Capítulo 2
Engoli em seco, minha garganta seca enquanto olhava fixamente para os olhos frios e implacáveis de Theo Rodriguez. Cada parte de mim tremia, mas eu me recusava a recuar. A vida do meu pai dependia desse momento.
— Por favor — comecei, minha voz trêmula, mas ficando mais firme a cada palavra. — Me dê um tempo. Eu pago o dinheiro de volta. O que quer que ele deva, eu vou consertar.
Por um momento, houve silêncio. Então, Theo soltou uma risada aguda e sem humor, o som cortando a tensão como uma lâmina. Ele balançou a cabeça, seus olhos escuros brilhando com diversão.
— Você acha que isso é algum troco que seu pai deve, cariño? — ele zombou, o termo soando mais como zombaria do que carinho. — Esta não é uma dívida que você pode pagar pulando alguns lattes ou vendendo algumas bugigangas.
Respirei fundo, forçando-me a manter a voz firme.
— Quanto ele deve? — perguntei, embora não tivesse certeza se queria ouvir a resposta.
Theo sorriu, seu olhar penetrante.
— Quatro milhões de dólares — ele disse casualmente, como se o número não significasse nada para ele.
Quatro milhões. As palavras me atingiram como um soco no estômago. Minha mente correu, tentando processar a enormidade da dívida. Como meu pai tinha se metido em tal confusão? Como eu poderia começar a consertar isso?
Cerrei os punhos, ignorando a forma como meu peito se apertou diante do seu olhar penetrante.
— Eu pago — eu disse firmemente, embora não tivesse ideia de como. — Por todos os meios necessários. Só, por favor, me dê tempo.
Theo se inclinou para frente levemente, seus olhos se estreitando como se procurasse uma rachadura na minha determinação.
— Um mês — ele disse friamente. — Eu te dou trinta dias para conseguir quatro milhões de dólares. Nem um dia a mais.
Minha respiração ficou presa na garganta. Trinta dias? Eu mal ganhava dois mil e quinhentos dólares por semana no meu trabalho. Mesmo se eu trabalhasse sem parar, levaria anos para ganhar esse tipo de dinheiro.
— Theo — implorei, minha voz suavizando. — Um mês não é o suficiente. Por favor... pelo menos me dê seis meses.
Ele soltou uma risada baixa e zombeteira, recostando-se na cadeira como se meu desespero o divertisse.
— Seis meses? Você acha que eu administro uma instituição de caridade? Não estou aqui para esperar enquanto você junta uns trocados.
— Por favor — sussurrei, minha voz embargada. — Eu farei o que for preciso. Só me dê uma chance.
A risada de Theo desapareceu, substituída por uma seriedade gélida que fez meu estômago revirar.
— Você tem trinta dias, cariño — ele disse, seu tom final. — Se você não tiver o dinheiro até lá, seu pai vai pagar o preço. E acredite em mim, você não vai gostar de como eu cobro minhas dívidas.
Os olhos frios de Theo perfuraram os meus, seu sorriso irônico nunca desapareceu. Ele virou a cabeça ligeiramente e gesticulou para um de seus homens.
— Tire-a daqui. Essa discussão acabou.
O homem deu um passo à frente, sua mão estendida para agarrar meu braço. Quando ele me puxou para longe, não consegui mais segurar. As lágrimas que eu estava lutando transbordaram, quentes e rápidas. Meu corpo tremia com o peso da minha impotência.
Mas enquanto me arrastavam em direção à porta, um pensamento me ocorreu — talvez houvesse outro jeito. Meu coração martelava no peito e, antes que eu pudesse me conter, as palavras saíram.
— E se eu lhe oferecer outro acordo? — perguntei, minha voz trêmula, mas cheia de desespero.
Theo congelou, seus olhos afiados se estreitando enquanto ele se virava para me encarar. Havia um lampejo de curiosidade em seu olhar, como se ele estivesse intrigado com minha audácia.
— Que outro acordo? — ele perguntou, seu tom frio, mas de alguma forma divertido.
Respirei fundo, minhas mãos tremendo, mas não conseguia parar agora.
— E se eu me oferecer? Eu vou trabalhar para você — sem salário. Tudo o que eu ganhar vai para você. Só, por favor, deixe meu pai ir.
Por um momento, Theo apenas me encarou, como se não pudesse acreditar no que estava ouvindo. Então, seus lábios se curvaram em um sorriso diabólico, um que enviou um arrepio por todo o meu corpo.
— Ofereça-se como animal de estimação por um ano — ele disse, sua voz baixa e brincalhona, como se tivesse acabado de encontrar a solução perfeita. — E seu pai estará livre.
Pisquei, confusa.
— Animal de estimação? — repeti, minha voz quase um sussurro.
Os olhos de Theo escureceram com um brilho predatório, seu sorriso se tornando mais sombrio, mais perigoso.
