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Capítulo 10 Fazer birra também tem limites

Essas palavras foram ditas de forma bastante diplomática, pois na melhor das hipóteses significavam que o investimento não compensaria, e na pior das hipóteses implicavam que ela estaria desperdiçando o dinheiro dos pais, apenas vagabundeando na universidade.

Anabela naturalmente compreendia essa realidade, mas tendo já tomado sua decisão, não permitiria que nada a fizesse vacilar.

Quanto aos seus pais, eles provavelmente estariam mais que felizes se ela desaparecesse completamente de suas vistas, seguindo o princípio de "longe dos olhos, longe do coração"!

— Prefiro tomar minhas próprias decisões sobre minha vida — declarou ela, com determinação serena. — Por favor, professor, ajude-me com os arranjos necessários, e pode ter certeza de que não vou decepcioná-lo.

Professor Felipe suspirou profundamente, e diante da persistência inabalável de Anabela, ele só pôde acenar com a cabeça em concordância.

Contudo, ele apenas poderia providenciar a oportunidade para ela, pois o resultado final ainda era incerto e dependeria completamente dos próprios esforços de Anabela.

— Posso conversar com os professores do departamento de Medicina em seu nome — ofereceu ele, com cautela. — Mas não posso garantir que eles concordarão, então você deve se preparar psicologicamente para qualquer resultado.

Anabela ficou completamente satisfeita com aquela resposta, curvando a cabeça ligeiramente em direção ao professor Felipe.

— Muito obrigada antecipadamente, professor — agradeceu ela, com sinceridade. — Independentemente do resultado, enfrentarei tudo com serenidade.

O fato de professor Felipe estar disposto a ajudá-la já era uma demonstração considerável de respeito e consideração, e Anabela sentia-se genuinamente feliz com sua gentileza.

Após algumas cortesias adicionais, Anabela puxou Renata, que ainda estava completamente atônita, para fora do escritório do professor.

Renata, cujo cérebro havia entrado em pane total, foi trazida de volta à realidade quando Anabela a conduziu, mas ainda não conseguia acreditar no que havia presenciado.

Portanto, perguntou com incerteza evidente.

— Anabela, você não está falando sério, está? — questionou ela, com descrença.

Anabela deu de ombros, sorrindo com total descontração.

— Você viu tudo com seus próprios olhos, não foi? É exatamente o que parece — confirmou ela, com naturalidade.

Renata ergueu a mão e cutucou a testa de Anabela, depois beliscou seu próprio rosto para confirmar que tudo aquilo estava realmente acontecendo!

Mas como as palavras de Anabela podiam ser tão completamente inesperadas?

— Será que foi por causa do incidente em que você e Camila se machucaram ao mesmo tempo, e sua família está te dando problemas novamente? — indagou Renata, preocupada.

Pensando cuidadosamente, Renata só conseguia imaginar essa explicação, pois havia ouvido muitos rumores e fofocas sobre aquele acontecimento.

A imagem de "irmã malvada" parecia ter se enraizado profundamente na mente das pessoas, e independentemente de Anabela ter realmente feito algo ou não, todos automaticamente acreditavam que ela era a culpada.

Diante da especulação de Renata, Anabela nem confirmou nem negou.

— Não pense tanto nisso — desconversou ela, mudando de assunto. — É melhor você se concentrar em se preparar para a competição de oratória em inglês do mês que vem!

— Anabela, venha morar comigo! — sugeriu Renata, com entusiasmo. — Meu pai raramente está em casa, então é só eu, minha mãe e nossa empregada doméstica. Minha mãe gosta muito de você e sempre me pergunta quando você vai nos visitar.

Renata realmente não suportava mais o comportamento da família Ribeiro em relação a Anabela, nem a face hipócrita de Camila, que a incomodava profundamente só de pensar.

A família Ribeiro não demonstrava afeto por sua irmã biológica, mas tratava a irmã adotiva Camila como se fosse um tesouro precioso, e esse tratamento diferenciado seria doloroso para qualquer pessoa.

