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Capítulo 11 Quem não chora não mama

Já que havia decidido rasgar a máscara de vez, Anabela faria isso completamente, pois não era alguém que se deixava intimidar facilmente e não pouparia a dignidade de Camila.

Renata também ficou chocada ao ouvir aquelas palavras, pois Anabela sempre havia compartilhado apenas as boas notícias, nunca revelando as dificuldades, e descobrir que ela vivia em condições tão precárias na família Ribeiro era absolutamente inaceitável.

Aquelas palavras foram como um tapa na cara de Camila, e depois de ouvir o que Anabela disse, todos os presentes passaram a olhar para Camila com uma perspectiva completamente diferente.

Camila sentiu o rosto queimar de humilhação, nunca imaginando que Anabela teria a audácia de dizer aquelas coisas publicamente.

Além disso, ela nem sequer a chamava mais de irmã, referindo-se a ela constantemente como "Srta. Camila", deixando claro que queria se distanciar completamente da família Ribeiro.

— Anabela, você está chateada porque papai e mamãe não te tratam bem? — questionou Camila, assumindo uma postura de irmã mais velha compreensiva. — Papai e mamãe já trabalham muito duro para ganhar dinheiro, devemos ser compreensivas com eles e não ser gananciosas. Se você está realmente insatisfeita, posso trocar de quarto com você.

Camila adotou a atitude de uma irmã mais velha sensata, aconselhando Anabela com um tom aparentemente conciliador que tornava quase impossível recusar sua oferta.

Vejam só como ela representava perfeitamente o papel da pessoa compreensiva! Anabela quase se emocionou até às lágrimas.

Na vida anterior, ela havia sido completamente enganada por aquela face dupla, sendo manipulada para trabalhar como uma escrava em benefício de Camila.

Anabela riu com sarcasmo evidente, respondendo imediatamente.

— Perfeito, então mude-se agora mesmo! — desafiou ela, com frieza. — Não fique apenas falando, aja de verdade, e não venha depois chorando para os irmãos dizendo que eu roubei seu quarto.

Ao ouvir essas palavras, o rosto de Camila mudou visivelmente, e ela olhou para Anabela em silêncio atônito.

Seus belos olhos se encheram de lágrimas, como se não conseguisse acreditar que Anabela fosse capaz de pronunciar palavras tão duras.

— Anabela, você... está bem, vou me mudar assim que chegar em casa, contanto que você volte também — concordou Camila, com voz magoada.

Uma das amigas próximas de Camila não conseguiu mais tolerar a situação, intervindo com indignação.

— Anabela, você está exagerando! Como pode reivindicar o quarto de alguém com tanta arrogância? Como você consegue ser tão malvada? — acusou a garota, furiosa.

"Squeaky wheel gets the oil" - Anabela havia presenciado essa tática por muitos anos e estava completamente farta dela.

Anabela foi direta ao ponto.

— "Don't judge a girl until you have walked a mile in her boots." — declarou ela, em inglês fluente. — Eu vivi naquele quarto por mais de mil noites. Se eu posso viver lá, por que Camila não pode? Ela nasceu naturalmente nobre? Nasceu com o direito divino de morar num quarto de princesa?

Camila empalideceu completamente, respondendo apressadamente.

— Anabela, é porque minha saúde é frágil que papai e mamãe me mimam um pouco mais... — tentou explicar ela, desesperada.

— Chega! — interrompeu Anabela, brutalmente. — Se você não quer ceder, pare de enrolar com esse discurso inútil.

Anabela não deu a Camila qualquer oportunidade de se explicar, cortando suas palavras abruptamente e puxando Renata para sair dali.

Camila a observou com olhos vermelhos e inchados, assumindo uma expressão de sofrimento que despertava compaixão instantânea.

Bastava uma olhada para que qualquer pessoa sentisse pena dela involuntariamente.

