CAPÍTULO 4
Caio.
Já faz algumas semanas que estou envolvido nesse novo caso, preciso dizer que é um dos casos mais complexos que me envolvi em todos esses anos que atuo como juiz nessa cidade.
O homem a qual irei julgar é um juiz muito bem sucedido, é um homem muito famoso por julgar vários casos de políticos envolvidos em escândalos, o único problema é que através de uma investigação profunda acabaram descobrindo o envolvimento do mesmo com políticos que o favoreceram em troca de favores, se que me entendem.
Eu realmente pensei muito antes de aceitar esse caso, porque pra mim não existe gente pior que político e homens envolvidos com a lei, polícias, delegados, promotores e até juízes são as pessoas mais corruptas e ruins que eu conheço e vivendo no meio dessa corja só eu sei o risco que estou correndo, mas essa é a vida que eu escolho, então o que resta é fazer o meu trabalho.
Fechei o livro que a sob minha mesa e tirei meu óculos, reencostei meu corpo no encosto da poltrona e fechei meus olhos dando um suspiro e esticando meu corpo, apesar de hoje ser dominado eu tirei o dia pra pesquisar um pouco sobre a vida do "acusado", eu sempre analiso ao máximo a vida das pessoas a qual eu julgo pra não cometer nenhum erro, meu maior medo é acabar fazendo alguma burrada e dar uma pena a qual a pessoa não merece, óbvio que no caso desse homem é bem difícil de errar.
Batidas na porta fizeram meus pensamentos se dispersar, mudei minha postura e encarei a porta com afinco.
- pode entrar.- respondi mantendo meu olhar sob a porta, a mesma foi aberta e Maria entrou por ela com uma bandeja nas mãos, a bandeja foi deixada na mesa e Maria se pos com uma posição ereta em minha frente.
Acenei com a cabeça.
- muito obrigado, eu já ia te pedir algo pra comer...- respondi sem me prolongar.
Maria deu um sorriso fraco, acenou com a cabeça e colocou as mãos pra trás.
- por nada senhor, caso precise de algo é só me chamar...- ela disse, deu as costas e saiu fechando a porta.
Comi a refeição que ela trouxe rapidamente e logo voltei ao meu trabalho, quero concluir boa parte do meu estudo ainda hoje.
Boa parte da minha manhã e tarde ficaram perdidas dentro daquele escrito, mas a boa notícia é que tudo que estava em minha planilha foi executado, então eu tenho o resto da tarde e a noite livres.
Me levantei da poltrona fechando os livros, pastas e desligando o computando, sai pela porta do escritório e fui direto para o meu quarto, tomei um banho frio, fiz minha higiene e me vesti com uma roupa menos casual e mais confortável.
Desci pelas escadas do casarão com a intenção de ir pra sala de filmes, mas quando vi minha agente falando de um jeito estranho ao telefone eu paralisei, ela parece estar completamente descontrolada, ela gesticula, anda de um lado para o outro e tem a voz alterada.
Segui pela sala passando pela porta principal e caminhei até ela, ela está de costas pra mim e bate o pé com raiva.
- agora, depois de anos e anos você decidiu lembrar que tem uma filha, é muito engraçado como o mundo gira, não é mesmo?!- ela diz totalmente alterada.
Me mantenha atrás dele inerte.
- é mãe, mas agora eu quero que se foda, não quero saber de você, daquele desgraçado que você me deu como pai e muito menos dessa merda de família!- ela afirmou entre dentes, ela virou ainda está com o telefone no ouvido, mas quando me viu ali ela arregalou os olhos e sua postura ficou tensa, ela desvio seu olhar do meu e suspirou - eu não tenho tempo pra falar, tchau!- ela falou rapidamente e afastou o telefone da orelha finalizando a chamada.
Sua postura foi mudada no mesmo segundo, ela fez aquela expressão superior de sempre, cruzou os braços e levantou uma sobrancelha.
- o senhor precisa de alguma coisas?- ela perguntou.
Neguei com a cabeça, mas me manteve ali de pé a encarando, ela deu as costas e eu pude ouvir ela xingando alguma coisa baixinho.
Desci o meu olhar sobre o seu corpo, eu nunca tive tesão em mulher fardada, mas essa farda cai perfeitamente em seu corpo, contorna todas suas curvas, realça seu bumbum e deixa sua cintura mais fina deixando o seu corpo ainda mais gostoso.
- vai ficar aí me encarando por acaso?!- ela disse mesmo sem me encarar.
Dou uma risadinha, cruzei meus braços e me manteve ali.
- eu só queria deixar claro que é inadmissível tratar a mãe dessa maneira...- disse mesmo sem ela ter pedido minha opinião.