Até mesmo Renata, que era uma pessoa externa à situação, não conseguia mais tolerar aquela injustiça, quanto mais a própria vítima.

— Renata, agradeço muito sua bondade, mas tenho meus próprios planos — respondeu Anabela, com gratidão. — Pode ficar tranquila, já me mudei da casa da família Ribeiro e nunca mais vou aturar os maus tratos daquela gente.

A família Costa possuía recursos financeiros abundantes, então naturalmente não se importaria em acomodar mais uma pessoa.

Contudo, Anabela tinha suas próprias ideias e não queria mais viver dependendo da generosidade alheia.

Ouvindo as palavras de Anabela, Renata arregalou os olhos com choque, olhando para ela com incredulidade.

— O quê? Você se mudou da casa da família Ribeiro? Onde está morando agora? — perguntou ela, alarmada. — É melhor mesmo você vir morar na minha casa, temos muitos quartos e você pode escolher o que quiser.

Renata estava tão agitada que Anabela não pôde deixar de massagear as orelhas, sabendo que sua amiga estava genuinamente preocupada e que era a única pessoa que se importava sinceramente com ela.

Mas ainda assim...

— Se você ficar constrangida morando na minha casa, sempre que tiver tempo livre pode cozinhar coisas deliciosas para mim! — propôs Renata, como se adivinhasse as preocupações de Anabela. — Você sabe como eu adoro sua comida.

Como se tivesse detectado as hesitações de Anabela, Renata segurou seu braço e começou a fazer charme de forma adorável.

Diante do entusiasmo irresistível de Renata, Anabela não sabia se devia rir ou chorar, e estava prestes a responder quando ouviu alguém chamando-a por trás.

— Anabela, não vá embora ainda, preciso falar com você — disse a voz.

Ao reconhecer aquela voz, os olhos de Anabela se tornaram instantaneamente frios, e o sorriso desapareceu completamente de sua expressão.

Inicialmente, Anabela não tinha intenção de dar atenção àquela pessoa, mas lembrando-se de como Camila deliberadamente espalhava comentários maliciosos sobre ela na universidade, arruinando sua reputação, Anabela sentiu que se não fizesse algo a respeito, não faria jus ao título de "irmã malvada".

Virando-se para olhar, ela avistou Camila vestida de forma elegante e luxuosa, usando um vestido da última coleção da K2, carregando uma bolsa da Mini já esgotada no mercado, com cada item em seu corpo demonstrando refinamento e opulência.

Olhando para si mesma, vestida de forma simples, com roupas que todas juntas custavam apenas algumas dezenas de reais.

Anabela riu de si mesma com ironia.

— O que foi? A Srta. Camila acha que eu ainda não estou sofrendo o suficiente e quer me dar mais alguns chutes? — provocou ela, com sarcasmo cortante.

A verdadeira herdeira da família Ribeiro havia sido expulsa de casa, e no primeiro dia de volta às aulas encontrava a herdeira falsa por acaso.

Como um drama tão emocionante poderia não atrair espectadores curiosos?

Os estudantes ao redor rapidamente se reuniram, esticando o pescoço para observar a cena, claramente ansiosos para presenciar o espetáculo.

Antes mesmo de Camila abrir a boca, seus olhos já se encheram de lágrimas, assumindo uma postura pura e inocente enquanto se dirigia a Anabela.

— Anabela, vim aqui para persuadi-la a voltar para casa — declarou ela, com voz doce. — Fazer birra também tem seus limites, e uma garota vivendo sozinha lá fora é muito perigoso.

Ah, então ela estava apenas fazendo birra! As pessoas ao redor começaram a sussurrar entre si, apontando para Anabela com olhares de julgamento.

Renata não suportou mais aquela cena e tentou defender Anabela, mas foi impedida por ela mesma.

Aquela manipuladora era extremamente habilidosa, e a honesta Renata não seria páreo para Camila, acabando sendo a única prejudicada no final.

— Ora, se a Srta. Camila não tivesse mencionado, eu teria esquecido que aquele depósito apertado e entulhado de tranqueiras era supostamente minha casa — respondeu Anabela, com ironia venenosa.

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