Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 3 - Promessa

Edan voltou ao seu assento, ele mesmo não conseguia explicar o que tinha acabado de acontecer, estava perplexo com sua própria ação. Ele nunca teria se aproximado de uma desconhecida para lhe oferecer algo, mesmo que fosse uma xícara de café sem importância.

Um minuto depois, a mãe de Edan, Angelica, chegou, voltando do quarto do pai de Edan, Erick. O médico havia permitido que ela o visse, pois ele já havia acordado e estava pedindo para falar com seus parentes.

Angélica, soluçando, correu até o filho, fazendo um pedido simples.

- Edan, seu pai quer vê-lo. - Edan deu um passo em direção ao quarto, mas Angélica o impediu. - Por favor, não diga nada a ele que possa perturbá-lo. O médico me disse que ele está em um estado muito delicado e que lhe resta muito pouco tempo.

Edan sentiu um arrepio no corpo, as palavras de sua mãe o machucaram como se ele tivesse levado uma forte pancada no estômago. Então Edan correu para o quarto de seu pai.

- Papai! - Ele o chamou, assim que entrou e o viu acordado.

- Filho, como você está?

- Como pode me perguntar isso? Preocupado, é melhor me dizer, como está se sentindo? - Ele caminhou em direção à maca.

- Acalme-se, filho. Não precisa se preocupar comigo, eu já lhe disse muitas vezes, tudo que tem um começo, tem um fim. - Ele murmurou, Erick, sereno. Enquanto Edan engolia em seco, tentando diminuir o nó em sua garganta.

Embora Edan fosse um homem frio e arrogante, ele tinha um ponto fraco: seu pai.

O pai de Edan, Erick, tinha uma personalidade muito diferente da de seu filho, era um homem gentil e indulgente, mas isso não era um obstáculo para que ambos tivessem um relacionamento muito diplomático.

Apesar do trabalho árduo envolvido na construção de uma grande empresa de investimentos, Erick sempre esteve presente na educação dos filhos e ensinou a Edan tudo o que sabia sobre negócios, tornando-o um gênio dos negócios.

- Não vamos falar sobre isso, pai, temos que ser positivos... Assim que eu puder, vou tirá-lo desse... lugar. - Ele queria chamá-lo de chiqueiro, mas se conteve porque sabia que isso deixaria seu pai chateado. - E vou levá-lo para a melhor clínica...

- Não importa, filho.

- Como assim, não importa?

- Me escuta, tem uma coisa que eu quero falar com você..." Edan detalhou, sério, o pai falava devagar, em um sussurro, parecia machucá-lo, parecia sofrer.

- Por que não descansa, pai, eu falo com você depois.

- Não, é importante. - Erick insistiu, tentando pegar a mão do filho. Edan lhe deu toda a sua atenção. - Filho, meu desejo, antes que eu vá embora... Você é muito bom no seu trabalho, mas precisa entender a importância de ter uma família...

- Eu tenho você e você é importante para mim...

- De sua própria família... - acrescentou Erick, interrompendo Edan. - Eu gostaria... Gostaria de ter visto você casado, assim como seus irmãos, mas... Aparentemente, isso não será possível... E esse é o meu único arrependimento... Não poder ver meu filho mais velho casado..." Erick fez uma pausa para respirar, ele parecia se cansar enquanto falava, Edan sentiu uma dor na garganta, enquanto tentava conter as lágrimas. - Mas prometa-me... Prometa-me... Prometa-me... Que você encontrará uma boa moça, fará dela sua noiva e se casará.

- Eu vou..." Ele engoliu em seco. - Eu prometo, papai.

- Obrigado, filho. Sinto muito não poder estar presente nesse dia... No dia do seu casamento... Esse será meu único arrependimento, mas sua promessa me faz sentir melhor... - Erick exalou a respiração, cansado, fechando os olhos lentamente.

- Não, papai. - Edan pensou no pior. - Se é o seu desejo, eu o realizarei... - Lágrimas se acumularam em seus olhos. - Vou realizá-lo agora mesmo.

- O que você acha, filho? - Erick abriu os olhos novamente, virando-se fracamente para Edan.

- Sim, pai... Você sabe que eu já tenho uma namorada, não sabe? - Edan tentou animá-lo. - Vou trazê-la para cá e vamos nos casar aqui mesmo.

- Você não está falando da Vivian, está? - Erick franziu a testa.

Edan havia se esquecido desse detalhe, em seu momento de angústia, não pensou nisso, em seu pai, não em sua noiva. Não havia nenhum momento em que Erick aconselharia Edan sobre seu relacionamento com Vivian, ele acreditava que aquela mulher trazia à tona o pior de seu filho.

Edan engoliu com força, tentando encontrar uma resposta, já que não podia aborrecer o pai.

- Não, pai, claro que não. Eu não lhe disse? Há algum tempo, comecei a sair com outra garota.

- Ah! Que legal... Eu teria adorado conhecê-la. - Ele murmurou com um leve sorriso.