Ela se virou no mesmo segundo com seus olhos pegando fogo, com seu rosto vermelho e bufando, foi a primeira vez na vida que senti medo de uma mulher.
- quem é você pra falar algo relacionado a minha família? você não me conhece e muito menos o ambiente que eu cresci, você é um riquinho metido a besta que cresceu em berço de ouro e não sabe o que é sofrimento, me faça o favor de nunca mais se meter em um assunto aonde não te cabe...- ela diz tudo de uma vez, mesmo distante eu pude sentir que ela estava pegando fogo, eu até pensei em retruca-la falando tudo que eu passei, mas decidi me calar pra não aumentar sua raiva.
Ela continuou ali me encarando com os olhos pegando fogo, mas depois de alguns momentos ela deu as costas e saiu pisando duro, eu fiquei parado com ódio daquela mulher, ninguém nunca me irritou tanto como esse ser metido a sabichão.
Entrei pra casa novamente, mas decidi não ficar preso ali, subi as escadas indo direto para o meu quarto, me troquei, aparei minha barba e passei o meu perfume de sempre, peguei as chaves do meu carro e minha carteira e desci as escadas novamente já mandando mensagem pra uma velha amiga.
Sai pela porta novamente e a avistei de pé em frente aos carros, o olhar dela está sobre mim e sinto que se ela pudesse com certeza me mataria com olhar, caminhei em sua direção.
- você me acompanhe.- disse passando por ela e entrando no carro.
Ouvi seus passos atrás de mim e segundos depois ela entrou no carro batendo a porta do mesmo, o caminho até o flat foi totalmente tenso, ela me encarava através do retrovisor interno a todo momento e eu não dei pra trás a segundo nenhum, parei o carro em frente ao prédio.
- pode me aguardar aqui, não irei demorar muito...- disse tirando o cinto de segurança, ela não disse uma palavra, apenas acenou com a cabeça.
Sai do carro e o porteiro liberou minha entrada assim que me viu, segui direto para o elevador apreensão o último andar, não demorou muito para o elevador parar e abrir as portas Monica já me aguardava na porta do seu apartamento com um sorriso no rosto.
- boa noite, quanto tempo você não me procurava.- ela diz com um sorriso malicioso caminhando em minha direção e parando em minha frente.
- muito trabalho e muitos problemas pessoais...- respondi dando um suspiro.
Ela deu um sorriso de lado e acenou com a cabeça.
- a gente poder conversar, tomar um vinho, o que você acha?!- ela disse levando sua mão até o meu peitoral, eu apenas confirmei com a cabeça.
No fim da noite fizemos muito mais que apenas tomar um vinho e bater papo, pra ser mais sincero nossa noite terminou em sua cama com nos dois nus, quando já estava dando umas dez horas da noite eu me despedi dela e desci na intenção de voltar pra casa, mas quando eu pisei na rua me surpreendi ao não ver meu carro ali, voltei pra porta do apartamento e parei ao lado do porteiro.
- o senhor viu o que houve com o carro que estava alí? É uma Land Rover evoque preta.- perguntei sem entender que merda estava acontecendo.
Ele levantou a cabeça desligando a música que tocava em seu rádio e me encarou com um sorriso largo.
- a moça que estava dentro do carro saiu cantando pneu, eu não sei pra onde ela pode ter ido não senhor...- ele respondeu com a maior tranquilidade.
Como essa....mulher conseguiu ligar o meu carro se as chaves estavam comigo? Por que essa louca fez isso? Eu vou matar esse filha da mãe, pior, eu vou acabar com a carreira dessa mulherzinha.
Tirei meu celular do bolso buscando a localização do meu carro, o localizador indicou um bairro no centro da cidade, até pensei em ligar para Douglas ou pra um segurança pessoal, mas decidi chamar um táxi.
Não demorou nada pra eu chegar no tal bairro, quando eu saí do táxi visualizei meu carro do outro lado da rua, corri até o mesmo, mas quando tentei abrir o mesmo estava trancado e o alarme ligado.
- posso ajudar, senhor?- um homem saiu do edifício em frente e me questionou.
Levantei o olhar o encarando e acenei com a cabeça confirmando.
- sim, você viu alguma mulher saindo desse carro?- perguntei.
Ele afirmou com a cabeça e deu um sorriso.
- sim senhor, é da moça que mora aqui no prédio, ela saiu desse carro a alguns minutos atrás...- ele diz.
Bufei sentindo tanta raiva que eu seria capaz de fazer uma loucura, suspirei tentando me mantér calmo e voltei encara-lo.
