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Capítulo 3 - parte 2

(...)

— Tenha um ótimo dia, meu amor. — dito isso, Rodrigo se inclina para beijar meus lábios e eu correspondo sem empolgação, porque até mesmo seus beijos já não tem mais o mesmo sabor.

Tenho certeza que ele reparou, mesmo sem dizer uma palavra. Sorrio brevemente e saio do carro.

Enquanto caminho, passando pelo corredor, indo até o escritório, não consigo parar de pensar em tudo o que aconteceu desde a noite anterior. Eu só queria poder voltar no tempo, se pudesse, e apagar tudo aquilo.

— Bom dia, meu anjo — Oliver diz assim que entro em nossa sala — E aí, deu certo?

— Bom dia. — sem querer, acabo respondendo friamente, sabendo exatamente sobre o que meu amigo está se referindo.

— Iiih! Alguém dormiu do lado errado da cama… — Lexi comenta.

— Desculpa, gente, é que… — suspiro pesadamente, já sentada em minha cadeira com os cotovelos repousados sobre a mesa e a cabeça entre os braços.

— Problemas no paraíso? — Lexi pergunta.

— Se algum dia existiu um paraíso, eu desconheço. Tô cansada, ou melhor, exausta do Rodrigo e de toda essa situação. — dessa vez os encaro.

— O que aquele gato aprontou dessa vez? — Oliver pergunta.

— Acho que a melhor pergunta seria o que ele não aprontou… Olhem isso… — estico a mão direita, lhes mostrando o anel, deixando-os completamente sem palavras.

— Como assim, gente? — Oliver fala, me fazendo dar uma risadinha.

— Exatamente o que estão vendo.

— Ele te pediu em casamento? — Lexi ainda parecia incrédula, porém, meneei a cabeça em afirmação — Uau! — ela se recostou na cadeira.

— E não só isso, como se não fosse o suficiente, ele também comprou um apartamento para nós e, não qualquer um, mas o da nossa amiga. — meu ânimo vai morrendo aos poucos, cada vez que me recordo de tudo.

Vejo meus amigos cada vez mais surpresos.

— Você não parece estar feliz… Ou estou errado? — Oliver me analisa.

— Feliz… Tá aí, acho que nem conheço mais essa palavra. Vocês sabem exatamente como me sinto, eu juro que só queria pôr um fim nessa relação, mas vocês precisavam ver a carinha de felicidade dele, quando me fez o pedido. Me sinto presa nessa relação, não sei explicar. — meu olhar fica distante.

— Sabe muito bem o que fazer, meu anjo. E nem venha com esse papo de que ele é um ótimo amigo, porque já conheço esse discurso de cor e salteado. Pra uma relação ter sucesso, é preciso se dar bem em todos os aspectos, principalmente na cama e, com a cara de bunda que a senhorita tem chegado aqui, garanto que o gato não tá dando conta do recado. — Oliver diz.

— O Oli tem razão, amiga. Não pode passar o resto da vida presa em um relacionamento que não te faz bem. Pensa bem e termina com esse cara enquanto ainda dá tempo, porque namoro não é casamento e você merece ser feliz, como qualquer outra pessoa. — Lexi completa.

— Obrigada, meus amores. Vocês são meus anjos protetores.

Inicio o meu dia de trabalho, mas estive bastante distraída durante todo o dia, pensando nas atitudes do meu namorado e nas palavras dos meus amigos. Minha cabeça chegava a doer. Sei que eles têm razão, o problema, certamente, está em mim. Sempre fui do tipo que tem medo de magoar as pessoas a quem eu amo e com o Rodrigo não é diferente. Mesmo não o amando da forma que ele espera, ele é importante para mim.

(...)

— Então, estamos combinadas, não é? Nos vemos na próxima semana, para irmos ao fórum acertar toda a papelada, ok? — falo com a minha cliente, forçando um sorriso para não deixar transparecer o mal-estar que senti durante todo o dia.

— Sim, doutora Fontes. Mais uma vez, muito obrigada, não sei o que faria sem a senhora. — ela ergue a mão para me cumprimentar, já levantando da cadeira em frente à minha mesa.

— É sempre um prazer fazer negócios com a senhora.

Assim que ela sai, me recosto em minha cadeira, sentindo a cabeça latejar, fecho os olhos e passo a mão na testa, limpando o suor.

— Amiga, tá tudo bem? — ouço a Lexi perguntar.

— Não sei, não estou me sentindo bem desde cedo, mas deve ser apenas estresse. — a respondo ainda de olhos fechados e minha cabeça dá uma latejada tão forte, que faço uma careta.

— Toma um pouco de água, vai se sentir melhor — Oliver toca em meu ombro, me fazendo abrir os olhos — Nossa, você tá pálida, precisa mesmo descansar. Não pretende dirigir assim, né? — pergunta, me entregando um copo com água.

— Não, quem me trouxe foi o Rodrigo, ele já deve estar vindo me buscar. — assim que o respondo, escuto um som de notificação em meu celular.

Amor: Me desculpa, princesa, mas não vou conseguir chegar aí agora, me atolei com algumas coisas aqui no trabalho.

— É, acho que perdi minha carona, terei que pegar um táxi. — falo após ler a mensagem no WhatsApp.

— Podemos te levar, você não pode sair daqui assim, amiga. — Lexi diz.

— Não se preocupem comigo, ficarei bem. Acho que só preciso de um banho e descansar.

Levanto, pegando minha bolsa e, quando a coloco no ombro direito, sinto uma dor extremamente forte e pulsante em minha cabeça e uma tontura horrível. Me apoio na mesa, abaixando a cabeça e fechando os olhos.

Quando dou o primeiro passo, depois de respirar fundo para me recompor, vejo tudo girar ao meu redor e escurecer.

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