Capítulo 4 - Um negócio
"Essa garota pode ser a solução!", pensou Edan, em um momento de epifania.
Ele não conhecia essa jovem, mas seus pais nunca a tinham visto antes e isso já era um ponto a seu favor.
Além disso, ele deveria ter saído para procurar sua namorada inventada há muito tempo e ainda estava lá, no hospital, pensando no que fazer, e essa jovem já estava lá, então isso era outro ponto a seu favor.
Edan a encarou com mais interesse e notou como ela corou imediatamente.
Isso significava que ela gostava dele, ou pelo menos que o achava atraente. Embora isso não o tenha surpreendido, pois ele estava ciente do efeito que exercia sobre as mulheres, ele consideraria isso como mais um ponto a seu favor.
A jovem era bonita, de fato, se fosse bem detalhada, ele poderia dizer que ela tinha muito potencial, com as roupas certas e um bom tratamento de salão, ela poderia facilmente se passar por qualquer outra bela jovem da alta sociedade, mas não havia tempo para isso.
Edan detalhou suas feições e percebeu que ela era uma jovem humilde, o que talvez não lhe rendesse nenhum ponto com a mãe, mas o que isso importava? Ela só estaria se apresentando por alguns dias e essa era a única coisa que ela não tinha a seu favor.
Além disso, seu pai não se importaria, porque ele também vinha de uma família humilde e era um homem que conseguiu progredir com muito esforço, então, muito provavelmente, ele acabaria sentindo orgulho do filho por não enxergar classes sociais.
No entanto, havia a mãe dele e, ao contrário do pai, ela resmungaria sobre isso, mas poderia mentir para ele e dizer que era de classe média e um jovem promissor, que estava prestes a se formar em uma universidade importante, e isso a deixaria mais tranquila.
Não importava, depois de tudo o que aconteceu com seu pai, ela ainda teria que contar a verdade para sua mãe, e ela ficaria com raiva? É claro que sim, mas se ela lhe desse os motivos de sua decepção, tenho certeza de que ela superaria isso.
Agora que todo o seu plano parecia se encaixar, a questão era:
Edan poderia pedir a essa jovem desconhecida que fingisse ser sua namorada por alguns dias no hospital e fingisse se casar com ele?
Por que não?
Ele faria qualquer coisa para agradar seu pai em seu leito de morte, e isso não passaria de uma negociação, como qualquer outra da qual ele já havia participado inúmeras vezes.
Edan só precisava saber: o que essa jovem precisava? E então ele teria a vantagem do seu lado.
- Alma, certo? - Edan interveio pela primeira vez na conversa de Alma. Ela assentiu com a cabeça. - Diga-me, o que está fazendo aqui? Por que está no hospital?
- Bem, bem..." Ela sentiu um nó na garganta. - Minha mãe foi hospitalizada.
- Oh, isso é muito ruim. - Ela fingiu interesse. - Então, o que há de errado com ela?
- O médico me disse que ela tem insuficiência hepática aguda, aparentemente causada pelo excesso de analgésicos. - Ela engoliu em seco e, só de pensar na mãe, sentiu seus olhos se encherem de lágrimas. - Ela está em tratamento agora, mas precisará de cirurgia.
Alma baixou os olhos com tristeza, não queria que Edan visse sua dor, porque talvez ele estivesse passando por algo semelhante ou pior.
"Cirurgia para lesão hepática?", ponderou Edan, isso parecia bastante caro e, sem querer ser humilhante, mas era óbvio que a jovem não teria recursos para pagar uma coisa dessas.
Esse era o preço dela! Era isso que ele poderia lhe oferecer pelo favor que estava prestes a pedir.
- E você, por que está aqui? - perguntou Alma assim que se recompôs, interrompendo os pensamentos de Edan.
- Por causa do meu pai, ele sofre de problemas cardíacos e teve um ataque aqui perto. - Ele respondeu recuando em seu assento, a melhor coisa a fazer era conversar com a garota durante todo o cânion, contar-lhe a verdade, para que ela pudesse entender o que ele estava prestes a lhe perguntar.
- Oh, bem, espero que não seja sério.
- A verdade é que, se for, os médicos não lhe dão muito tempo de vida, ele está morrendo.
A boca de Alma se abriu ao ver Edan dizer tudo aquilo, sem mais nem menos, como se não fosse nada de mais, ou talvez ele estivesse se contendo? Sim, deve ser isso, essa era a maneira dele de lidar com a dor.
