Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 8

Voltamos ao trabalho por um tempo. Eu atendi mais algumas ligações e Gabriel quase acabou com sua caneta vermelha de tantas correções. Ele murmurava palavrões baixinho sobre algumas coisas que lia e, às vezes, me mostrava algo que um aluno havia escrito e ríamos juntos.

— Alguém chamada Mila está saturando seu telefone — eu disse, ao ver a tela iluminada do celular de Gabriel, que estava ao meu lado, à minha frente. Rapidamente, deslizei-o sobre a mesa, e Gabriel arregalou os olhos ao rejeitar a chamada.

—Você não disse à sua namorada onde estava? —brinquei, ao mesmo tempo em que queria saber se Gabriel era solteiro. Ele balançou a cabeça negativamente. —Minha ex-namorada. Ela não me deixa em paz, talvez eu devesse bloqueá-la.

— Hmm, a clássica ex-namorada chata, decisão difícil. — Refleti e ele inclinou a cabeça para o lado. — Você tem experiência com ex-namoradas chatas? —

Sorri maliciosamente: — Não, não tenho ex. —

—Que sorte a sua. Elas são um saco. —Ele suspirou enquanto olhava para a tela preta do celular, pensando na ligação que acabara de rejeitar.

- Posso perguntar por que vocês dois terminaram? - Minha curiosidade falou mais alto e não pude evitar indagar sobre o passado de Gabriel.

—Sim. Não sei, na verdade. Simplesmente não deu certo, não havia muitos sentimentos. Nunca foi algo tão sério para mim. Na verdade, não a considero uma ex, era apenas alguém com quem eu dormia às vezes. —Ele explicou e eu arqueei as sobrancelhas—. Sério?

—Sim, só casual. —Ele deu de ombros como se fosse a coisa mais normal do mundo, o que eu supus que para alguns fosse mesmo. O mundo dos encontros casuais era completamente desconhecido para mim, mas ao mesmo tempo fascinante. Mordi a língua antes de fazer muitas perguntas pessoais sobre o assunto.

Olhei para ele por um momento, absorta em meus pensamentos, antes que Gabriel limpasse a garganta e desviasse o olhar rapidamente. Ele pegou sua carteira um minuto depois. —Vou pegar outra cerveja, você quer alguma coisa?

Fiquei olhando para o copo meio vazio à minha frente e franzi os lábios. —Um café seria bom? Não consigo continuar trabalhando se estiver bêbado.

—Bem, agora vou buscar uma cerveja e um café. —Ele falou enquanto se dirigia ao balcão. Estendi a mão para acariciá-lo por cima da mesa. —Obrigada, Gabriel.

Seus olhos se arregalaram ao olhar para minha mão. Retirei-a enquanto continuava trabalhando, e Gabriel permaneceu sentado. Franzi a testa: —O que foi?

Ele inspirou profundamente e apertou os lábios, balançando a cabeça. —Nada. Vou terminar este exame e depois vou buscar as bebidas.

—Tudo bem. —Acenei com um sorriso, sem entender por que ele não estava indo embora. Ele se mexeu na cadeira, inquieto, olhando para o jornal sobre a mesa. Levantou-se um momento depois e pediu nossas bebidas no balcão, bem quando vi Patrick me chamando.

Deixei escapar um suspiro enquanto atendia a chamada: —Olá.

O que você está fazendo? Está muito barulhento aí.

Olhei ao meu redor. —Continuo trabalhando, mas estou no bar. Tive que pegar Dave e Gabriel na escola.

—Gabriel? Aquele cara de sexta-feira? Por que ele não dirigiu sozinho? Ele perguntou confuso e eu esfreguei a testa: —Nenhum dos dois tinha carro. —

Ele ficou em silêncio por um minuto antes de suspirar: —Tudo bem, então. Você não é taxista, certo?

Revirei os olhos, confusa, sem entender por que ele estava tão irritado com essa bobagem. —Eu sei, foi algo que fiz por um amigo. Eles fariam o mesmo por mim.

—Não importa. A que horas nos vemos esta noite? Tenho uma reserva para jantar há algum tempo, lembra-se?

Fechei os olhos e balancei a cabeça negativamente. —Desculpe, ainda estou trabalhando e tenho muito o que fazer. Com a semana da moda chegando... Você sabe que esta é a época mais movimentada do ano para mim.

Olhei para Gabriel enquanto ele colocava o café na minha frente e dei um sorriso de agradecimento, enquanto Patrick soltava um suspiro profundo. —Tudo bem.

Eu podia ouvir a decepção em sua voz que tanto temia. —Desculpe —repiti—. Você não pode mudar a reserva para a próxima semana? Podemos ir em outra ocasião.

Mas Patrick não aceitou: “Não, melhor deixarmos para lá. Se você não quer ir, não vamos.”