— Não se faça de bobo, cariño — ele disse, seu tom pingando desprezo e algo mais perigoso. — Você sabe exatamente do que estou falando.
Seu olhar deslizou sobre mim, demorando-se em mim de uma forma que fez minha pele arrepiar, e eu senti o calor de seu olhar, cheio de luxúria e poder. Minha respiração ficou presa na garganta quando percebi a gravidade do que ele estava sugerindo. Ele não estava falando sobre trabalhar para ele no sentido usual. Ele queria algo mais. Algo que eu não estava preparada para dar.
Senti meu pulso acelerar, meu coração trovejando no peito quando encontrei o olhar de Theo. Suas palavras pairavam no ar, carregadas de ameaça e poder, mas algo dentro de mim estalou. Que escolha eu tinha? A vida do meu pai estava em jogo, e eu já tinha prometido fazer o que fosse preciso. Mesmo que isso significasse entregar cada pedaço de mim para ele.
Engoli em seco, me preparando enquanto assentia, minha voz mal era um sussurro, mas cheia de uma nova e inesperada resolução.
— Tudo bem. Eu farei isso. Eu serei seu bichinho de estimação.
Os olhos escuros de Theo brilharam com satisfação, um sorriso torto se curvando em seus lábios. Ele se levantou lentamente, seu corpo alto pairando sobre mim, e estendeu a mão para agarrar meu queixo com uma mão, inclinando minha cabeça para cima para encontrar seu olhar. Seus dedos eram como ferro, inflexíveis, me forçando a olhar para aqueles olhos frios e predadores.
— Você acha que tem coragem de se oferecer a mim? — Theo murmurou, sua voz baixa e perigosamente calma. — Você não tem ideia no que está se metendo.
Não respondi. As palavras pareciam alojar-se na minha garganta e, apesar do meu medo, não queria dar-lhe a satisfação de me ver quebrar.
Theo se inclinou para mais perto, sua respiração quente contra meu ouvido.
— Mal posso esperar para cortar essas suas asas — ele sussurrou, suas palavras pingando com uma promessa sombria. — Você não vai voar livre por muito mais tempo.
O aperto de Theo em meu queixo aumentou, me forçando a encontrar seu olhar. Seu sorriso era frio e calculista, um olhar que me fez arrepiar a espinha.
— Leve-a para o quarto de hóspedes — Theo ordenou, sua voz baixa e autoritária. — Certifique-se de que ela esteja confortável. Discutiremos os detalhes mais tarde.
Um dos seus homens assentiu e deu um passo à frente, me guiando em direção à porta. Enquanto eu era levado embora, a voz de Theo soou atrás de mim, cortante e final.
— E certifique-se de que o pai dela saiba — ele gritou — que a filha dele agora é minha propriedade.
Fiquei paralisada por um momento, sentindo o peso das suas palavras. Não havia mais como voltar atrás.
Eu tropecei enquanto eles me arrastavam para cima, meu coração batendo forte a cada passo. O homem que segurava meu braço apertou seu aperto, deixando claro que não havia escapatória. Quando chegamos ao topo da escada, ele me levou por um corredor estreito, seus passos ecoando no silêncio.
A porta do quarto foi aberta, e eu fui empurrado para dentro. Era grande, mas simples, as paredes nuas e a falta de decoração o tornavam frio e pouco acolhedor. Não parecia nada com um quarto de hóspedes, mais como uma gaiola, um lugar para pessoas como eu, como Theo havia deixado claro. Havia uma cama grande no centro do quarto, seus lençóis escuros contrastando com o chão claro.
Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, um dos homens de Theo deu um passo à frente, trancando a porta atrás de mim com um clique final e pesado. Eu podia ouvir o som da fechadura girando no lugar, e a realidade da minha situação me atingiu com força.
Eu estava presa.
Meus joelhos cederam, e eu afundei na cama, minha mente correndo. Não havia mais volta agora. Eu estava à mercê dele, e não tinha ideia do que ele planejava fazer comigo. O silêncio no quarto era sufocante, e o único som que eu conseguia ouvir era minha própria respiração irregular.
Sentei-me na cama, minhas mãos tremendo enquanto tentava entender tudo o que tinha acabado de acontecer. Eu estava presa, sozinha, e o peso das palavras de Theo ecoavam em minha mente.
O quarto parecia mais frio do que antes, o silêncio me pressionando. Meu telefone, que eu mal tinha notado antes, vibrou de repente no meu bolso. Eu o tirei, meu coração batendo forte quando vi a mensagem na tela.
Era de um número desconhecido.
[Você me pertence agora!]
Eu congelei, meu estômago embrulhou. Quem mais sabia? Havia mais nisso do que eu percebi?
O medo me atingiu novamente. Não havia como dizer o que aconteceria em seguida.
