02
DIAS ATUAIS
VALLIE
Qual o nome dado para algo que você não consegue largar? Aquilo que te alimenta mesmo quando não é desejado. Eu chamo de vício, e veja só, eu conheço bem essa palavra porque minha mãe e meu pai são viciados. Como eu poderia ser diferente deles? A resposta é óbvia, eu não sou.
Eu tinha quatorze anos quando começou, era a primeira noite na nova casa e meu padrasto estava mexendo no aquecedor do meu quarto, ele estava usando uma camisa branca lisa que subia a cada movimento e eu não conseguia parar de olhar.
Desde então, Dean tornou-se meu vício.
Meu dedo escorrega pelo suor em seu peito, e embora ele ainda esteja dormindo, seu corpo reage a cada toque como se ansiasse por isso, como se ele precisasse desse contato tanto quanto eu. Nós dois estamos tão sedentos de carinho a essa altura que não posso deixar de pensar em mamãe e sua compulsão por comida como únicas culpadas.
Ás vezes, eu a odeio.
A mulher que me trouxe ao mundo.
Minha única família.
— Dean. — eu digo baixo o suficiente para não acordá-lo, precisando falar seu nome para tornar real.
Ele resmunga, passando a mão no rosto, mas não desperta.
Meus olhos vão até a porta, o medo que Kiara volte antes do horário e me pegue tocando meu padrasto crescendo a cada segundo. Eu me deito junto dele, apertando seu corpo ao meu no pequeno espaço do sofá, sua mão sobe até minha cintura e ele aperta possessivamente, me trazendo ainda mais para perto.
Eu ofego, minha saia subindo com o movimento da sua mão e descanso a perna no meio das dele.
— Lily. —ele murmura depois de cheirar meu pescoço e sentir o perfume de cereja, o preferido de mamãe, e me confundir com ela.
Mantenho minha boca fechada, segurando cada gemido para que nada possa interromper esse momento. Dean desliza a mão para meu seio esquerdo e aperta, mesmo com a farda da escola e a esponja do sutiã posso sentir o beliscão no bico dolorido. Meu corpo inteiro vibra com a sensação e o incomodo no meio das minhas pernas aumenta.
— Tão bonita. — murmura e não aguento, acabo gemendo seu nome e ofegando. — Estou com tanta saudade, Lily.
A tensão cresce entre nós conforme os toques aumentam, ele explora minha cintura e quadril, descendo até minha coxa direto para a pele nua.
— Senti sua falta, querida. — resmunga e uma parte minha quebra. Dean não merece o que mamãe faz conosco, mas ele não enxerga o quão egoísta ela é e fica.
Eu quero que ele diga meu nome e não o dela, porém contenho a vontade de corrigí-lo quando ele morde e beija meu pescoço. Sua mão desce até o meio das minhas pernas e seus dedos apertam a carne macia, então quando um deles esfrega contra o tecido úmido da minha calcinha eu me esfrego contra ele e seguro um gemido.
— Hmmm... — Dean geme, ainda de olhos fechados, ainda dormindo. Abro mais as pernas para que tenha acesso, arrastando um lado da calcinha para que ele me toque lá.
É insano vê-lo arrastar o polegar até meu núcleo e brincar com o ponto sensível estando parcialmente inconsciente, mas é tão bom, tão mais gostoso do que quando sou eu me tocando no meu quarto sozinha. Eu já imaginei ele fazendo exatamente isso inúmeras vezes.
— Baby. — ele diz, enfiando o dedo anelar no meu canal. Estou tão molhada que nem mesmo sinto a picada da dor quando ele retira e enfia novamente, o movimento causa barulho, mas é um som pecaminoso e excitante, apenas a evidência do quanto pertenço a ele.
Dean Lawrence surtará quando descobrir que está fodendo a filhinha da esposa com o dedo, mas ele não tem culpa, embora isso não fará a menor diferença se ele abrir os olhos agora.
Ele vai me odiar.
Muito.
Pra caralho.
— Não pare. — eu sussurro antes que tenha a chance de me impedir de falar, seus movimentos travam, e um barulho vindo do lado de fora da casa me faz pular pra fora do sofá.
Eu preciso pensar rápido, então estudo a expressão de Dean por um segundo antes de apanhar minha mochila do chão e seguir para a cozinha, abrindo a geladeira e pegando os ingredientes para um sanduíche e colocando sobre o balcão quando Kiara finalmente entra com algumas sacolas de compras.
— Hey, menina. — ela fala quando me vê, apertando as sobrancelhas juntas quando encontra Dean deitado no sofá.
Ele escolhe esse momento para acordar. Sua expressão é confusa, incerta, e ele olha para nós duas como se estivesse perdendo algo.
Eu tento me concentrar no sanduíche.
— O senhor está bem? — Kiara pergunta quando ele continua dividindo o olhar entre nós, seu cenho franzido em uma careta desgostosa.
— Sim. — responde suscito, arrastando uma almofada para o colo.
Oh.
— Onde está minha esposa? — ele pergunta.
— Mamãe está na cama. — respondo e seus olhos me encontram, o verde me lembrando a floresta de Otzarreta.
— Que horas você chegou??— Seu olhar aperta, desconfiado.
Dou de ombros.
— Faz alguns minutos, voltei mais cedo porque a diretora precisou antecipar a reforma dos banheiros femininos, você sabe, depois do incidente a escola virou uma bagunça.
— Sim, recebi a notificação por email sobre isso. — Ele diz, arrastando a mão pela nuca e depois arrastando os dedos, os mesmos que me tocaram, pelo lábio inferior.
Aperto minhas coxas uma na outra quando ele passa a língua pelo dedo que esteve dentro de mim e torce o nariz, trazendo de volta aquela expressão confusa de antes.
Ele resmunga algum palavrão e Kiara me encara atrás de respostas.
Dou para ela minha melhor expressão de paisagem.
— Você está bem? — pergunto.
— Estou bem. — mais uma pausa, então ele passa a língua pelo lábio novamente e faz uma careta irritada. — Com quem você veio? Eu deveria ter ido te buscar, sinto muito, querida.
Querida.
Eu sorrio.
— Peguei carona com a Nia.
Dean assente, e nenhum de nós dois fala mais nada até que o barulho do sino que mantemos no quarto de mamãe para emergência enche a casa. Todos nós corremos na direção do quarto dela, um que ela não divide mais com o esposo por escolha própria.
— Mãe. — chamo sendo a primeira a chegar até ela.
— Vallie?
