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Capítulo 1

A porta se abriu com um estrondo ensurdecedor, sacudindo as próprias paredes da nossa pequena e decadente casa. Meu coração pulou na garganta quando três figuras imponentes invadiram o interior, seus ternos escuros e olhares frios exalando perigo. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, eles agarraram meu pai, Javier, que estava sentado em sua poltrona gasta, segurando um livro velho.

— Me soltem! — ele gritou, lutando contra o aperto deles, mas não adiantou.

Esses homens eram construídos como montanhas, e sua força era avassaladora. Um deles o empurrou para o chão com força brutal, acertando um chute forte em suas costelas.

— Pai! — gritei, correndo para frente, mas outro homem se colocou na minha frente, seu olhar me parando no meio do caminho. Sua expressão fria e calculada deixou claro — um movimento errado e eu me arrependeria.

— Fique para trás — ele rosnou.

Meu pai tossiu violentamente, sangue escorrendo do canto da boca enquanto ele engasgava:

— Por favor... Eu vou devolver o dinheiro! Só preciso de mais tempo!

Eu congelei, meu sangue gelando. Dinheiro? Que dinheiro? O que ele tinha feito para trazer esse pesadelo até a nossa porta?

— Você não tem tempo — um dos homens disse, sua voz afiada e implacável. — Você roubou do Sr. Rodriguez. Você sabe o que acontece com ladrões.

Theo Rodriguez. O nome me atingiu como uma marreta. Eu tinha ouvido sussurros sobre ele — implacável, intocável, um homem que ninguém ousava cruzar. E agora, meu pai estava à sua mercê.

Lágrimas turvaram minha visão enquanto eu observava outro chute atingir o lado do meu pai.

— Pare! — implorei, minha voz tremendo. — Por favor, pare de machucá-lo!

O homem que me segurava me deu um sorriso cruel.

— Implorar não vai ajudar. O Sr. Rodriguez decidirá seu destino.

Eu me senti impotente, sufocado pelo medo. Mas eu não podia deixar que levassem meu pai embora. Engolindo o nó na garganta, eu disse:

— Leve-me até ele. Deixe-me falar com Theo Rodriguez.

Os homens trocaram olhares antes de um deles soltar uma risada.

— Você? Você acha que consegue argumentar com ele?

Eu assenti, me forçando a ficar de pé apesar do tremor nos meus joelhos.

— Por favor... só me dê uma chance.

Um dos homens agarrou meu braço com força.

— Tudo bem. Mas não pense nem por um segundo que você pode mudar a mente dele. Você verá o que acontece quando as pessoas o desafiam.

Enquanto me arrastavam para fora de casa, a voz fraca do meu pai me chamou.

— Sofia, não.

A voz quebrada do meu pai ecoou em meus ouvidos enquanto os homens me puxavam para frente, suas garras de ferro machucando meus braços. Lá fora, o ar frio da noite batia em meu rosto, mas não acalmava a tempestade que se formava dentro de mim. Estacionado no meio-fio estava um sedã preto elegante, sua superfície polida refletindo o brilho fraco dos postes de luz. O veículo gritava riqueza e poder — tudo o que eu imaginava que Theo Rodriguez personificava.

— Entre — gritou um dos homens, empurrando-me em direção ao carro.

Hesitei por um momento, o medo me prendendo ao local, mas um empurrão forte me fez tropeçar para frente. Minhas mãos pressionaram o metal frio da porta, e lancei um olhar para trás, para a casa. Meu pai ainda estava lá dentro, caído no chão e segurando seu lado. A visão dele, machucado e indefeso, endureceu minha determinação.

Entrei no carro, os bancos de couro frios e desconhecidos sob minhas mãos trêmulas. Um dos homens deslizou para o meu lado, sua presença imponente ocupando muito mais espaço do que sua forma física deveria. Outro homem sentou no banco do passageiro da frente, e o motorista, silencioso e eficiente, ligou o motor. O zumbido do veículo me deu um arrepio na espinha.

Enquanto o carro se afastava do meio-fio, olhei pela janela escura, observando minha casa desaparecer na distância. Era como se eu estivesse sendo arrancado de tudo que era familiar e jogado no desconhecido — um mundo onde pessoas como Theo Rodriguez reinavam supremas.

O homem ao meu lado falou, sua voz baixa e ameaçadora.

— Você é corajosa ou estúpida, garota. A maioria das pessoas teria ficado de boca fechada.

