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Capítulo 6

— Por que você me quer aqui? — pergunto, enquanto ele passa as mãos pelos braços da poltrona.

— Eu trouxe você porque você é minha. Vai viver comigo, vai ficar ao meu lado. — responde ele, firme.

— P-por quê? — mexo nervosamente na barra do meu vestido.

— Porque eu quero você. — ele sorri, de um jeito quase diabólico.

— Mais alguma coisa que queira me perguntar? — ele ergue uma sobrancelha enquanto eu baixo o olhar e engulo seco.

— Quando posso ir embora? Não quero ficar aqui... — murmuro, esperando que ele me deixe partir. Mas ele franze a testa.

— Nunca mais faça essa pergunta, porra. — ele rosna, e seus olhos se estreitam levemente. Parece que não existe jeito certo de lidar com esse homem.

Ele se levanta e começa a se afastar. Não, ele não pode me deixar sem resposta.

Estendo a mão e puxo a manga da jaqueta dele. Ele para e me encara enquanto eu encaro de volta.

— P-por favor, me deixe ir. Eu farei qualquer coisa, não contarei a ninguém... — grito, já desesperada. Pela expressão dele, não parece estar nada satisfeito.

— Por amor! Droga, Isadora, cale a boca! Você não vai embora. Nem agora, nem amanhã, nem nunca! Nunca mais peça isso de novo. Quer que eu te machuque? É isso? Quer que eu te bata? — ele grita, e eu balanço a cabeça rapidamente, chorando.

Gritar ou me repreender faz com que eu chore feito uma criança. Mas, sinceramente... o que mais eu poderia fazer? Estou sendo mantida à força por um chefe da máfia que, pelo que sei, já matou dezenas de pessoas. Não dá para me culpar por querer ir embora.

— Não, não... — sussurro, com medo de que ele me bata.

— Então faça o que eu mandei, porra. E respondendo sua pergunta: você não vai ficar aqui para sempre. — ele me olha, sério. Meus olhos brilham de esperança. Ele vai me deixar ir.

Estou tão feliz...

— De verdade? — digo, esboçando um leve sorriso.

— Não. Só por alguns meses, até eu resolver algumas questões. Depois, comprarei outro imóvel para você e vamos morar lá. Só você e eu. Que tal, querida? — ele empurra meu cabelo para trás, e meu sorriso desaparece.

A tristeza me invade novamente.

— N-não, não, por favor... P-por favor, me escute. O que você está fazendo não está certo. Não pode me manter aqui para sempre. Eu nem sequer o conheço. — choro alto, e ele cerra a mandíbula.

Antes que eu perceba, ele agarra meu braço e começa a me arrastar escada acima. Tento me soltar, mas não consigo. Ele anda rápido, e eu corro atrás, agarrando sua mão em vão.

Chegamos finalmente ao quarto dele. Ele tranca a porta e me leva até o pé da cama, puxando-me pelo braço e deitando-me em seu colo. Meu corpo repousa sobre ele. Aperto os punhos contra suas coxas, tentando levantar, mas ele me segura firme.

— Fique quieta. — ele ordena, com voz rouca. Sinto o ar roçar minhas pernas enquanto ele puxa meu vestido para cima, e eu tremo.

— Por favor, por favor... — me contorço, mas é inútil. Ele é forte demais.

Ele levanta meu vestido, expondo minhas nádegas.

— Que foda. — ele murmura, deslizando o dedo indicador pela minha coxa superior, provocando um suspiro escapar da minha boca.

Sua palma toca minhas nádegas, e minha respiração acelera.

— Por favor... — ofego, tentando me libertar.

— Cale a boca.

De repente, sinto sua mão me bater. Grito de dor intensa.

— Peça desculpas, querida — ele exige, e eu obedeço.

— Eu... eu sinto muito, por favor... — sussurro, quase sorrindo de nervoso. Ele me bate de novo, mais forte, e afundo o rosto nos lençóis, gritando de dor.

