Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 2 - Um café

Alma chegou ao terceiro andar, exatamente como a enfermeira da recepção havia explicado, perguntando por todo o corredor por sua mãe, Luz Rivas, mas ninguém sabia como respondê-la, o que aumentou seu desespero.

Ela continuou andando, procurando alguém que pudesse ajudá-la, as lágrimas que se acumulavam em seus olhos dificultavam sua visão e, no momento em que as enxugava, esbarrou em um corpo forte.

A pessoa com quem ela havia esbarrado deixou cair uma pasta com o impacto e, sem olhar para cima, em desespero, Alma se abaixou para pegar a bagunça de papéis enquanto pedia desculpas.

Mãos quentes seguraram as suas com delicadeza. Foi nesse momento que ela percebeu que suas mãos estavam tremendo e olhou para cima para ver quem a segurava.

- Ei, você está bem? - Um homem bonito em um roupão branco olhou para ela com um pouco de compaixão.

- Ei... eu... eu sinto muito... eu..." Ela começou a balbuciar, tentando controlar o choro.

- Está tudo bem, tente respirar. - O homem se agachou na frente dela, falando com ela calmamente, tentando tranquilizá-la. Alma o obedeceu, tentou respirar fundo e expirar com calma. Quando o homem a viu mais calma, continuou. - Qual é o seu nome? Por que está aqui?

- Meu nome... É Alma... Eu... Estou procurando minha mãe. - Ela soltou um suspiro, com a voz ainda trêmula.

- Qual é o nome de sua mãe? - insistiu o homem, genuinamente interessado em ajudar essa jovem.

- Luz... Luz Rivas. - Alma respondeu, sentindo as lágrimas brotarem em seus olhos novamente.

- Muito bem, Alma. - O homem começou, ajudando a menina a se levantar, pegando a pasta com os papéis já recolhidos de suas mãos. - Meu nome é Mateo, prazer em conhecê-la. - Ele apertou a mão dela com firmeza. - Sou o médico que está tratando sua mãe.

- Ah, doutor. - Alma ficou surpresa e ao mesmo tempo aliviada, pois finalmente havia encontrado alguém que poderia ajudá-la. - Onde está minha mãe? O que aconteceu com ela? Como ela está? - Desesperada, ela começou a desabafar sobre as perguntas que estavam presas em sua garganta há muito tempo.

- Calma, eu só vim ver como ela está, agora ela está estável e sob observação.

- Ah, que alívio. Mas doutor, o que aconteceu com ela? Não entendo, eu não a vi hoje de manhã porque ela foi trabalhar muito cedo, mas ontem à noite eu a vi e ela estava bem.

- Bem. - O médico passou uma das mãos pelo ombro de Alma, empurrando-a levemente em direção a alguns bancos na parede do corredor, para que ela pudesse se sentar, e se sentou ao lado dela. - Fiquei sabendo que ela estava trabalhando quando sentiu uma forte dor de cabeça, pareceu ficar desorientada e desmaiou, um colega de trabalho a trouxe, mas ela teve de sair para continuar trabalhando.

- O que isso significa? O que ela tem? Pode ser cansaço do trabalho, não pode?

- Sinto muito em dizer que não, Alma. Recebi recentemente os resultados dos exames de sua mãe e tudo indica que ela sofreu de insuficiência hepática aguda.

- O quê? O que isso significa? Mas se ela é uma mulher saudável, nunca sofreu de nada parecido antes, deve ser um engano.

- Sinto lhe dizer que, embora esses casos sejam raros, eles podem acontecer, uma pessoa saudável pode sofrer de doença hepática devido a diferentes causas. Diga-me uma coisa, você não notou nenhum sinal, nenhum comportamento incomum em sua mãe?

- Bem, então. - Ela pensou com cuidado, a verdade é que ela não estava muito atenta à mãe ultimamente, mal tinha tempo para ver seu rosto. Luz saía muito cedo para o trabalho e Alma chegava muito tarde do trabalho, seus horários não combinavam muito bem. - Desde que começou a trabalhar, ela vinha me dizendo que sua cabeça estava doendo muito, que talvez precisasse de óculos porque provavelmente era sua visão, ela sentia que não conseguia se concentrar bem.

- Mmm... E ela chegou a consultar um médico por causa disso?

- Não, acho que não... Eu estava apenas tomando analgésicos.

- Mmmm, eu entendo. Acho que descobrimos a causa de sua doença. - O médico assentiu com a cabeça, pensativo.

- O quê? - perguntou Alma, surpresa.

- Uma das principais causas desse tipo de insuficiência é o excesso de analgésicos.

