Capítulo 4
As sobrancelhas de Theo franziram, e ele se virou para a voz.
— Mãe? O que você está fazendo aqui? — ele perguntou, seu tom carregando uma mistura de irritação e surpresa.
A mulher que entrou parecia ter cerca de 57 anos, com cabelos com mechas prateadas cuidadosamente presos em um coque simples. Seu rosto estava marcado pela idade, mas seus olhos afiados, escuros e autoritários, traíam uma vida vivida com autoridade. Ela estava vestida com um vestido modesto e despretensioso, simples e funcional, mas havia um ar de elegância sobre ela, apesar da falta de luxo. Sua presença exigia atenção, como se ela estivesse acostumada a estar no controle.
Ela deu um passo para dentro da sala, seu olhar passando de Theo para mim. Ela não pareceu surpresa com minha presença, mas seu comportamento frio me fez sentir como um intruso na sala. Seus olhos se estreitaram levemente enquanto ela me observava, me estudando com a mesma intensidade que Theo havia feito momentos antes.
Theo não se moveu, ainda parado na mesma posição. Sua mandíbula cerrou, mas ele não levantou a voz.
— Isso é... inesperado — ele disse categoricamente, embora seu olhar permanecesse em sua mãe.
A mãe de Theo me lançou apenas um breve olhar antes de voltar sua atenção totalmente para ele.
— Theo — ela disse, sua voz calma, mas carregada de uma ponta. — Você não me disse que tinha uma namorada.
Havia um leve sorriso em seus lábios, quase satisfeito, como se essa fosse uma notícia rara. Theo não respondeu imediatamente, mas seu rosto se contraiu de frustração. Eu podia sentir a tensão aumentando, o peso não dito da troca deles pairando no ar.
Na minha mente, eu não conseguia deixar de pensar: Mesmo que Theo nunca tivesse tido uma namorada antes, eu não ficaria surpreso. Quem iria querer namorar alguém assim? A menos que seja pelo dinheiro, é claro. E se for esse o caso, eu os consideraria tolos. Nenhuma quantia de dinheiro vale o sacrifício da sua vida.
A mãe dele não pareceu se importar com meus pensamentos, no entanto. Ela continuou, seu tom agora misturado com um interesse quase zombeteiro.
— Bem, isso é interessante — ela disse, ainda olhando para mim como se eu fosse algo a ser examinado. — Theo, devo dizer, estou surpresa. Você nunca trouxe ninguém para casa antes.
A mãe de Theo levou um momento para me inspecionar novamente, seu olhar demorando um pouco mais, seus olhos afiados avaliando cada detalhe. Então, com uma leve inclinação de cabeça, ela falou novamente, sua voz suave, mas carregando um senso de condescendência.
— Você é muito bonita — ela disse, seu tom quase zombeteiro enquanto me olhava de cima a baixo. — Cabelo loiro, olhos azuis penetrantes... e aquela altura perfeita. Seu corpo também, eu posso ver que é... bem adequado para gerar filhos.
Ela quase pareceu ter prazer com essa observação, como se estivesse admirando algum tipo de bem precioso. As palavras doeram, mas fiquei em silêncio, resistindo à vontade de reagir ao julgamento dela. Eu podia sentir o desconforto de Theo, a tensão irradiando dele enquanto ele olhava entre sua mãe e eu. Sua mandíbula se apertou mais forte, mas ele ainda não falou nada.
Sua mãe, no entanto, não tinha terminado.
— Você deve ser um bom partido, então — ela continuou, sua voz pingando com uma doçura perturbadora. — Theo, você foi muito exigente no passado, mas suponho que era apenas uma questão de tempo até que você encontrasse alguém que correspondesse... bem, certas expectativas.
Seus olhos brilharam com algo frio, quase como se ela estivesse me avaliando para um papel para o qual eu nunca me inscrevi.
Senti o peso das palavras dela, o julgamento em seu olhar me fazendo sentir mais como um objeto do que uma pessoa. Ainda assim, fiquei quieta, sabendo que qualquer resposta só alimentaria seu jogo.
O olhar da mãe de Theo permaneceu por mais um momento antes que ela finalmente quebrasse o silêncio novamente, sua voz mais fria do que antes.
