Capítulo 7
— Enfim — continuou Louis —, Penny me rejeitou e partiu meu coração. Patrick continua insistindo que eu fui atrás dela, embora tenha sido uma noite e há dois anos, e nada aconteceu.
—E você pediu desculpas —intervim, defendendo Louis. Aquela noite não significou nada para mim nem para Louis. Ele estava bêbado como um barril e tentou se envolver com qualquer coisa que usasse saia. Depois que eu o rejeitei, ele se virou para Katie e tentou a mesma coisa.
A única diferença foi que funcionou com ela, não comigo. Dave ainda não sabia que eles se beijaram uma vez, quando Katie era relativamente nova no grupo.
Dave era extremamente protetor com Katie e comigo, a ponto de se tornar realmente irritante. Principalmente com ela, já que ela era solteira. Isso não o impedia de criticar Patrick sempre que podia, mas pelo menos eu tinha uma boa desculpa quando um cara tentava me paquerar.
Dave era como um cão de guarda sempre que saíamos. Ele estava sempre ao lado de Katie ou de mim para garantir que os homens não nos assediassem ou incomodassem, nem colocassem nada em nossas bebidas. Katie ficou furiosa várias vezes porque ele afugentava os rapazes e ela não fazia mais sexo com ninguém se ele estivesse por perto.
Nossa conversa foi interrompida pelo toque do celular, e suspirei ao tirar o telefone da bolsa e ver o nome de Carlo na tela. — Bom, preciso voltar ao trabalho — murmurei para o grupo enquanto me levantava do balcão e me dirigia a uma das mesinhas perto da janela enquanto atendia a ligação. — Alô? Sim. Carlo? Eu estou... Não, estou bem, pode me contar.
Franzi a testa ao abrir meu laptop e digitar minha senha antes de me conectar ao wi-fi, cuja senha eu já sabia de cor. —Liguei para o Mason e pedi os desenhos. Eu disse especificamente que precisava deles até às quatro. Vou ligar de novo, mas não hoje à noite... —Sim... —Não, já é tarde, então só vou deixar uma mensagem de voz. —Tudo bem, prefere que eu deixe uma mensagem de voz? —Tudo bem. Vou ligar para ele, sim. Sim. —Não, você está certo. Desculpe, tchau!
—Que droga! —resmunguei ao terminar a ligação e me concentrar no que quer que estivesse na tela do meu laptop. Suspirei mais uma vez enquanto meus ombros afundavam e terminei minha cerveja antes de acenar para Steve trazer outra.
Levantei a cabeça de repente quando Gabriel se sentou à minha mesa com uma pilha de pastas debaixo do braço. Ele me olhou timidamente: —Você se importa se eu me sentar com você? Eu também tenho trabalho para terminar.
Respirei fundo enquanto acenava lentamente com a cabeça, mantendo meus olhos fixos em seu rosto, em vez de em seu torso, que estava envolto pela camisa justa. — Sim, claro.
Olhar para o rosto dele não me tranquilizou muito, pois o verde dos seus olhos era tão penetrante que senti que ele podia olhar diretamente para a minha alma e ler a minha mente. Senti um leve formigamento nas pontas dos dedos quando ele se sentou perto de mim, batendo as pernas nas minhas debaixo da mesa antes de murmurar um pedido de desculpas.
Ele cheirava a colônia e protetor solar, e eu olhei para suas mãos enquanto ele tirava um lápis da mochila para corrigir algumas provas. Ele tinha dedos longos e ossudos e algumas tatuagens na mão. A cruz perto do polegar se destacava bastante, assim como os vários anéis de prata que ele usava nos dedos.
Patrick também usava.
Louis e Dave continuaram conversando perto do bar enquanto Gabriel e eu começamos a trabalhar em silêncio. Fiz algumas ligações e peguei meu tablet e meu caderno.
—Desculpe por ocupar tanto espaço — pedi desculpas a Gabriel enquanto tentava colocar meu laptop, tablet e caderno na pequena mesa, mas deixando espaço para ele e nossas bebidas.
Ele balançou a cabeça. —Tudo bem, não se preocupe. Parece que você tem muito trabalho a fazer.
Suspirei. —Sim, é a semana da moda na próxima semana, então as pessoas esquecem os horários de expediente. É muito estressante porque há muitas coisas para resolver de última hora, e meu trabalho é resolver tudo e colocar as pessoas certas no comando.
Gabriel parecia impressionado. —Semana da Moda, uau! Parece pesado.
—Sim —confirmei—. Fico em um hotel a semana toda e tenho que ir a várias reuniões e a todos os desfiles com Carlo. Mas conheço muitas pessoas legais e há jantares elegantes todas as noites. Além disso, posso usar roupas de grife, então não posso reclamar. —Sorri.