- Oh, não pode ser. - Mais uma vez, os olhos de Alma se encheram de lágrimas, Mateo sentiu pena da garota e colocou a mão em seus ombros como forma de confortá-la. - O que podemos fazer, doutor? O que vai acontecer com minha mãe?

- Ouça, por enquanto ela ficará estável com o tratamento, mas na condição em que se encontra, ela precisará de cirurgia, idealmente um transplante de fígado, para ser exato.

- Então, por favor, faça isso, por favor, ajude-a! - suplicou a jovem em desespero.

- Não é tão simples assim, Alma. Primeiro temos que conseguir um doador...", o homem começou a murmurar.

- Eu posso fazer isso! Não posso? Eu posso doar. - Alma interveio com entusiasmo.

- Claro, claro, só temos que fazer alguns testes...

- Então vamos lá! - Alma se levantou da cadeira, ansiosa, e o médico olhou para ela com tristeza, pensando que era óbvio que essa jovem era uma garota doce e inocente.

- Alma... É uma cirurgia muito cara, e não apenas a operação, eles também terão que arcar com grandes despesas pré e pós-operatórias. - Mateo deixou escapar, sentindo o entusiasmo da garota o esmagar.

Alma voltou a se sentar, passando as mãos pelos cabelos em sinal de frustração. Ah, sim, o dinheiro! Como ela poderia pagar por tudo isso? Se ao menos o que ela e a mãe ganhavam com o trabalho fosse suficiente para sustentar a família.

*

Edan voltou ao terceiro andar, procurando sua mãe com os dois cafés nas mãos, mas ela não estava em lugar nenhum. Ele se sentou em alguns bancos que estavam espalhados pelo local, tinha que esperar por ela, talvez ela estivesse no banheiro ou talvez tivesse pensado em dar uma volta pelo hospital.

Enquanto tomava seu café, não pôde deixar de notar a jovem que havia visto mais cedo na recepção, ela estava a alguns metros de distância, sentada em um banco ao lado de um jovem médico, eles estavam conversando e pareciam muito próximos: "Foi por isso que ela veio para cá? Será que esse é o namorado dela?

Edan permaneceu absorto na cena, tentando entender o que estava acontecendo entre aqueles dois, não porque estivesse interessado, mas porque não tinha mais nada com que se entreter.

Alguns minutos depois, ele viu a jovem se levantar enérgica e animada, mas, depois que o médico lhe disse algumas palavras, ela se recostou na cadeira, como se já tivesse perdido uma batalha, mesmo sem tê-la começado. "Pobre garota", pensou novamente, talvez o médico tivesse lhe dado más notícias.

Alguns minutos depois, Edan viu o médico se afastar, deixando a jovem desanimada. Ela jogou o rosto em suas mãos e, ao longe, ele podia ver seu corpo tremendo de tanto chorar.

Naquele momento, aconteceu algo que nunca havia acontecido antes: Edan sentiu compaixão. A verdade é que Edan era um daqueles homens que acreditava que cada pessoa forja seu próprio destino e, portanto, cada pessoa é culpada pela vida que tem, por isso ele nunca havia parado para sentir pena de ninguém.

Mas aquela jovem, que culpa ela poderia ter pelo sofrimento pelo qual estava passando naquele momento?

Edan sentiu que queria fazer algo por ela, suas entranhas se agitaram ao vê-la chorar daquele jeito, embora ele não soubesse por que um estranho o havia afetado, ele supôs que talvez estivesse sensível à condição de seu pai.

Edan olhou em volta, pensando no que fazer. Quando viu, ao lado do assento, a xícara de café que sobrou esfriando, aquela que ele havia trazido para a mãe.

Bem, não era muito, mas talvez um pouco de café pudesse fazê-la se sentir melhor.

Então, ele se levantou, pegou o café que estava no banco e foi até a jovem, que ainda estava com o rosto coberto enquanto chorava.

- Ei! - Edan tentou chamar a atenção da garota enquanto estava na frente dela.

Alma olhou para cima, assustada, quando ouviu uma voz próxima falando com ela e viu um homem bonito parado ali, estendendo um copo de café para ela.

- Eu não queria incomodá-la, mas achei que talvez isso a fizesse se sentir melhor. - ele murmurou.

Ela ficou ali atônita, imaginando como um estranho poderia vir em um momento como aquele para simplesmente lhe deixar um café, como era insegura naquela época, o que ela sabia se aquele café estava adulterado?

Ela acenou com a cabeça para o homem e, sem dizer uma palavra, recebeu o café, esperou o homem ir embora, observou-o sentar-se a alguns metros de distância e, quando o viu ocupado com o telefone, acabou jogando o café na lixeira.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.