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Capitulo 4

Pierre ficou paralisado, sua mente em turbulência, seus pensamentos colidindo entre si em uma cacofonia sem sentido. As palavras de Claude ainda ecoavam em sua cabeça, como um sino tocando sem parar. Casado com meu primo? Seu olhar se voltou instintivamente para sua mãe, procurando desesperadamente por um vislumbre de compreensão, um sinal de que ele ainda poderia compreender alguma verdade oculta, mas o rosto dela estava fechado, impassível.

“Não é possível”, ele finalmente sussurrou, sua voz revelando sua confusão. “Ele… ele é… um homem. Meu primo também é um homem. O que você está me dizendo?”

Claude permaneceu calmo, sem nem mesmo esboçar um sorriso, como se o que ele estivesse dizendo fosse a coisa mais normal do mundo. “Sim, Pierre. Você é casada com um homem. E seu primo é com quem você vai viver de agora em diante.”

Pierre balançou a cabeça, com o coração batendo forte. Ele se levantou abruptamente da mesa, incapaz de suportar mais ficar ali, trancado naquela sala sufocante onde as paredes pareciam estar se fechando ao seu redor. Ele caminhou até a janela, com a visão embaçada pelas lágrimas que ameaçavam escorrer de seus cílios. Casado… A palavra girava em sua cabeça como veneno, um veneno doce e gelado que invadia sua mente.

“Eu... eu estou perdido”, ele disse, com a voz embargada, sem nenhuma certeza em suas palavras. “Que história é essa?”

Claude suspirou suavemente e se levantou da mesa. Ele caminhou lentamente em direção a Pierre, seu olhar era gelado e frio, sua expressão distante, como se estivesse simplesmente explicando algo óbvio. “Esta é a realidade, Pierre. Aceite-a. Você não tem escolha.”

Peter se virou para ele, com os olhos nublados de confusão. Ele estava preso em um turbilhão de emoções, e cada palavra do padrasto só aumentava a angústia que sentia. Ele foi pego em uma situação que nunca pediu, em um mundo que ele não entendia.

“Você está me pedindo para aceitar isso…?” Pierre caiu no sofá, como se suas pernas não o sustentassem mais. “Meu primo… ele sempre esteve lá. Nós nos conhecíamos quando crianças, compartilhávamos momentos… mas agora você está me dizendo que sou casada com ele, que vou morar com ele… Como você pode me dizer isso? Eu estou… eu estou perdida. Você está me contando histórias.”

Claude deu de ombros, impassível. “Está na hora de você tomar seu lugar, Pierre. Este casamento… é para sua segurança, para seu futuro. Não há mais nada a discutir. É assim que as coisas são.”

Pedro olhou para baixo, tentando acalmar a agitação em seu peito, mas nada parecia ser capaz de aliviar o tormento que o sufocava. “Mas… por que eu? Por que esse casamento?”

Sua mãe, que até então estava em silêncio, finalmente se levantou e se aproximou dele. “É pela honra da família, Pierre”, ela disse, com a voz suave, mas firme. “Não há espaço para dúvidas nesta decisão. Você não precisa entender isso agora. Um dia você verá que é para o seu próprio bem.”

Mas Pedro não conseguia aceitar isso. “Não… Não, você não pode me dizer que isso é para o meu próprio bem. Não está certo… Eu nunca quis isso. Eu nem sei se serei capaz de viver com ele… E se for isso que ele tem esperado a vida toda? Que você me ofereça em uma bandeja como um objeto?” A voz dela ficou embargada por um momento, mas ele a forçou a continuar. “Eu estou… eu estou perdido. Eu sou um peão no seu jogo, uma escolha que você fez por mim sem nem mesmo pedir minha opinião.”

O silêncio caiu no quarto, pesado e opressivo, e Pierre se viu olhando pela janela novamente, seu olhar perdido na escuridão da noite que gradualmente se instalava lá fora. Ele se sentia preso, preso em suas próprias escolhas e nas decisões dos outros.