- você pode me informar aonde ela mora?- perguntei, ele afirmou no mesmo momento me passando o endereço dela e liberando minha entrada.
Subi as escadas daquele prédio e fui até o apartamento que o senhor me indicou.
Bati naquela porta com força umas dez vezes, não demorou muito pra mesma ter sido aberta, a cara de pau abriu a porta sem a menor cerimônia e com expressão serena.
- aonde você estava com a cabeça em me deixar sozinho naquele lugar e ainda por cima pegar o meu carro e sair por aí...- desabafai deixando minha raiva falar.
Quando eu achei que ela fosse gritar ou brigar ela simplesmente deu um sorrisinho irônico fazendo graça com minha cara.
- você está brincando com minha cara? Garota, você não sabe com quem está brincando...- disse entre dentes.
Ela revirou os olhos, deu os ombros e bufou.
- você acha o que? Eu não estudei anos e anos pra ficar sentada dentro de um carro esperando você foder com uma e outra por aí!- ela afirmou sem olhar em meus olhos.
Cerrei os olhos sem entender sua lógica, ela foi escalada pra me acompanhar em qualquer lugar, não importa o que eu estava fazendo.
- olha aqui garota, você está comprometendo minha vida e sua carreira com esse seu jeito explosivo e descontrolado.- disse irritado.
Ela se virou em minha direção olhando no fundo dos meus olhos e deu uma risadinha debochada.
- ahh, quer saber?! Eu não vou ficar aqui ouvindo esses desaforos...- ela disse e se virou tentando fechar a porta, mas eu fui mais rápido e empurrei a mesma entrando pelo apartamento.
O lugar é pequeno, simples e bastante desorganizado, parcere um quarto de um adolescente que vive sem regras.
- eu não te dei permissão pra entrar em minha casa...- ela diz entre dentes.
Dei um giro e a encarei, só aí eu fui reparar que ela estava apenas com um blusão que mal cobre suas pernas e com seus enormes cabelos soltos, ela fica sexy e gostosa de farda, mas desse jeito ela é capaz de deixar qualquer homem doído, eu tive que respirar fundo e me recompor pra não fazer uma besteira.
- tá olhando o que?- sua voz afastou aqueles pensamentos, ela está de braços cruzados e com uma cara amarrada.
Dei um passo a frente caminhando em sua direção tentando intimida-la, mas ela se manteve inerte com seu olhar sobre mim.
- como você conseguiu ligar o meu carro?- a questionei olhando em seus olhos, ela deu um sorriso de lado.
- fiz uma ligação direta...- ela respondeu com a maior tranquilidade.
Balanço a cabeça sem acreditar naquilo, essa mulher realmente é maluca!
- você não deveria ter feito isso!- afirmei entre dentes.
Ela da os ombros e acena com a cabeça.
- então nunca mais me leve pra te aguardar enquanto você fode com suas mulheres, eu não estudei pra isso.- ele disse com tanta raiva no olhar que se alguém olhasse de longe pensaria que ela está com ciúmes.
Dei um sorriso de lado e levantei uma sobrancelha.
- você deve estar com inveja, não é?! Você bem que gostaria de ter a sorte de passar uma noite comigo!- afirmei.
Ela deu uma gargalhada alta e longa como se eu tivesse dito uma piada, logo após ela deu um passou a frente se aproximando de mim, cruzou os braços e deu um sorrisinho irônico.
- sabe o que tenho dessas mulheres que saem com você?! Pena, eu não ficaria com você nem se você fosse o último homem da fasse da terra!- ela afirmou pausadamente enquanto olhava no fundo dos meus olhos.
Eu apenas fiquei a encarando sem dizer uma palavra, ela também manteve seu olhar preso ao meu sem se intimidar.
- eu juro que da próxima vez que você fizer esse tipo de gracinha, você está fora, não só do meu caso, como também da corporação!- afirmei.
Ela juntou as sobrancelhas, franziu a testa e cerrou os olhos.
- está duvidando?- perguntei dando um passo a frente.
Ela me encarou por alguns momentos se estivesse tentando ler o meu olhar, mas aquilo não durou muito tempo, ela deu um passo pra trás e acenou com a cabeça.
- me desculpe, o senhor está totalmente certo.- ela disse com tanta raiva que não convenceria nem uma criança.
Acenei com a cabeça, dei as costas e sai pela porta do apartamento.
Quando cheguei nas escadas eu levantei o olhar, lá está ela, ela está parada na porta e me encara com um certo afinco, não é um olhar de raiva ou o olhar irônico que ela costuma fazer, é um olhar totalmente diferente, mas eu soube desvenda-lo...