- Claro, eu a levarei imediatamente e prometo que realizarei seu desejo.

Erick adormeceu com uma expressão cheia de satisfação, o que aliviou Edan, mas agora, o que ele poderia fazer? Por que ele disse tudo isso?

A resposta era muito fácil, Edan não suportava ver o remorso e a tristeza na expressão de seu pai, muito menos quando ele estava morrendo, e era pior, se esse sofrimento fosse causado por ele.

Ele tinha que encontrar uma maneira de cumprir sua promessa ao pai, agora mesmo.

*

Alma viu o homem bonito que lhe dera o café sentar-se em um banco um pouco distante e uma mulher madura, que poderia ser a mãe dela, aproximar-se dele, depois o viu entrar correndo em uma sala.

Ela se sentiu mal, sentiu-se culpada por ter jogado fora o café, aparentemente o homem era apenas mais um parente esperando notícias de um paciente e tentando ser gentil com ela. A culpa fez um buraco em seu estômago, ou seria fome?

Já fazia algumas horas, era noite e Alma estava com muita fome. Ela não queria se levantar de onde estava, caso lhe dessem alguma notícia sobre sua mãe, mas seu estômago estava roncando e ela não tinha comido nada o dia todo.

Alma sempre aproveitava para comer no restaurante onde trabalhava e não tinha muito dinheiro, mas teria que sacrificar alguns centavos, mesmo que fosse para um lanche, porque já estava esperando há muitas horas e sua fome estava piorando.

Agora ela realmente se arrependia de ter jogado fora aquele café. Alma suspirou cansada e decidiu que era hora de fazer um lanche, então desceu as escadas e foi até a cafeteria do hospital.

Quando chegou, ficou surpresa ao ver o homem bonito que havia lhe dado o café algumas horas antes. Ele estava sentado sozinho em uma das mesas, olhando fixamente. Ele parecia bastante chateado e ela sentiu pena dele.

Alma vasculhou os bolsos, verificou a mochila, não tinha muito dinheiro e não podia gastar muito, pois não sabia se precisaria dele para a mãe ou para algo que pediriam no hospital.

Então, finalmente, decidiu consumir algo barato, então foi direto para a máquina de venda automática de café, para que também pudesse retribuir o favor.

Com o pouco dinheiro que tinha, ela comprou dois cafés e foi direto para a mesa onde o homem bonito estava sentado.

- Olá", Alma chamou a atenção de Edan com cautela. Ele olhou para cima, mas não a respondeu. - Posso me sentar? - Ela insistiu, e ele deu de ombros.

Alma se sentou em frente a ele e trouxe o café para ele na mesa.

- Obrigada pelo café. - Ela murmurou um pouco envergonhada, corando, pois agora que estava observando o cara em detalhes, estava muito impressionada com o quanto ele era atraente. - Eu o vi quando entrei na cafeteria e pensei que talvez você precisasse de um café.

A jovem continuou falando e, embora Edan não estivesse muito interessado no que ela estava dizendo, ele decidiu tomar o café para ver se ela se calava e ia embora, porque precisava pensar, tinha muito pouco tempo e precisava encontrar uma solução rápida para seu problema.

- Obrigado. - murmurou Edan, recebendo o café.

- Como você está? - Alma estendeu a mão para ele. - Ela me chamou de Alma.

- Edan. - Ele respondeu, um pouco relutante, porque ela ainda não havia terminado.

Alma continuou a falar sobre o hospital e outras bobagens que não interessavam a Edan.

Ele estava concentrado em outra coisa.

Ele tinha que realizar seu último desejo para o pai antes que ele morresse, tinha que se casar na frente dele, para vê-lo feliz e satisfeito pela última vez, mas não podia se casar com a namorada, então com quem poderia se casar?

Ele não podia contar a nenhum dos amigos dela porque os pais dela os conheciam. E um amigo de Vivian? Impossível, conhecendo-a, ela o mataria antes que ele pudesse lhe pedir.

A única solução teria de ser um estranho, talvez uma dessas mulheres que cobram por seus serviços? Edan poderia lhe pagar muito bem por esse tipo de trabalho, ela nem precisaria se casar, poderia apenas fingir que era casada e fazer um contrato que duraria alguns dias enquanto seu pai estivesse vivo.

Essa era uma boa ideia, no entanto, ao imaginar todo o cenário, Edan sentiu que não daria certo, pois conhecendo sua mãe, ele descobriria que tipo de mulher ela era em um instante.

Edan passou a mão na cabeça em sinal de frustração, por que ele não conseguia encontrar uma solução, por que ele conseguia encontrar milhares de respostas para todos os problemas no trabalho e não para esse?

Edan ouviu o murmúrio distante de uma voz feminina que não parava de falar e olhou para cima. A jovem que havia se apresentado há alguns minutos e que acabara de lhe oferecer uma xícara de café ainda estava lá, por quê?

Foi então que ele teve uma ideia maravilhosa.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.