“Eu quero ir.” Tentei argumentar, e Patrick bufou. “Talvez você pudesse ir com seu novo amigo?”

Lancei um breve olhar para Gabriel enquanto Patrick falava dele e senti seus olhos sobre mim quando ele percebeu claramente que eu estava discutindo ao telefone. — Não, não quero ir com mais ninguém, por que diria isso? — Tentei manter minha voz suave e gentil enquanto persuadia Patrick, que ficava mais irritado a cada segundo que passava.

Eu vi como você olhou para ele na sexta-feira. Caramba, eu disse para ele ficar longe de você.

Abri bem os olhos e franzi a testa. — O que você fez? Por que você fez isso? E eu não estava olhando para uma determinada direção! Não diga isso.

- Não me diga o que dizer! -

Apertei a ponte do nariz. —Desculpe. Estou estressado e tenho que continuar trabalhando.

— Jesus. — Patrick murmurou: — Se você não quer passar tempo comigo, basta dizer. —

— Pat, você está distorcendo minhas palavras — suspirei. — Eu nunca disse isso. Só estou ocupado. — Odiava o jeito como ele falava, como se nunca tivesse me ignorado por causa do trabalho.

Onde você está? E com quem você está?

Revirei os olhos diante de sua evidente falta de confiança. —Estou na casa do Steve. —Meus olhos se voltaram para Gabriel enquanto eu lambia os lábios. —Sozinha. —

Gabriel franziu a testa diante da minha mentira óbvia, mas evitei seu olhar e mordi o lábio enquanto Patrick levava um segundo. —Tudo bem. Divirta-se trabalhando, então.

— Pat, eu estou... — Franzi a testa quando ele terminou a ligação e fiquei olhando para a tela do meu celular com descrença, pois era apenas minha tela inicial: Patrick me olhava sorridente do dispositivo. Ultimamente era raro vê-lo assim.

Soprei baixinho enquanto largava o telefone e batia no rosto, sem acreditar que tinha que lidar com isso além de tudo o mais.

Patrick sempre teve problemas de confiança, quem sabe por quê. Nunca lhe dei um motivo para desconfiar de mim, nunca o enganei nem escrevi para outro garoto com a intenção de flertar. Eu nem sabia flertar.

Odiava que ele tivesse um grupo de amigos composto principalmente por homens, mas todos aqueles caras eram como meus irmãos. Louis flertava às vezes só para irritar Patrick, mas nunca significava nada. Patrick nunca achava graça e se tornava superprotetor comigo, mas de uma maneira diferente da de Dave.

Ele simplesmente não queria que eu falasse com outro garoto, mesmo que não significasse nada. Observei Gabriel com atenção, me perguntando se ele algum dia me diria que Patrick pediu para ele se afastar de mim.

— Tudo bem? — Gabriel me perguntou com cautela quando fiquei em silêncio após a ligação. Forcei um pequeno sorriso e acenei com a cabeça. — Mmm.

Ele assentiu para si mesmo e tomou um gole de sua cerveja enquanto eu respirava. —Patrick pediu para você ficar longe de mim? —

Gabriel ergueu a cabeça bruscamente enquanto me olhava, recostando-se lentamente na cadeira e exalando. —Sim. Ele fez isso na sexta-feira. Quando você estava lá em cima se trocando, ele me disse para deixar você em paz e ignorar você.

—Que droga —murmurei enquanto passava a mão pelo cabelo—. Sinto muito. Não faço ideia do que está acontecendo com ele. Não acredito que ele falou assim com você, sinto muito —repiti, e Gabriel balançou a cabeça—. Não precisa se desculpar. Acho que ele se sente intimidado porque você sai com tantos caras. Eu disse a ele que não estava interessada em você, mas ele não pareceu acreditar em mim.

—Meu Deus —disse Gení, dando um tapinha no meu rosto—. É por isso que você ficou tão distante a noite toda?

Ele arqueou uma sobrancelha. —Você percebeu? Sim, eu percebi. Ele me olhava como se estivesse me matando com o olhar sempre que estava perto de você. Mas não se preocupe, eu não levo essas coisas a sério. Mal nos conhecemos.

—É verdade. —Suspirei, sentindo-me derrotada porque Patrick agia pelas minhas costas tentando fazer com que as pessoas me ignorassem. Achei um pouco estranho que Gabriel estivesse tão distante depois de algumas conversas agradáveis. Isso definitivamente me deixava insegura, como se eu tivesse feito algo errado, e tudo fosse culpa de Patrick.

Terminei meu café de um gole só e me levantei. —Preciso de uma bebida mais forte.

Penélope.

— Você acha que eu deveria usar este vestido na segunda noite? — Levantei o vestido preto da Jacquemus para Katie e ela o examinou cuidadosamente enquanto se sentava com as pernas cruzadas sobre a colcha floral.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.