“Imagine, imagine!” Gabriel comentou com um aceno de cabeça: “Você tem que vestir a Vivienne?”
—Não —disse com um gesto—. Não sou tão importante a ponto de usar a última coleção dela. Nosso escritório tem um depósito com muitas roupas de coleções antigas de outros estilistas. Então, simplesmente selecionamos as roupas, lavamos a seco e devolvemos.
Sério? Que legal! Você acha que tem algo para mim lá?
Eu soltei uma gargalhada enquanto balançava a cabeça negativamente. — Não posso roubar do depósito, Gabriel.
Ele riu dissimuladamente: “Você acha que eles perceberiam?”
—Claro. Há uma pessoa que supervisiona tudo e é muito rigorosa com isso. Infelizmente, você tem que pagar o preço total se quiser ficar com alguma coisa. —Expliquei.
Nossa! Algumas peças de design valem um mês de salário.
—É verdade, é verdade. —Eu concordei e voltamos a ficar em silêncio enquanto continuávamos trabalhando.
Eu não conseguia me concentrar nos meus e-mails porque ficava olhando furtivamente para Gabriel.
“Quantos anos você tem?”, perguntei depois de alguns minutos, e Gabriel parou de escrever com a caneta enquanto corrigia uma prova. Algum aluno tinha se saído muito mal, porque vi muito vermelho.
“Tenho .” Gabriel respondeu enquanto se recostava na cadeira. “Quando é seu aniversário?” ele perguntou, continuando com as perguntas fáceis.
“Fevereiro.” Minha boca se curvou em um sorriso. “Um clichê, eu sei. Eu odeio isso.”
Ele jogou a cabeça para trás rindo e balançando a cabeça: “Não acredito em você.”
Arqueei as sobrancelhas e apertei os lábios para esconder meu sorriso. “Oh, você quer provas?” Procurei minha bolsa para pegar minha carteira e entregar minha identidade. “Aqui está, senhor. Não acredito em você.”
Gabriel tinha uma expressão divertida enquanto pegava minha identidade e a olhava fixamente. A foto em preto e branco estava desatualizada e me fazia parecer como se estivesse tirando uma foto policial, mas não foi isso que o divertiu. —Penélope Claire Warren?
—Oh, droga. — murmurei enquanto arrancava minha identidade da mão dele para escondê-la, como se ele ainda não a tivesse visto.
Seu rosto se abriu em um sorriso zombeteiro: — Seu nome completo é Penelope? —
Não. — Menti, negando claramente meu nome. Corri ao guardar a carteira na bolsa e me arrependi de ter mostrado minha data de nascimento.
—Já sei como vou te chamar daqui para frente. —Gabriel falou com ar de suficiência e eu gemi, encolhendo-me: —Por favor, não. Odeio esse nome. Ninguém me chama assim, exceto minha mãe.
Ele riu enquanto batia na cara: —Você só está me dando mais motivos, sabe disso, não é?
—Ah, qual é! —eu tentei—. De qualquer forma, todos me chamam de Penny! Penélope é tão longo e estranho.
Ele balançou a cabeça. — O mal já está feito, Penelope.
—Você gosta de torturar as pessoas, não é? —Suspirei de dor e Gabriel continuou sorrindo. —Só você. —
—Dick — murmurei baixinho, como se fosse uma piada, e Gabriel soltou uma breve risada diante do meu insulto.
—Mas você estava certa, seu aniversário é em 10 de fevereiro. —Ele mudou de assunto novamente e eu concordei. —Eu sempre digo a verdade, sou um mentiroso de merda. —
- Vou levar isso em consideração. - Gabriel brincou: - Então, nos últimos oito anos, você e Patrick têm comemorado seu aniversário e o Dia dos Namorados ao mesmo tempo? -
Não comemoramos mais o Dia dos Namorados. Entre tantas outras festividades, ele é rapidamente esquecido.
- Hmm, posso imaginar. - Gabriel concordou: - Então... Aquário? -
—Sim. E você? —respondi.
- 1º de fevereiro, então eu também. -
Meus olhos brilharam enquanto eu sorria: —Nós somos um casal de sorte, não é? Você não adora fevereiro?
- Na verdade, não. - Gabriel balançou a cabeça e eu soltei uma gargalhada. —Eu sei, eu odeio. Faz tanto frio e é tão triste. Não é mais Natal nem primavera.
- Tudo bem? - Gabriel interveio e rimos um pouco mais. Gostei muito da companhia dele. Senti que o conhecia há muito mais do que alguns dias e conversava com ele como com qualquer outro amigo.
