Capítulo 5 - parte 1
Mas seu medo de perder
Não te deixa me olhar
Esqueça o que passou
E tudo vai mudar
Se quiser - Tânia Mara
(...)
Barbara
— Onde estou? — meio grogue, olho ao redor, procurando por alguém conhecido e tentando reconhecer o lugar.
Aperto os olhos, sentindo a claridade da luz me incomodar.
— Olá, senhorita Fontes, sou o doutor Guimarães — vejo um homem parado ao meu lado e, mesmo ainda meio lesada, percebo se tratar de um hospital.
— O que estou fazendo aqui?
— Você chegou aqui desacordada, seus amigos te trouxeram. Agora iremos fazer alguns exames para saber o motivo do seu desmaio, ok?
Meneio a cabeça em concordância, ainda tentando me situar. O doutor vem até mim e segura minha mão, me pedindo para apertar a dele. Notando que consigo fazê-lo, ele pede que eu faça o mesmo com a outra mão, garantindo que está tudo bem com meus movimentos. O toque de suas mãos nas minhas, me causam uma estranha sensação de conforto.
Depois, uma mulher, que imagino ser a enfermeira, coloca um esfigmomanômetro digital em meu pulso, e vai apertando a bola de ar gradativamente. Essa porcaria aperta meu pulso pra cacete, parece que vai explodir minhas veias. Sinto um incômodo e faço careta.
— Acho que descobri a razão do seu desmaio, sua pressão está quatorze por nove. — ela me informa ao terminar.
— Está sentindo alguma coisa? — o doutor me pergunta.
— Minha cabeça dói.
— Isso é comum. Faremos alguns exames e te daremos também um medicamento na veia. Tudo bem? — dá uma piscadela para mim, seguido de um sorriso que, mesmo estando meio lesada, é impossível não notar a beleza desse homem.
A mulher põe uma agulha em minha pele, tirando sangue e sai, nos deixando sozinhos. Não sei explicar, mas sinto como se a sala ficasse pequena estando somente nós dois aqui. Uma espécie de calor... Não sei explicar.
— Pode deixar comigo, Amber. — doutor Guimarães informa a enfermeira, que havia retornado e estava prestes a me preparar parar fazer o exame.
— Ok, doutor. Se precisar, é só chamar.
Gentilmente, ele me ajeita na maca, deixando minha cabeça em uma posição confortável e fico quase sentada, então puxa um aparelho cheio de fios, colando um por um em minha cabeça. O toque dos seus dedos em minha pele me causa um certo arrepio.
— Está confortável? — pergunta, estando muito próximo e me fita com seus lindos olhos azuis.
— Sim. — digo meio sem graça.
— Imagino que estar cheio de fios a cabeça cause uma certa tensão, não é mesmo? — seu tom de voz soa descontraído — Mas pode ficar tranquila, acredito que não seja nada grave. Esse aparelho serve para verificar as atividades cerebrais.
O exame leva cerca de vinte minutos, então aos poucos, ele vai retirando fio por fio.
— Posso? — levanta a mão em direção ao meu rosto, me deixando confusa.
Sem respondê-lo, ele toca levemente em meu rosto, afastando alguns fios de cabelos e os reorganizando. Meu coração dá uma acelerada, me deixando sem entender e não consigo parar de encará-lo. Provavelmente por ser muito gato. Depois do que parece ter sido mais de uma hora — tenho certeza que não foi —, sou levada para um quarto, sinto como se estivéssemos ficado nos olhando por todo esse tempo e tenho certeza que me perdi naquele olhar. Com esse pensamento em mente, aplicam um medicamento em minha veia, que me faz dormir.
(...)
Meus olhos abrem levemente e ouço uma voz conhecida.
— Finalmente! Nossa, você nos deu um baita susto, amiga. — Lexi diz assim que acordo e, pelo seu semblante, sei o quanto está aflita.
Desperto meio desnorteada, mas ao olhar em volta, lembro que estou no hospital, devido às paredes brancas, o ar-condicionado preso à parede, uma tela ao meu lado, que parece estar monitorando meus batimentos cardíacos e um acesso em minha veia, na mão.
— O doutor gostosão esteve aqui para ver se já tinha acordado, mas como você ainda dormia, ele nos passou um pouco de como você estava, informou que sua pressão estava alta, obviamente ele não sabia a razão, mas certamente foi por causa do estresse que tem passado nos últimos dias. E falou também que o resultado do seu exame de encefalo alguma coisa — Oliver coloca a mão no queixo, como se estivesse pensativo — Saiu, então retornaria quando você acordasse.
— Doutor gostosão? — arqueio as sobrancelhas — Pelo amor de Deus, Oli, só não me diga que já deu em cima de um médico...
Os dois dão uma gargalhada.
— Não, mas se você o visse, ficaria tão assanhada quanto eu. — balanço a cabeça para os lados, dando um riso contido, porque eles nem sabem que também fiquei acesinha com a presença do médico.
— O Rodrigo sabe que estou aqui?
— Sim, ele já deve estar chegando. — Lexi diz.
— E quando poderei ir pra casa?
— Isso só o doutor gostosão vai poder dizer. Melhor avisar a ele que você acordou. — Oliver anda até a porta, saindo do quarto.
Uns cinco minutos depois, a porta é aberta e por ela vejo passar a perfeição em forma de homem.
Parece mais uma escultura, esculpida pelos deuses de tão lindo. Branco com um certo bronzeado, mesmo usando um jaleco consigo ver os músculos dos braços desenhados, olhos azuis, cabelos pretos, com uma mechinha caída na testa, barba por fazer — daquele tipo que a gente imagina raspando em nossa pele em meio ao sexo — e alto.
— Como se sente, senhorita Fontes? — ele está tão perto, que se torna difícil até pensar em uma resposta coerente.
— Anh... Bem. Apenas com sede e um pouco de dor na cabeça, não está forte, mas incomoda do mesmo jeito.
— Vindo de um desmaio e aumento de pressão, está até muito bem. Bom, mas vamos ao que interessa, seu exame de encefalograma...
— Isso! Encefalograma! — Oliver o interrompe, falando alto e batendo a mão na testa.
O doutor olha para ele, sem entender nada e eu fico envergonhada.
— Desculpinha... — meu amigo se retrata, abaixando a cabeça e Lexi ri.
— Como eu ia dizendo, seu exame de encefalograma apontou para atividades cerebrais muito intensas, por isso a dor de cabeça e o desmaio. Mas não se preocupe, seu quadro é estável, só iremos mantê-la aqui em observação essa noite e, se tudo estiver certo pela manhã, poderemos te liberar. — ele sorri, me fazendo ficar vidrada.
Tenho a impressão de conhecê-lo, porém, não lembro de onde.
— Obrigada, doutor.
— Disponha. Sugiro que a deixem descansar. — diz aos meus amigos, sem que o sorriso em seus lábios o abandone em nenhum momento e sai do quarto.