— Então, qual é seu nome? — ela perguntou, seu tom quase educado demais, como se estivesse me agradando.
Hesitei por um momento, sem saber o que ela esperava, mas finalmente respondi:
— Sofia.
Os olhos dela se estreitaram levemente, mas um sorriso fraco surgiu nos cantos dos lábios dela.
— Sofia — ela repetiu, como se estivesse saboreando o nome. — Bem, é um prazer conhecê-la, eu acho.
Seus olhos se voltaram para Theo brevemente antes de se virarem para mim, a zombaria em sua expressão ainda muito presente.
— E seu status? — ela perguntou, suas palavras misturadas com uma espécie de desinteresse casual. — Você é rica? Você veio de uma boa família? Ou... foi sua aparência que o trouxe aqui?
Senti a picada da pergunta dela, mas não deixei transparecer. Suas palavras foram projetadas para me deixar desconfortável, para me reduzir a algo superficial, e ainda assim eu me mantive firme. Mas antes que eu pudesse responder, ela acenou com a mão desdenhosamente, claramente desinteressada na resposta.
— Quem se importa, certo? — ela disse, seu tom quase irreverente. — Você é linda, e isso é tudo que importa. Meu filho é rico, afinal. Ele pode cuidar de você.
Ela sorriu, a condescendência clara em sua expressão. Não pude deixar de me perguntar como uma mulher boa daria à luz um demônio como Theo.
O maxilar de Theo se apertou quando as palavras de sua mãe me atingiram como uma onda, mas ele finalmente deu um passo à frente, sua voz firme, embora tingida com uma pitada de frustração.
— Mãe, já chega — ele disse, tentando manter a compostura. — Sofia e eu... não queríamos tornar isso oficial ainda. Estamos levando as coisas devagar, ok? Queríamos que fosse uma surpresa.
Os olhos da mãe dele se estreitaram enquanto ela processava suas palavras, seus lábios se curvando em um sorriso fino.
— Uma surpresa? — ela repetiu, seu tom pingando ceticismo. — Que interessante.
Ela não parecia convencida, mas não forçou o assunto mais adiante, pelo menos por enquanto.
O olhar de Theo se voltou para mim, sua expressão suavizando-se um pouco, embora seus ombros permanecessem tensos.
— Não quero apressar nada, mãe — ele disse, sua voz um pouco mais firme agora. — Estamos apenas gostando de nos conhecer.
A mãe dele não respondeu imediatamente, em vez disso, virou-se para estudá-lo por um momento, seus olhos afiados como sempre. Então, com uma leve inclinação de cabeça, ela finalmente falou novamente, seu tom leve, quase doce demais.
— Claro, querido — ela disse, embora seus olhos traíssem algo mais frio por trás de suas palavras. — Não tenha pressa. Mas não me deixe esperando para sempre. Tenho certeza de que você sabe o quão importante é se acalmar eventualmente.
Havia algo quase zombeteiro em sua voz enquanto ela olhava entre Theo e eu, mas fiquei em silêncio, observando o rosto de Theo se contrair de frustração. Sua mãe não parecia se importar muito com seu desconforto, mas ele estava tentando desviar a conversa o melhor que podia.
— Certo — Theo disse, sua voz cortada. — Nós vamos descobrir. Mas, por enquanto, estamos bem.
A mãe dele deu um pequeno aceno, mas não havia como confundir o julgamento velado em seus olhos quando ela se virou, pronta para ir embora.
— Bem, então, acho que vou deixar vocês dois com isso — ela disse, suas palavras carregando um ar de finalidade. — Só não demore muito, Theo. Você não gostaria de me decepcionar.
Ela saiu da sala sem mais uma palavra, sua presença persistindo muito depois que ela se foi. Theo soltou um longo suspiro e finalmente se virou para mim, sua expressão ainda tensa.
Mas quando eu disse isso, não pude deixar de me perguntar: Como alguém como ela poderia dar à luz uma pessoa como Theo? Ele era um monstro, tão cruel e implacável.
Soltei um pequeno suspiro, tentando tirar o peso da conversa da minha mente. Mas não consegui me livrar da sensação de desconforto. Enquanto observava a mãe de Theo sair, eu sabia que as coisas não seriam simples entre nós, não com ela por perto.
