
Ela Morreu por Todos, Voltou por Si






Resumo
Na vida anterior, Anabela havia sido trocada no berçário e só retornou à família Ribeiro aos dez anos de idade. Todos diziam que ela tinha muita sorte: pais ricos e poderosos, quatro irmãos excepcionais e um noivo brilhante e bonito. Anabela também acreditava nisso. Porém, o amor dos pais, o carinho dos irmãos e o afeto do noivo não eram destinados a ela, mas sim à falsa herdeira que havia usurpado seu lugar por mais de uma década. Todos na família Ribeiro a desprezavam, zombavam dela e a menosprezavam. Até que Anabela desenvolveu câncer de estômago. Antes de morrer, as últimas palavras de sua própria mãe foram: — Melhor que morra mesmo, assim sua irmã terá um rim para transplante. Após renascer, Anabela finalmente entendeu tudo e decidiu não repetir os mesmos erros. Ela não queria mais nem amor familiar nem romântico. Quem quisesse ser capacho que fosse, ela não se importava mais. Anabela só queria relaxar e ser uma pessoa feliz e despreocupada. Não esperava, porém, ser notada pelo irmão mais velho de seu ex-noivo. As lendas diziam que esse magnata era inacessível, frio como gelo, uma figura misteriosa que controlava duas grandes famílias e possuía riquezas imensas! Mas por trás dessa fachada, o poderoso Henrique se revelou extremamente grudento, sussurrando em seu ouvido: — Querida, me dá beijinho e abraço! Anabela se arrependeu profundamente e quis fugir: ser fraca com homens traz azar para toda a vida!
Capítulo 1 Matá-la
O verão trouxe consigo um calor sufocante que parecia consumir toda a energia da cidade.
Anabela Ribeiro enxugou o suor que escorria pelo rosto antes de despejar a sopa de beterraba na garrafa térmica, tampando-a com cuidado e pegando-a para sair de casa em direção ao Hospital Central, onde seus passos a levariam mais uma vez.
Mal chegou à porta do quarto hospitalar, ela ouviu uma conversa entre mãe e filha que fez seu coração apertar.
— Mãe, como eu pude desenvolver essa doença? Se não conseguirmos um rim compatível, eu vou morrer. O que vamos fazer? — perguntou Camila, segurando o resultado dos exames com mãos trêmulas, todo seu corpo balançando como se fosse desabar a qualquer momento, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto como se fossem um rio infinito.
Laura também se desesperou, tentando consolá-la com palavras que soavam mais como uma tentativa de convencer a si mesma:
— Seu segundo irmão é médico, vamos pedir para ele ficar atento. Tenho certeza de que logo encontraremos um doador.
— Tenho medo de não conseguir esperar até lá, mãe. Ainda sou jovem, tenho filhos para criar, eu... — Camila hesitou, mas sua intenção era clara como cristal: ela não queria morrer.
Todas as coisas boas que havia conquistado com tanto esforço ainda estavam por vir, como poderia morrer justamente agora quando a vida finalmente sorria para ela?
Laura sentiu o coração se partir ao ver a filha que havia criado desde pequena sofrendo tanto, preocupando-se em ser filial mesmo estando tão doente, demonstrando mais carinho do que uma filha biológica. Foi então que algo brilhou em seus olhos, como se uma ideia tivesse surgido do nada.
— Espere! Anabela não está com câncer de estômago? De qualquer forma, ela já é uma pessoa condenada à morte, por que não doamos os rins dela? Pelo menos seria útil uma vez na vida.
Camila, mesmo tendo obtido a resposta que tanto desejava, fingiu preocupação:
— Mas ela nunca vai concordar com isso, e como vamos explicar para os meus irmãos?
Laura segurou as mãos de Camila com firmeza, transmitindo segurança:
— Você só precisa se preparar tranquilamente para a cirurgia. Seus irmãos te amam tanto que não vão se opor, e quanto à Anabela, sua mãe tem seus métodos.
Anabela, que estava parada na porta ouvindo toda aquela conversa, sentiu como se tivesse caído em um poço de gelo que a congelava desde os ossos.
Durante todos esses anos, ela havia se esforçado incansavelmente para agradar essa família por ser a que chegou depois, trabalhando como um animal na casa dos Ribeiro, interpretando o papel de uma pessoa dócil de forma impecável, mas tudo que recebia em troca era essa situação devastadora.
Aos dez anos, a família Ribeiro descobriu que ela era a verdadeira filha que havia sido trocada no hospital, então a trouxeram de volta do interior, e todos pensaram que seus dias felizes finalmente começariam, ela também acreditava nisso.
Porém, devido às diferenças de ambiente e educação, foi muito difícil se integrar àquela família, fazendo com que Anabela se tornasse extremamente cautelosa, esforçando-se para agradar cada membro da casa, e embora não conseguisse obter o reconhecimento da família, por causa de sua personalidade dócil, conseguia conviver de forma relativamente "harmoniosa" com todos.
