Capítulo 3
Então eu entendi. Ela não era uma garota qualquer. Isso significava que jamais se apaixonaria por um monstro como eu. Ela tinha tudo, mas não que se importasse. Uma garota tão boa e perfeita só enxerga o coração das pessoas. E eu não tenho coração. Mas, mesmo assim, queria que ela me amasse. Queria que fosse minha, e a única forma de conseguir isso seria pela força.
Eu sabia que estava errado, mas sou egoísta. Durante toda a minha vida, nunca me negaram nada. Sempre consegui o que queria. Então, ao descobrir que ela não iria gostar de mim, não gostei nem um pouco da ideia. Eu tinha que tê-la. Seria minha para proteger, minha para segurar.
Em dois anos, nunca a vi saindo com ninguém. Sempre me perguntei por quê. Tenho certeza de que ela não teria dificuldade em conquistar qualquer homem. Podia fazer qualquer um quebrar os dentes só para chamar sua atenção. Sua inocência e pureza me cativaram. Queria ser o único capaz de fazê-la corar.
Adoro o fato de ela ainda ser pura e intocada. Porque assim posso ser o primeiro. Eu a trancaria no quarto, faria dela meu prazer durante toda a noite. Far-lhe-ia gemer meu nome enquanto se encolhia sob mim, atingindo o ponto certo a cada investida. Só de imaginar sua respiração ofegante, mordendo o lábio, agarrando-se a mim para se proteger... fico excitado. Ver suas coxas apertarem de prazer — ah, como queria ouvir seu grito do meu nome!
Eu a protegeria de todo mal. Não passou despercebido que ela teve uma vida difícil. Vivendo sozinha, sustentando-se sozinha. Não se prostituía, não vendia seu corpo por dinheiro. Tinha orgulho, e eu admirava isso.
Quando ela estiver em minhas mãos, ninguém mais terá vez. Podem ter tudo o que quiserem, mas ela será minha por completo. Compraria tudo o que desejasse, e ela não precisaria se preocupar com nada. Todos estariam a seu serviço, como se fosse minha rainha. Sra. Caio Moreira, você deve ser respeitada e protegida. Basta ficar ao meu lado, e eu lhe darei o mundo.
Saí dos meus pensamentos quando ouvi Mateus me chamar. Meu homem de maior confiança. Somos como irmãos, crescemos juntos, e agora trabalha para mim.
— Chefe.
— O que foi, Elias?
— O Davi está aqui.
— Que diabos ele quer aqui?
— Veio com sua mãe.
Droga... realmente podia passar sem isso hoje.
— Um pouco difícil falar sobre seu irmão mais novo, não? — ele pergunta.
— Tenho minhas próprias coisas para pensar — respondo, sem tirar os olhos do laptop.
— Bem, ele só quer almoçar.
— Diga que estou ocupado com negócios. Peça a uma das empregadas que coloque sua mãe em seu quarto — ordeno.
— Ele insiste, chefe. Fez reservas em algum lugar.
Na última vez que o vi, você estava trabalhando comigo, Mateus. Se não fizer como eu digo, podem acabar colocando uma bala entre seus olhos.
— Você não me mataria, Caio — ele ri.
— Saia daqui e me deixe voltar aos meus afazeres — encaro-o.
— Você é o chefe. Mas, se mudar de ideia, a reserva é no Brisa da Lua — brinca.
O nome chama minha atenção. Ele sabe onde trabalha.
— Por que não disse isso logo, sua vadia? — pergunto, pegando a jaqueta e me levantando.
— Você é louco, chefe — ele ri.
— Cale a boca, Mateus — lanço-lhe um olhar mortal enquanto saímos do escritório.
Descendo as escadas, encontro Davi e minha mãe na sala de estar.
— Mamãe, como você tem passado?
— Olá, querida. Estou bem. Vou preparar a comida. Você vai ficar?
— Mãe, as empregadas podem cuidar disso. Vá descansar em seu quarto — arqueei a sobrancelha.
— Ou talvez você possa se casar, e sua esposa e eu prepararmos o almoço juntos. Só uma ideia.
Maldita mulher, sempre tentando me casar.
— Em breve, mãe. Muito em breve.
— Vou almoçar com Davi e Mateus. Não vai demorar.
— Tudo bem. Divirtam-se — ela me abraça.
...
Chegamos ao Brisa da Lua, o lugar onde meu anjo trabalha.
— Onde diabos está a garçonete? — Davi bate na mesa.
Ele não sabe nada sobre Isadora. Ninguém sabe, exceto alguns dos meus homens e Mateus, claro.
De repente, ela aparece, iluminando o ambiente enquanto ajusta o uniforme. Não percebe que todos os homens do restaurante — mesmo acompanhados — a observam. Seus seios e pernas à mostra... estou prestes a explodir de raiva.
Como pode ser tão ingênua? Tão inocente? Quero-a aqui, agora. Mas tudo de bom vem para quem espera.
— Oi, linda — digo para Davi, que lambe os lábios enquanto a observa.
Se não fosse meu irmão, eu o teria matado. Preciso escondê-la de todos esses cães. Ela é minha, só minha.
— Cale a boca, Davi — Mateus alerta. Ele sabe o que está acontecendo.
— O quê? Ela é bonita — sussurra Davi.
Dizendo o óbvio, irmão.
Lanço-lhe um olhar fulminante. Ele imediatamente fica sério.
— Posso anotar seu pedido? — ela pergunta, e meu Deus... queria acordar com essa voz todos os dias. Ouvir seu sussurro é música para meus ouvidos.
Olhei para ela de lado. Pela primeira vez, nossos olhos se cruzam — caramba, um espetáculo! Seus olhos azuis, puros, me prendem. Depois de uma eternidade, ela desvia o olhar, corando. Ela é perfeita.
— Vamos querer o bife e a melhor garrafa de vinho que tiver — ordena Mateus.
Ela acena, arqueando as sobrancelhas, e sorri antes de sair.
Observo seu quadril balançar enquanto desaparece. Não consigo me fartar dela.
Alguns minutos depois, levanto-me para ir ao banheiro. Mulheres lançam olhares de flerte, mas nenhuma se compara a Isadora.
Ao voltar, vejo-a em um corredor, franzindo a testa. Um homem de meia-idade, careca, encosta nela. Suas mãos deslizam dos quadris para a coxa. Ela se encolhe.
Eles estão forçando-a?
Cerrei a mandíbula. Não posso permitir. Mas não quero que ele veja minha reação. Contive-me. Ele se arrependerá esta noite.
De repente, ela bate em meu peito. Olho para baixo e vejo-a. Não consigo me equilibrar, agarro sua cintura. Primeiro toque, já obcecado.
Seus olhos azuis me encaram, inocentes como um filhote perdido.
— Sinto muito — sussurra, suave. Coloca um fio de cabelo atrás da orelha, enxuga as lágrimas.
Minha raiva só aumenta. Ela obviamente odeia que aquele bastardo a toque. Hoje à noite, consertarei tudo. Ela começará uma nova vida comigo, sendo tratada como uma rainha.
— Está tudo bem? — pergunto. Sei que não estou, mas precisava saber.
— Ei, sim... estou bem. Desculpe-me — repete, tão pura, tão tímida. Isso só aumenta meu domínio.
— Não se desculpe, anjo — digo, vendo-a corar. As lágrimas ainda escorrem pelo seu rosto. Pego minha jaqueta, o lenço, entrego a ela. Ele não merece chorar.
