Capítulo 9
O sorriso irônico de Theo se aprofundou enquanto ele se endireitava, dando um passo à frente na porta, efetivamente bloqueando nosso caminho. Seu olhar passou rapidamente pelas mochilas penduradas em nossos ombros, e suas sobrancelhas se arquearam em falsa surpresa.
— Bem, bem — falou lentamente, sua voz pingando sarcasmo —. Uma escapada em família? E você não pensou em me convidar? Estou magoado.
Ele colocou uma mão sobre o peito como se estivesse genuinamente ferido, mas o brilho em seus olhos traiu sua diversão.
Minha garganta apertou, e senti o peso do olhar de Theo me prendendo no lugar.
— Por favor, Theo — eu disse, minha voz tremendo apesar dos meus esforços para soar calma —. Só nos deixe ir. Não queremos problemas. Eu só preciso ir embora.
Seu sorriso não vacilou; se alguma coisa, ele se aprofundou. Ele deu outro passo à frente, elevando-se sobre mim, seus olhos escurecendo com algo ilegível.
— Deixar você ir? — repetiu ironicamente, como se a ideia em si fosse absurda —. Você esqueceu, Sofia? Você e eu fizemos um acordo.
Estremeci ao som do meu nome em seus lábios, frio e afiado como uma lâmina. Minha mente correu enquanto suas palavras afundavam, o medo florescendo em meu peito.
— Theo... — comecei, mas ele me interrompeu com uma risada baixa.
— Não — ele disse, sua voz suave, mas firme, o tipo de tom que exigia atenção — Você não pode ir embora. Não depois de tudo.
O aperto de Theo aumentou em volta do meu pulso, seus dedos cravando dolorosamente em minha pele enquanto ele me forçava a dar um passo à frente. Eu estremeci, a dor aguda dificultando a respiração, mas eu não podia deixá-lo ver meu medo. Sacudi meu braço em uma tentativa de me libertar, mas seu aperto era inflexível.
— Me solta! — exigi, minha voz embargada, mas isso só pareceu diverti-lo.
Ele riu sombriamente, inclinando-se tão perto que eu podia sentir sua respiração contra meu ouvido.
— Você acha que pode simplesmente ir embora de mim? — Suas palavras eram baixas, o tom de zombaria nunca deixando sua voz —. Depois de tudo que passamos, você acha que eu vou deixar você ir assim?
Lutei contra ele, tentando me libertar de seu aperto doloroso.
— Você não tem o direito! — gritei, minha voz aumentando de desespero. — Você não me controla mais, Theo!
Ele riu, um som que me deu arrepios na espinha.
— Ah, mas eu sei, Sofia. Você parece ter esquecido os pequenos detalhes do nosso pequeno acordo.
Ele me puxou para frente novamente, me arrastando para dentro da casa.
— Você aprenderá em breve que ir embora não é tão fácil quanto pensa.
Lutei contra seu aperto, minhas unhas raspando contra sua mão enquanto eu tentava me afastar.
— Me solta! — eu engasguei, meu coração batendo forte no peito.
O rosto de Theo se contorceu com diversão, seu sorriso se alargando.
— Estamos lutando, não é? — ele disse com um tom sarcástico —. Vamos, Sofia. Nós dois sabemos que você não vai chegar a lugar nenhum. Você é minha, lembra?
Cerrei o maxilar, a raiva e o medo crescendo em mim como uma tempestade. Eu não podia deixá-lo me quebrar, não agora. Mas enquanto eu tentava cravar meus calcanhares no chão, a força de seu aperto e sua determinação fria me lembraram o quão pouco controle eu tinha.
— Que lutador — ele provocou, sua voz pingando com falsa admiração. — Pena que você esteja lutando a batalha errada.
Continuei a lutar, mas Theo não me soltava. O quarto parecia se fechar ao meu redor, as paredes pressionando com o peso da minha impotência. Cada centímetro que eu tentava me mover, ele contra-atacava com outro puxão forte. A voz do meu pai veio de trás, mas a presença de Theo era como um muro entre nós.
A voz do meu pai quebrou a tensão na sala, trêmula, mas desafiadora.
— Me leve em vez disso, Theo. Deixe ela ir. Ela é apenas uma garota; ela não merece isso.
O aperto de Theo aumentou em volta do meu pulso, mas ele parou no meio do caminho, olhando por cima do ombro para meu pai. A diversão nunca deixou seu rosto, embora seus olhos piscassem com algo mais sombrio.
— Você não é corajoso? — Theo disse, sua voz pingando de escárnio.
Ele soltou uma risada baixa, então se virou para mim.
— Mas, sério, o que você pode me oferecer, velho? Você é uma relíquia de uma era passada, inútil. Ninguém mais se importa com alguém como você.
Ele deu mais um passo para mais perto de mim, sua mão livre passando levemente pelo meu ombro, enviando um arrepio de desgosto por mim.
— Agora, sua filha, por outro lado... — sua voz caiu para um tom baixo, quase sedutor, e senti meu estômago revirar. — Ela é jovem, linda e cheia de vida. Ela tem tantas maneiras de me satisfazer.
Suas palavras pingavam com luxúria, e eu lutei contra a vontade de vomitar.
— Você deveria saber, velho, ela é muito mais útil para mim do que você jamais será.
Eu não conseguia respirar. Suas palavras ecoavam em minha mente, cada uma mais sufocante que a anterior. O jeito como ele falava de mim, como se eu fosse uma posse, um mero objeto a ser usado, era demais para suportar. Eu podia sentir a bile subir na minha garganta, a picada de desamparo e desgosto se misturando.