- Eu sinto muito. - Alma respondeu, hesitante. Ele fez uma linha com os lábios e se mexeu no assento para tirar a carteira do bolso, tirou um pequeno cartão de visita e o colocou sobre a mesa na frente de Alma.
- Ouça, meu nome é Edan O'Connor. - Ele começou a contar, enquanto Alma pegava o cartão e o lia. - Sou o CEO da empresa INCAPITAL, que lida principalmente com investimentos...
Ele começou a explicar a Alma sobre a empresa, o que ela fazia, sua posição social, e ela o ouvia enquanto se perguntava por que ele estava lhe contando tudo isso.
Quando terminou de explicar tudo, Edan se jogou para frente em sua cadeira e concluiu.
- Ouça, Alma, sei que você não me conhece e eu não a conheço, mas gostaria de lhe pedir um favor, ou melhor, gostaria de fazer um acordo comercial.
- Um acordo de negócios? - perguntou ela, perplexa.
- Sim, como eu lhe disse, meu pai está morrendo e, em seu leito de morte, ele me pediu para apresentá-lo à minha namorada e bem, bem... eu não tenho namorada. - declaro, omitindo Vivian, sua namorada.
Por que ele a nomearia? De qualquer forma, essa garota desapareceria de sua vida em poucos dias e Vivian nunca teria que saber o que aconteceu.
- Por que você não contou a verdade a ela? - perguntou Alma, confusa.
Ela ainda não entendia aonde o homem queria chegar com essa conversa e, para falar a verdade, já estava se sentindo desconfortável com tudo isso, queria voltar logo para o seu lugar no corredor, para esperar notícias da mãe.
- Ele está morrendo, Alma. O médico nos pediu para sermos o mais cuidadosos possível com ele, para não perturbá-lo, então eu disse a ele que traria minha namorada para conhecê-la.
- Oh.
- Você poderia me ajudar com isso, poderia fingir ser minha namorada?
Alma imediatamente franziu a testa. Será que esse homem estava pedindo para ela mentir para o pai que estava morrendo? Dessa vez, foi Alma quem se recostou no assento e pegou a bolsa, preparando-se para se levantar e ir embora.
Edan percebeu a intenção dela, então deu um passo à frente e estendeu a mão sobre a dela.
- Ouça-me, por favor. Podemos fazer um acordo, você só fingiria por alguns dias no hospital, na frente dos meus pais, nada mais... Eu poderia ajudá-la também, com o que você precisar... - Alma diminuiu a velocidade.
Ela parou, porque viu nele uma expressão de desespero que lhe deu um pouco de pena. Enquanto ele pensava, ela congelou quando ouviu a oferta dele para ajudá-la.
- Então, o que você acha? - insistiu Edan, sem ver nenhuma resposta da parte dela.
- Eu não... não sei... Teríamos que nos tocar, nos beijar e tal? - Ela murmurou, imaginando o cenário, corando.
- Tentarei fazer isso sozinho, se for preciso, e será apenas para segurar sua mão ou para me animar um pouco, eu prometo. - Ele colocou a mão no coração. Ela suspirou, ele parecia genuinamente atormentado.
- Tudo bem, se é assim, eu posso ajudá-lo... E você não precisa me dar nada em troca.
Edan se afastou novamente, curioso, ele não conhecia ninguém que não fizesse algo para obter lucro ou algo em troca.
Bem, ele já tinha dado um passo, mas ainda faltava mais, muito mais, então ele limpou a garganta para continuar.
- Há outra coisa... Meu pai quer me ver casada antes de morrer.
- O quê? - Os olhos de Alma se arregalaram.
- Vai ser só uma encenação, vou arranjar alguém para se passar por um tabelião, vamos fingir que estamos nos casando na frente dele e pronto.
Alma se levantou da mesa com um baque, aquilo era demais, enganar o pobre cavalheiro daquele jeito, parecia imoral. Uma coisa era fingir ser namorada por um tempo, mas fingir que ia se casar? Não, ela não podia fazer isso.
Ela colocou a mochila de volta no ombro e, quando estava prestes a se virar, Edan a agarrou pelo pulso, impedindo-a.
- Eu lhe pagarei. - murmurou ele, abatido. - Você precisa de dinheiro para a cirurgia de sua mãe, não é? - Ela o encarou, com os olhos apertados. Ele a estava chantageando?