Ele repete várias vezes, e cada vez a dor parece insuportável. Sinto que vou desmaiar.

— É isso aí, grite para mim. — ele rosna de forma sádica. Posso sentir que ele gosta disso, e só de pensar fico aterrorizada.

Caio na mesma área com força, queimando de dor. Minha pele parece que vai rasgar. Não consigo suportar.

— Não, por favor... — choro ainda mais alto, se isso é possível.

De repente, ele para. Mas sinto sua respiração perto de mim. Passa a mão suavemente sobre a área machucada.

— Diga meu nome novamente — ordena, com a voz mais profunda que já ouvi.

— Por favor... — suspiro, esperando que ele me solte. Mas ele me bate de novo, e grito enquanto levanto a cabeça. Talvez, se disser o nome dele, ele me deixe em paz.

— Caio, por favor... me desculpe. —

Ele para e acaricia a área machucada. Choro inconsolável.

— Mmm, bom. Eu não queria fazer isso, Isadora, mas você não me deixou escolha. — sussurra, soltando-me lentamente.

— Você vai ser uma boa garota para mim? — pergunta, tocando meu cabelo.

— S-sim. — respondo, baixa e temerosa.

— Bom. Vou embora agora, mas espero que se comporte, entendeu? — ele solta minha mão e se levanta, ajeitando o paletó.

Corro para a cabeceira da cama e abraço os joelhos. Assinto com a cabeça, e ele sorri.

— Voltarei à noite. Enquanto isso, pode procurar a Bruna no andar de baixo, ela vai te mostrar o local — sugere, pegando uma gravata preta da gaveta.

— Quero ficar aqui. — limpo minhas lágrimas com a mão.

Ele se aproxima e se agacha à minha frente. Olho para ele, olhos arregalados de medo. Agora, estou ainda mais assustada.

— Não vai se despedir de mim? — pergunta, acariciando minha bochecha. Mantenho o rosto impassível. Fecho os olhos, sem saber o que ele fará.

Ele toca meus lábios na bochecha, a mão em meu queixo.

— Até logo, querida — sussurra. Sinto minhas bochechas queimarem. Foi estranho.

Levanta-se e sai, deixando-me sozinha com a dor nas nádegas, o rubor no rosto e milhares de pensamentos girando na cabeça.

Não sei o que sentir. Ele vai me machucar? Ou pior... me estuprar?

Não, não, não...

Não posso deixar isso acontecer. Minha inocência é tudo que me resta. Quero que meu primeiro beijo seja especial, talvez no meu casamento, com meu futuro marido. Mas isso parece impossível se continuar trancada aqui.

Pode parecer loucura, mas acredito no amor. Embora nunca tenha tido namorado, acredito que alguém um dia me amará incondicionalmente.

Sinto falta do Seu João, da Dona Helena, das crianças do orfanato. Ele podia não ter muito, mas era feliz. Agora, estou vazia.

Se quiser sair daqui, preciso ter fé. Consumida por pensamentos, finalmente adormeço.

Adoro dormir. Relaxa minha mente.

Não sei quanto tempo dormi. Não sei a hora. Mas não me importo, estou cansada de pensar demais.

Ouço a porta ranger e passos se aproximarem. Sinto uma mão em meu ombro. É Caio, voltou.

— Isadora? — ele me sacode gentilmente.

— Acorde, querida. Precisa comer — sussurra. Abro os olhos e me apoio no cotovelo.

— Q-que horas são? — pergunto.

— 14h — responde, olhando no relógio de pulso.

Levanto-me sentando na cama, mãos ao lado do corpo. Gemo. Minha bunda ainda dói. Ele definitivamente me assustou.

— Ainda dói? — pergunta, e eu assinto, franzindo a testa.

— Vai passar logo. Eu não queria fazer isso, meu anjo, mas queria que você aprendesse a sempre me dizer sim, entendeu? — acaricia minha cabeça.

Sério mesmo? Ele quer que eu me cale e não me defenda?

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