Não respondi. Minha garganta estava muito apertada, e minhas mãos se fecharam em punhos no meu colo para evitar que tremessem. Cada instinto gritava para eu correr, mas não havia como escapar agora. Eu tinha entrado voluntariamente no covil do diabo, e teria que enfrentar o que quer que me aguardasse.

A viagem pareceu interminável, cada segundo se estendendo para a eternidade. O silêncio no carro era opressivo, quebrado apenas pelo ronco constante do motor. Minha mente correu, evocando imagens de como Theo Rodriguez poderia ser. Implacável, os homens disseram. A punição de um ladrão era certa. Ele me daria a chance de implorar pela vida do meu pai?

Por fim, o carro diminuiu a velocidade, entrando na entrada circular de uma mansão enorme. A visão me deixou sem fôlego — não por sua beleza, mas por sua grandeza absoluta e imponente. Altos portões de ferro se abriram para nos deixar passar, e a casa surgiu à frente, uma fortaleza de vidro e pedra banhada por uma luz dourada assustadora.

O carro parou, e o homem ao meu lado gesticulou para que eu saísse. Minhas pernas pareciam gelatina quando pisei no cascalho imaculado. As portas da mansão se abriram, e uma onda de luz quente se espalhou, lançando longas sombras pela entrada.

— Mova-se — um dos homens rosnou, me empurrando em direção à entrada.

As grandes portas rangeram ao abrir quando fui empurrado para dentro, e tropecei um pouco, me segurando antes de cair. O interior era tão intimidador quanto o exterior — pisos de mármore brilhavam sob um lustre de cristal, e cada centímetro do espaço irradiava poder e riqueza. Meu coração disparou enquanto eu seguia os homens mais profundamente na mansão, meus passos ecoando no salão cavernoso.

Entramos em uma sala de estar ampla, com paredes adornadas com arte cara e prateleiras forradas com livros encadernados em couro. No outro extremo da sala, uma grande escadaria subia em espiral. Descendo-a, com um ar de autoridade que fez os pelos da minha nuca se arrepiarem, estava ele — Theo Rodriguez.

Minha respiração ficou presa. Ele era alto e bem vestido, sua presença comandando o ambiente. Seu cabelo escuro estava perfeitamente penteado, e seus olhos penetrantes se fixaram em mim com uma mistura de curiosidade e frieza. Mas não foi apenas sua aura de comando que me congelou, foi seu rosto. Ele parecia familiar, como alguém que eu já tinha visto antes. Eu não conseguia identificar onde ou como, mas a semelhança puxava as bordas da minha memória, me deixando inquieta.

Theo parou no meio da escada, seu olhar afiado passando rapidamente para o homem ao meu lado.

— Quem é esse? — ele perguntou, sua voz profunda cortando o silêncio como uma lâmina.

— Esta é a filha do Sr. Vargas — respondeu o homem rigidamente.

A expressão de Theo escureceu em um instante. Sua mandíbula se apertou enquanto ele descia o resto das escadas rapidamente, seus movimentos afiados e precisos. Sem aviso, sua mão atacou, dando um tapa no homem que havia falado. O som ecoou na sala, e eu estremeci, meus olhos se arregalando em choque.

— Eu pedi para você trazer a filha dele? — A voz de Theo era baixa, mas a fúria nela era inconfundível. Ele olhou para o homem, que abaixou a cabeça em submissão.

Os olhos de Theo então se voltaram para mim, e o desgosto em seu rosto fez meu estômago revirar.

— Leve-a embora — ele ordenou friamente, sua voz pingando desprezo. — Me traga o pai dela. Não tenho interesse em lidar com sua prole.

O homem assentiu e pegou meu braço, pronto para me arrastar para longe, mas o desespero tomou conta. Eu não podia deixá-los me levar de volta sem dizer nada, não quando a vida do meu pai estava em jogo.

— Por favor, me escute! — Eu gritei, minha voz falhando.

Os homens congelaram, assustados com minha ousadia. A mão de Theo, que estava pronta para me dispensar, parou no ar. Ele olhou para mim, seus olhos se estreitando como se tentasse me entender. Lentamente, ele levantou a mão novamente, sinalizando para os homens pararem.

O silêncio que se seguiu foi sufocante. Seus olhos perfuraram os meus, e eu me senti pequena sob seu olhar penetrante.

— Você tem muita coragem de falar comigo desse jeito — ele disse, seu tom cheio de desdém. — Você tem um minuto. Fale.

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