Meu pai, com o rosto contorcido de fúria e desespero, deu um passo à frente, os olhos cheios de uma resolução repentina.
— Você não pode falar com ela desse jeito, Theo! — ele gritou, sua voz embargada de emoção. — Ela é minha filha, e eu não vou deixar você...
Antes que ele pudesse terminar, a expressão de Theo mudou, seu sorriso desapareceu em um olhar frio e calculista. Com um movimento rápido, ele levantou o braço e empurrou meu pai com força. Ele cambaleou para trás, batendo na mesa lateral com um baque que ecoou pela casa. Meu pai caiu no chão, ofegando por ar enquanto tentava se levantar.
— Patético — Theo murmurou baixinho, balançando a cabeça enquanto observava meu pai lutar.
Ele se aproximou dele, olhando para ele com desprezo.
— Você nem vale meu tempo.
Eu engasguei, meu coração batendo forte no peito quando vi meu pai no chão, seu rosto pálido pelo impacto.
— Pai! — gritei, com lágrimas brotando em meus olhos.
A mão do meu pai se estendeu fracamente, mas ele não tinha força para se levantar. Minha respiração ficou presa na garganta, o pânico crescendo no meu peito.
Theo olhou para mim, seus olhos brilhando com diversão enquanto ele observava minha reação.
— Eu sugiro que você pare de fingir que se importa com ele — ele disse, sua voz perigosamente baixa. — Porque enquanto ele estiver aqui, você nunca será livre.
Senti meu estômago revirar, o peso de suas palavras se acomodando como uma pedra em meu peito. A sala pareceu se fechar sobre mim, me sufocando com a percepção de quão preso eu estava.
Engoli em seco, me forçando a estabilizar minha respiração enquanto olhava do meu pai para Theo. Meu coração se partiu ao ver meu pai caído indefeso no chão, mas eu sabia que não podia deixar Theo machucá-lo mais.
— Não... por favor, Theo — eu sussurrei, minha voz tremendo de medo e desespero. — Por favor, não o machuque. Eu vou com você. Eu te seguirei, só o deixe em paz.
O sorriso de Theo se alargou, seus olhos frios brilhando de satisfação.
— Agora era isso que eu queria ouvir — ele disse, sua voz baixa e cheia de diversão cruel. — Se você tivesse dito isso desde o começo, poderíamos ter evitado todo esse problema desnecessário.
Ele parou por um momento, seu olhar se voltando para meu pai, que ainda estava se debatendo no chão.
— Você realmente deveria saber que não deveria me desafiar. Nunca foi sobre você, Sofia. Sempre foi sobre sua disposição de se curvar à minha vontade.
Meu peito apertou enquanto a realidade da minha situação afundava mais. Theo era um mestre da manipulação, e eu tinha acabado de entregar a ele exatamente o que ele queria. Meu coração doeu enquanto pensava em meu pai, ainda deitado no chão com dor, mas eu sabia que não podia mudar o que tinha acabado de concordar.
Theo se virou para longe de mim com um aceno de desdém, como se a existência do meu pai fosse irrelevante.
— Peguem ela — ele ordenou bruscamente, sua voz carregando um comando frio.
Imediatamente, dois de seus guarda-costas, que estavam espreitando nas bordas da sala, entraram em ação. Eles se aproximaram rapidamente, seus olhos frios e insensíveis. Não tive tempo de reagir antes que eles agarrassem meus braços, seus apertos firmes e implacáveis.
— Não! — gritei, me debatendo contra o aperto deles, mas não adiantou.
Os guardas eram fortes demais. Eles começaram a me arrastar em direção à porta, cada passo parecendo uma derrota, como se cada centímetro que eu fosse puxada para longe do meu pai estivesse rasgando um pedaço de mim.
— Me solte! — gritei, minha voz embargada —. Eu vou com ele, mas, por favor, não machuque meu pai!
Theo nem olhou para trás enquanto os guardas me conduziam para fora da porta.
— Não se preocupe — ele gritou por cima do ombro, seu tom quase divertido. — Ele vai ficar bem... por enquanto.
Eu queria gritar, lutar, me libertar, mas quanto mais eu lutava, mais eu percebia o quão sem esperança tudo parecia. O aperto dos guardas era como ferro, e o poder de Theo parecia intransponível.
Chegamos aos degraus da frente, e vi a limusine esperando estacionada no meio-fio. Suas janelas escuras brilhavam como os olhos de um predador, e eu quase conseguia sentir o peso de tudo que estava prestes a perder.
Enquanto me empurravam para o fundo da limusine, olhei para fora das janelas escuras, procurando um último vislumbre do meu pai. Ele ainda estava no chão, olhando para nós com dor e desamparo nos olhos. Meu coração se despedaçou quando a porta bateu, cortando minha visão.
O carro deu um solavanco para a frente, e eu fui jogada de volta no assento de couro macio, meu corpo rígido de medo e arrependimento. O silêncio na limusine era sufocante, espesso com o peso de tudo o que tinha acabado de acontecer.
Theo finalmente se virou para mim, seus olhos brilhando com a mesma confiança inquietante.
— Estamos apenas começando, Sofia — ele disse suavemente, sua voz quase um sussurro. — Você aprenderá em breve que não há como escapar de mim.
Fiquei ali sentada, meu estômago revirando com uma mistura de medo, raiva e o peso esmagador da impotência. Eu não tinha ideia do que me esperava, mas sabia de uma coisa com certeza: eu não estava mais no controle do meu próprio destino. E era tudo culpa do meu pai.
