei você, e sinto muito por isso — respondeu Zoé, tentando manter a compostura.
— Não precisa se desculpar. Eu também não fui um santo — disse Anthony, aproximando-se. — Mas agora somos "irmãos". Que situação, hein?
— Sim, uma situação bem complicada — respondeu Zoé, sorrindo.
Eles conversaram, deixando de lado as culpas e tensões passadas. Zoé percebeu que, apesar de tudo, ainda havia uma conexão entre eles. Anthony fez uma piada sobre serem "irmãos" agora, e Zoé não pôde deixar de rir.
— Bem, não podemos mudar o passado. Vamos tentar ser amigos, pelo menos — disse Zoé, olhando nos olhos de Anthony.
— Amigos, claro. — respondeu Anthony, com um sorriso.
— Não quer ser meu amigo?
— Somos muito mais que isso. — ele se aproximou ainda mais de Zoé a ponto dela sentir seu perfume. De modo provocativo, ele se aproximou da orelha dela, sussurrando.— Irmãzinha.
— Não faça isso, Anthony. — Zoé murmurou; Anthony aproximou as mãos dela, colocando os cabelos molhado atrás da orelha da nova irmã.
— Precisa de alguma ajuda? Como anfitrião, preciso que se sinta bem aqui.
— Estou ótima, obrigada! — era difícil agir normalmente quando o lábio dos dois estavam tão próximos, mas Zoé se conteve. Não podia ser expulsa dali também. — Vá para o seu quarto antes que eu tome atitudes das quais vou me arrepender.
— Tudo bem, tenha bons sonhos... irmãzinha! — Anthony finalmente saiu do quarto, mas não antes de depositar um beijo nos lábios de Zoé, que quase o fez ficar.
Quando se deitou em sua nova cama, tinha a respiração descontrolada e não conseguia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo. Foi inevitável pegar o celular e mandar uma mensagem para a melhor amiga. Sabia que no dia seguinte era sua folga e precisava urgentemente contar sobre toda aquela loucura para Maya, que ficou tão espantada com a história que ligou de imediato para a amiga.
— Você está brincando comigo, não está?! — a amiga praticamente gritou do outro lado da linha, fazendo Zoé rir.
— Eu adoraria estar brincando, mas não, meu melhor cliente está aqui, no quarto ao lado! — ela disse num tom baixo. — Que loucura, Maya.
— Teria evitado tudo isso se tivesse simplesmente ido ao casamento da sua mãe, ou tivesse redes sociais, como qualquer ser humano normal! Mas sinceramente, amiga, se me permite ser sincera, isso tudo parece tão incrível!
— Para quem, Maya?!
— Para mim, é claro! — Maya riu do outro lado da linha. — Nos encontramos amanhã para me contar tudinho detalhe por detalhe?
— Claro, a gente se encontra amanhã!
— Apronte mais alguma enquanto eu durmo, vou adorar saber!
— Louca! Tenha uma boa noite, Maya.
Sem saber o que lhe aguardava, mas aliviada por ter um teto onde dormir, Zoé fechou os olhos, tranquila.
