Capítulo 5
Tiro minhas roupas devagar, com lágrimas ainda escorrendo pelo rosto. Jogo a saia no sofá e começo a tirar a camisa. De repente, ouço algo bater no carpete. Viro-me e meu coração dispara: eles esqueceram meu telefone! Posso ligar para a polícia e sair daqui. Agacho-me, pego o aparelho e disquei, esperando impacientemente alguém atender. Por favor, atenda, por favor...
— O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO? — levanto o rosto e meus olhos encontram Caio, vermelho de raiva, nariz empinado, punhos cerrados, veias saltadas na testa.
Ele vai me despedaçar.
Deixo cair o telefone quando ele dá passos largos em minha direção. Estou apenas de sutiã e calcinha e tento me cobrir com as mãos, recuando. Ele agarra meu pulso com rapidez e me puxa para perto. Isso vai deixar um hematoma.
— VOCÊ TEM NOÇÃO DAS CONSEQUÊNCIAS DISSO, ISADORA? — grita, encostando-me no espelho do guarda-roupa. O frio faz meu corpo tremer.
Fico em silêncio. O eco dos meus próprios gritos enche a sala.
— POR FAVOR... — imploro, tremendo. — Eu não fiz nada.
Ele torce meu pulso com força para trás, e um gemido de dor escapa de mim.
— Por que você não entende, porra? — bate com o punho na parede e faço um pulo assustado. — Se você fizer algo assim de novo, vai se arrepender!
Ele cospe com raiva, a voz rouca e grossa. Estou com medo.
— Não ouse me desrespeitar! Você vai aprender a obedecer. Fugir não é opção, entendeu? — pergunta, olhando fixamente para meu rosto. As veias de seu braço se destacam, prestes a explodir. Não sei o que fiz. Só quero ir para casa.
— Não vou tolerar seu mau comportamento, Isadora. VOCÊ É MINHA AGORA. GRAVE ISSO NA SUA CABEÇA. Fui claro? — ele segura minha mandíbula com uma mão, levantando a outra ameaçadoramente.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto, e ele as pega com os dedos.
— Pare de chorar e me responda — exige.
Soluço e baixo a cabeça, acenando submissamente. Ele murmura satisfeito:
— Mmm, que bom, querida. Está começando a aprender. Prometo que não vou machucá-la — sussurra ao soltar meu pulso, e sinto uma pontada de dor.
— Você vai adorar este lugar. Mas não me teste, não me dê motivos para perder a paciência — ameaça, passando uma mão em minha bochecha e a outra na minha cintura. — Agora, troque de roupa e desça. Vai conhecer todo mundo direito.
Antes de sair, ele se vira na porta e me chama:
— Ah, Isadora?
— Sim? — respondo, receosa.
— Não se faça de boba — avisa antes de bater a porta atrás de si.
Sento-me no chão, lágrimas escorrendo, desejando acordar de um pesadelo. Mas sei que não é sonho. Minha vida mudou para sempre; ele não me deixará escapar. Tento secar as lágrimas e me levantar, mesmo fraca e tonta.
Escolher uma roupa leva um tempo. Finalmente, opto por um vestido floral branco até o joelho, simples mas elegante. Calço sapatilhas cor de pêssego e saio do quarto.
Uau... esse lugar é enorme, e tudo parece caríssimo. Dois homens de terno guardam uma porta à frente. Estou apavorada. Caio é perigoso, e este lugar é fortemente protegido.
Segurando o cabelo atrás da orelha e brincando com os dedos, desço as escadas, passando a mão pelo corrimão. Ao chegar ao último degrau, solto-o e caminho pelo amplo corredor, sentindo-me cada vez mais tonta e perdida.
Um homem alto, de terno branco e calça azul-marinho, entra e me observa dos pés à cabeça. Bonito, cabelos castanhos e olhos verdes.
— Senhorita Almeida? — pergunta. Aceno com a cabeça.
— Sou Mateus, segundo em comando de Caio. Prazer — diz, sorrindo levemente.
— O chefe quer falar com você. Por aqui — estende o braço, e eu sigo até o que parece ser uma cozinha enorme, maior que meu apartamento.
Meus olhos passeiam pela sala: uma mulher vestida de empregada coloca uma bandeja de comida, e Caio, concentrado no laptop, parece irritado ao lado de outro homem. Espero atenta.
— Chefe? — Mateus quebra o silêncio. Caio levanta-se e me encara com um sorriso de canto de boca.
— Amor, venha, sente-se — diz, dando um tapinha no banco ao lado. Eu obedeço, cabisbaixa. Ele coloca a mão áspera em minha coxa, e um arrepio de desconforto percorre meu corpo.
— Você está linda com esse vestido, querida — elogia, o olhar carregado de luxúria me fazendo corar.
— Obrigada — respondo, tensa, desejando desaparecer dali.
— Por que não comem e conversam um pouco? — sugere, deslizando a bandeja para frente. Pego o garfo e tento aparentar normalidade.
Caio me apresenta a Tiago, um de seus homens, e a Bruna, uma das empregadas. Tento sorrir educadamente, acenando para ambos.
Depois de comer, coloco as mãos entre as coxas, tentando me recompor. Caio se levanta, ajusta o paletó e segura minha mão, arrastando-me para fora da cozinha. Ele é alto, musculoso, imponente.
Abre uma porta de mogno e me empurra para dentro de uma sala com mesa de vidro cercada por sofás de couro preto.
— Sente-se — ele indica, trancando a porta e aproximando-se de mim, aumentando a tensão.
— Vamos conversar, querida — diz sorrindo, cruzando as pernas.
Engulo em seco, mãos suando, coração disparado. Sobre o que ele quer falar? Sobre o meu sequestro? Sobre como arruinou minha vida?
— Sobre as regras. Você não está aqui há muito tempo e já causou confusão. Não vou tolerar isso. Você aprenderá a me respeitar e obedecer — exige, severo.
Olho para baixo, tentando achar uma forma de não provocá-lo.
— Eh... eh... eh... — gaguejo, depois tosso nervosa. —Por que tudo de ruim acontece comigo?
— Fale — ordena, enquanto me fixa com os olhos.
