Capítulo 5
Assim que a presença da mãe de Theo desapareceu da sala, a tensão que estava fervendo transbordou. Ele não disse uma palavra para mim, sua mandíbula apertada e olhos escuros com fúria mal contida. Sem olhar em minha direção, ele correu em direção à porta e apertou um botão no elegante painel de interfone embutido na parede.
— Entre aqui. Agora — rosnou Theo, sua voz como um trovão. Ele não esperou por uma resposta.
Em instantes, a porta se abriu, e um homem de quase trinta anos entrou. Vestido com um terno preto elegante, ele se movia com precisão militar. Seu rosto estava calmo, mas havia um lampejo de desconforto em seus olhos quando percebeu a expressão de Theo.
— Senhor...
O homem começou, mas nem terminou a palavra antes que a mão de Theo o golpeasse no rosto em um tapa retumbante. O som ecoou pela sala, deixando um silêncio desconfortável em seu rastro.
O homem mal se encolheu, embora sua cabeça tenha virado levemente com a força do tapa. Ele ficou rígido, sua expressão estoica, como se esperasse essa reação.
Theo deu um passo mais perto, sua voz gelada e cheia de veneno.
— Explique-me, agora, por que não fui informado de que minha mãe estava dentro de casa.
O homem engoliu em seco, seu pomo de Adão balançando levemente, mas ele se manteve firme.
— Senhor, eu... ela chegou sem avisar. Usou seu código de acesso. Não percebemos até que ela já estivesse lá dentro.
Os olhos de Theo se estreitaram perigosamente, e ele se aproximou ainda mais, a fúria que irradiava dele era palpável.
— Você está me dizendo — sibilou — que minha própria equipe falhou em me informar que ela entrou na minha casa? Que você permitiu que ela entrasse aqui como se isso fosse algum tipo de... convite aberto?
— Senhor, nós não sabíamos...
— Você não sabia? — A voz de Theo se elevou um pouco, embora nunca tenha perdido sua ponta afiada e controlada. — Para que diabos estou pagando você? Seu trabalho é saber tudo o que acontece sob este teto. Tudo. Você me entende?
O homem assentiu rapidamente.
— Sim, senhor. Não vai acontecer de novo.
Theo deu um passo para trás, suas mãos se fechando em punhos ao lado do corpo.
— Claro que não vai — retrucou. — Se algo assim acontecer de novo, você terá sorte se tudo o que receber for um tapa. Fui claro?
— Sim, senhor — disse o homem com firmeza, embora houvesse um lampejo de tensão em seu maxilar.
Theo exalou bruscamente, passando a mão pelo cabelo enquanto se virava, como se tentasse controlar seu temperamento.
— Saia da minha vista — murmurou friamente. — E certifique-se de que ela não venha valsando aqui novamente sem minha permissão expressa.
O homem assentiu uma vez, rigidamente, e se virou para sair. Quando a porta se fechou atrás dele, o silêncio na sala pareceu mais pesado do que antes. Observei as costas de Theo enquanto ele estava ali, seus ombros tensos, sua respiração irregular.
Theo virou-se lentamente para me encarar, seus olhos escuros cheios de frustração persistente. Por um momento, pensei que ele fosse se desculpar, mas, em vez disso, sua expressão endureceu.
— Você vai ter que fingir — disse, seu tom frio e prático. — Na frente dela. Você vai fazer o papel da minha namorada até que essa situação seja resolvida. Sem argumentos.
Pisquei para ele, a exigência me pegando desprevenida. Meu primeiro instinto foi protestar, mas a intensidade em seu olhar me fez pensar melhor. Em vez disso, dei um pequeno e relutante aceno, sem vontade de pressioná-lo mais quando ele já estava no limite.
— Bom — Theo disse secamente.
Ele deu um passo para trás, suas mãos ainda flexionadas ao lado do corpo como se estivesse tentando aliviar a tensão.
— Por enquanto, fique fora de vista. Eu cuido dela. Vou mandar alguém te levar de volta para o seu quarto.
Sem esperar por uma resposta, Theo se virou e apertou outro botão no interfone.
— Campainha!
Bell entrou na sala, sua postura ereta e seu comportamento composto.
— Senhor — disse calmamente, seus olhos passando rapidamente entre Theo e eu por um breve momento, provavelmente sentindo a atmosfera carregada.
Theo não perdeu um segundo.
— Leve-a de volta para o quarto dela — ordenou bruscamente, gesticulando em minha direção sem encontrar meus olhos. — Eu não quero que ela ande por aí ou cruze o caminho de mais ninguém agora. Você entendeu?
Bell assentiu, seu rosto permanecendo impassível.
— Sim, senhor.
— Bom.
A voz de Theo era cortante, seu tom final. Ele não me poupou um segundo olhar enquanto se virava, passando a mão pelo cabelo em frustração.
Bell se afastou e fez sinal para que eu a seguisse. Hesitei por um momento, olhando para Theo, mas estava claro que qualquer interação posterior com ele seria inútil. Com um suspiro silencioso, caminhei em direção a Bell, sentindo o peso da situação me pressionando.
Bell andou na minha frente em silêncio, seus passos firmes e sem pressa. Eu a segui sem dizer uma palavra, minha mente correndo com tudo o que tinha acabado de acontecer. Ela me guiou pelos longos e silenciosos corredores até chegarmos à porta do meu quarto.
Entrei e, antes que pudesse dizer qualquer coisa, ouvi o clique da fechadura atrás de mim. Virando-me, vi Bell parada ali com a chave na mão.
Enquanto eu estava sentada sozinha no quarto, a fechadura estalando atrás de mim, o peso de tudo me atingiu. Eu me sentia presa, como um prisioneiro. Esta não era apenas uma porta trancada; era minha vida agora, controlada por Theo e suas regras.
Pensei em quando a vida era diferente, quando minha mãe estava viva. Não tínhamos muito, mas éramos felizes. Ela fazia tudo parecer seguro e aconchegante. Depois que ela morreu, tudo desmoronou. Meu pai não era o mesmo.
A tristeza o consumiu, e ele começou a fazer escolhas ruins. Ele se envolveu com pessoas como Theo, desesperado para consertar as coisas, mas só piorando-as. Ele bebia mais, parou de se importar com o trabalho e perdeu um emprego após o outro. O pouco dinheiro que tínhamos foi para investimentos ruins ou jogos de azar, e perdemos tudo.
Lembro-me de ir para a cama com fome, usar as mesmas roupas para ir à escola e sentir vergonha de ser a criança pobre. Então chegou o dia em que ele me disse que tudo tinha acabado — nossa casa, nossas economias, nosso futuro. Eu tinha apenas 16 anos, mas parecia que meu mundo inteiro tinha acabado.
Tentei nos manter unidos, aceitando empregos para nos manter à tona. Mas não importava o quanto eu trabalhasse, nunca era o suficiente. Tínhamos que depender de bancos de alimentos e roupas usadas de vizinhos. A vergonha de tudo isso pesava muito sobre mim, mas continuei porque não tinha outra escolha.
Mesmo com todos os seus erros, meu pai continuou tentando também. Ele queria consertar as coisas, mas simplesmente não conseguia. E agora, por causa dele, estávamos em dívida com alguém como Theo.