Ouçam só como aquelas palavras eram bem elaboradas! Ela não estava competindo por nada, tudo havia sido oferecido voluntariamente pelos pais, sem qualquer relação com ela.

Qualquer insistência adicional seria simplesmente intimidar uma pessoa doente e frágil.

Renata estava furiosa a ponto de bater os pés no chão, pois sendo filha única de seu pai, mas com muitos primos homens na família, sempre havia sido mimada e protegida por todos.

Ela jamais havia presenciado uma família que ignorasse a filha biológica para tratar a filha adotiva como um tesouro, e aquele dia realmente abriu seus olhos.

Renata se recusou a partir, arregaçando as mangas como se fosse partir para a briga.

— Camila, como você consegue ser tão hipócrita? — gritou ela, indignada. — Que quarto seu? Nossa Anabela é a filha biológica! Você está se aproveitando descaradamente, ocupando coisas que pertencem a Anabela, e ainda tem coragem de chorar? Eu vou te dar uma lição...

Camila franziu delicadamente as sobrancelhas, como se estivesse assustada, seu rosto ficou pálido e seu corpo desabou suavemente no chão.

— Camila, o que aconteceu?

— Camila, acorde! Alguém chame uma ambulância!

As amigas de Camila começaram a gritar histéricamente, e a multidão se aglomerou ao redor dela.

Em questão de segundos, todas aquelas pessoas dirigiam olhares furiosos e acusatórios para Anabela e Renata.

Renata arregalou os olhos com incredulidade, pois estava a pelo menos cinco metros de distância de Camila e não havia feito absolutamente nada.

Camila realmente era tão boa atriz? Não era de se admirar que todos da família Ribeiro tivessem sido enganados por sua aparência.

Novamente a mesma encenação! Anabela estava cansada daquilo, bufou com desdém e tirou seu celular para discar 192.

— Alô, temos uma pessoa que desmaiou aqui, venham rapidamente, se não chegarem logo ela vai morrer! Nosso endereço é... — disse ela, com sarcasmo evidente.

Após desligar o telefone, Anabela ignorou completamente os olhares perplexos da multidão e saiu dali levando Renata consigo.

Se Camila queria fingir desmaio, que tivesse sua performance completa!

No passado, acontecia exatamente a mesma coisa.

Anabela não fazia absolutamente nada, mas sempre era mal interpretada como alguém que estava intimidando Camila ou roubando suas coisas.

Camila era sempre a cisne branca delicada e preciosa, enquanto ela era o verme sujo, malvado e desprezível.

Depois de ser puxada por Anabela de volta para a sala de aula, Renata estava com as bochechas infladas, os punhos cerrados e uma expressão de indignação absoluta.

— Anabela, eu finalmente entendi sua irmã! — exclamou ela, com raiva. — Aquele rosto inocente combinado com essas táticas é simplesmente descarado!

Renata era filha única e a caçula da família, com muitos primos mais velhos, e em sua experiência, a família sempre deveria proteger a irmã mais nova.

Mas o comportamento de Camila havia completamente destruído a visão de mundo de Renata.

Se ela não tivesse visto com os próprios olhos, seria realmente difícil acreditar.

Anabela sorriu suavemente.

— Vamos parar de falar sobre coisas desagradáveis — sugeriu ela, com tranquilidade. — Afinal, ainda existe uma diferença entre pessoas e cães, não é mesmo?

Anabela simplesmente não queria mais se preocupar com aquele problema, desejando apenas um pouco de paz.

Depois de ouvir as palavras de Anabela, Renata "pft" riu involuntariamente, mas no segundo seguinte perguntou com hesitação.

— Anabela, você deve ficar muito triste com esse favoritismo óbvio de sua família, não é? — indagou ela, com preocupação.

Os cílios densos de Anabela tremeram levemente, e ela sorriu gentilmente.

— Agora não fico mais triste — respondeu ela, com serenidade genuína.

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