Anabela tinha quatro irmãos, cada um deles não apenas um talento excepcional, mas também completamente apaixonados por suas irmãs — porém, o objeto de todo esse amor não era ela, a irmã biológica, mas sim Camila, a filha trocada no berçário.
Sempre que Camila chorava, toda a família ficava desesperada de preocupação, e não importava se a culpa era de Anabela ou não, todos sempre vinham primeiro repreendê-la e exigir que ela pedisse desculpas. Quando Camila fazia algo errado, a culpa sempre recaía sobre Anabela; quando Camila se machucava, Anabela era a responsável...
Às vezes, ela chegava a pensar que Camila era realmente a verdadeira filha da família Ribeiro, enquanto ela era apenas uma estranha.
A família Ribeiro havia enriquecido com o comércio nos anos 90, então as condições financeiras eram bastante boas, mas com o desenvolvimento do mercado, enfrentaram problemas de fluxo de caixa.
Foi Anabela quem trabalhou dia e noite para resolver a crise financeira da família, tudo para agradar os Ribeiro, chegando ao ponto de adoecer devido ao excesso de trabalho, mas não apenas não recebeu sua compaixão, como agora queriam sua vida.
Anabela riu amargamente, ela deveria ter percebido antes: todos esses anos, não importava o quanto se esforçasse, nunca conseguiu obter o carinho deles, nem mesmo um pouquinho sequer.
Uma dor aguda atravessou seu estômago, fazendo com que Anabela tremesse e derrubasse a garrafa térmica no chão, alertando a mãe e filha que conversavam dentro do quarto. Anabela ouviu passos se aproximando e, em pânico, virou-se para fugir, mas devido à dor que se intensificava, não conseguiu correr muito rápido.
Laura rapidamente alcançou Anabela na escada, e vendo-a sofrer com a dor, permaneceu completamente indiferente, proferindo palavras ainda mais venenosas.
— Anabela, escute sua mãe. Você está sozinha no mundo, sem família nem responsabilidades, e com câncer de estômago não vai viver muito tempo, mas Camila é diferente. Ela tem família e filhos. Você não pode ser tão cruel a ponto de não salvar uma vida!
Anabela riu, riu até as lágrimas escorrerem, seu coração se despedaçando completamente. Para proteger a filha adotiva, sua própria mãe estava amaldiçoando sua filha biológica. Até mesmo o médico havia dito que a doença foi descoberta cedo e que, com o tratamento adequado, a cura era completamente possível, mas sua própria mãe não via a hora de ela morrer.
Quem realmente estava sendo cruel? Camila havia roubado tudo que originalmente pertencia a ela, roubado o amor de seus pais e dos quatro irmãos, depois tomou seu noivo, conspirou com Leandro para roubar as ações que ela possuía, e agora nem mesmo sua vida queria poupar.
Vendo que Anabela não respondia, Laura se aproximou e segurou sua mão. Anabela, que estava furiosa, se desvencilhou com força, mas não conseguiu manter o equilíbrio, fazendo com que todo seu corpo rolasse escada abaixo.
Em meio a uma tontura terrível, Anabela bateu contra a quina da parede, cuspindo sangue enquanto sua consciência gradualmente se desvanecia.
Laura rapidamente desceu correndo, com o rosto pálido de susto.
Mas no segundo seguinte, as palavras que Laura pronunciou fizeram o coração de Anabela doer mais do que qualquer dor física.
Laura franziu os olhos, calculando friamente:
— Caindo de uma escada tão alta, será que não vai afetar a qualidade dos rins? Cuspiu tanto sangue, provavelmente não vai sobreviver mesmo, o que é até melhor, assim sua irmã será salva.
Ao ouvir essas palavras, Anabela fixou os olhos em Laura com toda a força que lhe restava, e o ódio e a indignação em seu coração fizeram com que ela não conseguisse fechar os olhos nem mesmo na morte.
...
Quando abriu os olhos novamente, Anabela sentiu a cabeça pesada e confusa, lutando por um longo tempo até conseguir enxergar claramente o que estava à sua frente.
Paredes cinzas manchadas com uma cruz vermelha colada, uma mesinha meio velha ao lado da cama, e um aroma medicinal intenso invadindo suas narinas, fazendo sua cabeça, que já doía terrivelmente, ficar ainda mais pesada.
Ela não havia morrido? Como podia estar no hospital?
A porta foi aberta bruscamente, fazendo com que a tinta da parede caísse sem parar, e em seguida, um grupo de pessoas entrou majestosamente.
Pedro Ribeiro olhou para Anabela e a questionou diretamente:
— Anabela, por que você mandou aqueles bandidos atacarem sua irmã? Você sabe que isso poderia matá-la?