Claude, visivelmente irritado, levantou-se lentamente. “Você vai entender eventualmente, Pierre. É hora de parar de resistir. Aceite essa situação e verá que não será tão ruim. Seu primo está esperando por você. Ele fez sacrifícios por você. Faça o mesmo.” Ele se virou, não prestando mais atenção em Pierre, que continuava ali, tremendo, perdido na confusão daquela realidade que lhe escapava.

Pierre permaneceu sozinho, com o olhar fixo na escuridão do quarto. Ele estava abatido. Casada com um homem… Ele não sabia mais o que pensar. Tudo parecia tão irreal. Imagens da França, de seus amigos, de sua vida antes de tudo isso giravam em sua cabeça. Ele teria dado qualquer coisa para voltar àquela época, quando nunca teve que enfrentar aquela monstruosidade.

De repente, ele teve um pensamento, um pensamento fugaz, mas que de repente se impôs: E se eu não conseguisse escapar dessa realidade? E se já for tarde demais para tudo isso?

O futuro que ele esperava, os sonhos que ele havia deixado para trás, pareciam estar se afastando cada vez mais, engolidos pela onda devastadora do que ele acabara de descobrir. Tudo o que ele queria agora era fugir. Fuja deste lugar, fuja desta situação. Mas, no fundo, ele sabia que não era tão simples assim.

Pedro levantou-se silenciosamente, com o coração pesado como uma pedra. Ele nem teve forças para responder aos pais, para tentar entender o que tinha acabado de acontecer. Tudo o que ele queria era escapar, não ouvir mais as vozes deles, não encarar mais essa realidade que o estava esmagando. Ele se virou, afastando-se da mesa e da conversa que estava tocando repetidamente em sua cabeça.

Sem dizer uma palavra, ele caminhou em direção ao seu quarto, seu corpo pesado e exausto, como se um fardo invisível o esmagasse a cada passo. A porta se fechou com um clique suave, e ele desabou na cama, sem nem mesmo parar para se trocar. Tudo parecia embaçado, como um pesadelo do qual ele não conseguia acordar.

Ele não queria comer, não queria responder. Ele só queria ficar sozinho, no silêncio daquele quarto, longe de tudo, longe daquela família que o havia prendido em um jogo cujas regras ele desconhecia.

Um leve som de passos foi ouvido atrás dele. Ele nem precisou se virar para saber quem era. Sua irmã, silenciosamente, aproximou-se, como uma sombra discreta, e sentou-se gentilmente ao lado dele, sem dizer uma palavra. Peter sentiu o calor da presença dela, reconfortante, como um bálsamo para sua alma atormentada.

“Você quer falar sobre isso?” ela perguntou finalmente, sua voz suave, quase tímida, como se não ousasse quebrar o silêncio que havia caído entre eles.

Peter fechou os olhos, uma onda de dor inundando seu coração. Ele virou a cabeça lentamente em direção a ela, e em seus olhos brilhou uma compreensão que ele não tinha com os outros. “Como… como isso aconteceu?” ele perguntou, com a voz embargada. “Por que eu? Por que eu tenho que viver essa vida, essa vida que eu nunca escolhi?”

Ela não respondeu imediatamente. Ela ficou ali, em silêncio, com os olhos baixos, como se ela também estivesse se perguntando como ele pôde ter acabado em tal situação. Então, finalmente, ela colocou a mão sobre a dele, um gesto simples, mas cheio de conforto.

“Eu não sei, Pierre,” ela sussurrou, “mas eu estou aqui. Eu não sei por que tudo isso está acontecendo, mas você não está sozinho nisso. Eu estou com você. Sempre.”

Peter olhou para ela com os olhos cheios de gratidão, mas também de dor. Ele não tinha respostas, e ninguém mais tinha. Palavras não conseguiam apagar o que ele sentia, mas ter sua irmã ao seu lado lhe trazia algum alívio. Um pouco de calor neste mundo que parecia ter se tornado tão frio.

“Obrigado”, ele disse simplesmente, com a voz rouca, mas cheia de sinceridade. “Obrigado por não me deixar sozinho.

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