Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 7 Virando o jogo

Durante o trajeto, aquele soldado grandão não ousou mais olhar para Rafael nem uma vez, apenas manteve a cabeça baixa, abatido. Duas horas depois, o caminhão militar entrou na base militar do Comando Militar do Sudeste.

Rafael foi escoltado, mas não tinha absolutamente nenhuma consciência de ser um prisioneiro, apenas observava casualmente a base. Já deviam ter saído de Maravia, agora provavelmente estavam no território de Ilha das Velas.

Que diabos? A base estava cheia de helicópteros por toda parte, mas mandaram uns caminhões velhos para me buscar? Que falta de respeito com esse suspeito!

— Relatório! — Ricardo escoltou Rafael até a porta de um escritório.

— Entre! — veio uma voz grave de dentro.

Ricardo abriu a porta, entrou ereto e fez continência para a pessoa dentro:

— Relatório, comandante! Ricardo do Esquadrão Águia trouxe o suspeito conforme ordenado, aguardo instruções!

— Deixe o suspeito aqui, você pode descansar! — O homem de meia-idade acenou com a mão.

— Sim, senhor!

Quando Ricardo saiu, o grande escritório ficou apenas com o homem de meia-idade e Rafael.

Rafael examinou sem cerimônia o homem de meia-idade à sua frente. Sobrancelhas grossas, olhos grandes, rosto quadrado típico com ângulos bem definidos, olhos brilhantes e penetrantes, parado com as mãos nas costas, dando uma impressão de autoridade natural. Vestia um uniforme militar bem cortado com duas estrelas douradas brilhantes nos ombros. Era general de divisão!

Rafael o examinava, e ele também examinava Rafael. Era óbvio que seus olhos estavam cheios de desdém e uma raiva deliberadamente reprimida.

— Você é o André? — Rafael se sentou descaradamente à sua frente, e sem se importar se aquela xícara de chá na mesa havia sido usada, a pegou e bebeu tudo, sem ter a menor consciência de ser um prisioneiro.

Que alívio! Droga, aqueles idiotas do Esquadrão Águia não me deram nem um gole d'água em duas horas, estava morrendo de sede! O chá especial dos altos comandantes militares realmente era diferente, embora não sentisse muito sabor ao beber, depois deixava um gosto agradável na boca.

André ficou atordoado, obviamente não esperando que essa pessoa fosse tão atrevida na sua frente. Ele achava que estava nos bares e clubes noturnos que frequentava? André conteve a raiva e perguntou de volta:

— Você é o Rafael?

— Você mandou me prenderem e não sabe quem sou? — Rafael revirou os olhos. — Fala logo, para que me trouxe aqui? Rápido, tenho que voltar para casa jantar!

Rafael pensava que esse filho de Ernesto também não era grande coisa, nem era mais bonito que ele! Já tinha visto o suficiente, hora de voltar para casa.

André bateu com a palma da mão na mesa, fazendo tudo em cima dela tremer, e gritou furioso olhando para Rafael:

— Por que te prendi, você não sabe? Só quero ver que tipo de pessoa teve a coragem de colocar as mãos na minha filha!

Ele estava realmente furioso. A filha sempre foi a menina dos seus olhos, e se não fosse por precaução, sua filha querida realmente teria sido violentada por esse desgraçado!

— Tá bom, agora já viu, pode me soltar? — Rafael não se importou com a raiva de André, esticou o pescoço rígido, se levantou e estendeu as mãos algemadas para André, indicando que deveria mandar alguém abrir as algemas.

— Chegou até aqui e ainda quer ir embora? Agressão a familiares de oficiais militares de alta patente... Só isso já é suficiente para te fuzilarem! — André olhou furioso para Rafael, obviamente sem intenção de soltá-lo.

Rafael deu de ombros indiferente, sentou-se de volta e sorriu olhando para André.

— Comandante André, não esqueça que os guarda-costas da sua filha também quase me mataram! Se não me engano, agressão intencional contra outras pessoas também deveria resultar em prisão e condenação, não é?

— Te matassem mesmo! Seria fazer um favor à sociedade! — André disse com desdém. — Pensei que você tinha morrido, não esperava que em apenas uma semana já tivesse saído do hospital. É verdade mesmo que gente boa morre cedo e peste dura mil anos!

Antes ele não havia dado seguimento ao caso porque achava que o garoto certamente não sobreviveria, mas não esperava que em apenas uma semana ele saísse saltitante do hospital. Isso imediatamente reacendeu a raiva que estava começando a se acalmar no coração de André. Se não executasse esse desgraçado que quase desonrou sua filha, não seria suficiente para acalmar a fúria em seu peito!

O rosto de Rafael escureceu. Porra, então eu deveria ter morrido mesmo? Os guarda-costas da sua filha não me mataram, agora você, comandante do Comando Militar do Sudeste, quer me fuzilar? Acham mesmo que a família Costa pode tapar o céu com uma mão?

— André, você realmente quer me fuzilar? — Rafael semicerrou os olhos, mostrando um sorriso frio e sinistro.

André, um comandante militar respeitável, no território do sudeste, quem ousaria chamá-lo pelo nome? Esse desgraçado na sua frente estava o desprezando assim? André ficou ainda mais furioso:

— Se vou te fuzilar ou não, não sou eu quem decide, deixe a corte marcial julgar!

Falava bonito sobre deixar a corte marcial julgar, mas droga, a corte marcial não era controlada por esses caras mesmo? Parecia que André estava determinado a tirar sua vida! Rafael estava se preparando para dar uma lição em André quando de repente lembrou de algo, sorriu ligeiramente, apontou para o telefone na mesa e perguntou calmamente:

— Não se importa se eu fizer uma ligação?

— O quê, quer que seu pai te salve? Não tenho medo de te dizer a verdade: a família Martins não tem essa capacidade! — André já havia investigado tudo sobre a família Martins. Era apenas uma família de comerciantes. Aos olhos de pessoas do seu nível, por mais ricos que fossem os comerciantes, não conseguiam se destacar. Diante do poder absoluto, de que servia o dinheiro?

Rafael não se importou com seu sorriso desdenhoso e pegou diretamente o telefone, discando um número de celular.

André não impediu sua ação, apenas se aproximou curioso para ver que truque esse garoto queria fazer.

O telefone foi rapidamente atendido, e uma voz cheia de autoridade veio da linha:

— Quem fala?

Ao ouvir a voz, André ficou imediatamente petrificado. Conhecia aquela voz muito bem, pois era claramente a voz de seu pai, Ernesto Costa!

Naquele momento, André ficou chocado. Como esse desgraçado tinha o número do seu pai, e além disso seu pai estava atendendo pessoalmente? Então definitivamente era o número do celular de Ernesto! Ligações normais eram sempre atendidas pelo secretário particular ou pelos seguranças de Ernesto.

Quem conhecia o número do celular de seu pai, além dos grandes chefes, eram apenas alguns filhos e netos da família Costa. Será que Isabela havia dado o número? Impossível!

— Quem eu sou não é importante, o importante é: Ernesto ainda se lembra da promessa feita em treze de março? — Rafael disse tranquilamente.

Como membro de "Os Executores", havia pessoas incontáveis que lhe deviam favores. Por acaso, Ernesto também lhe devia um favor. Ele uma vez salvou a vida de Ernesto, e como agradecimento, Ernesto lhe deu uma promessa.

— Lembro, por favor, diga como posso ajudar o senhor, farei tudo que estiver ao meu alcance! — Veio a voz emocionada de Ernesto do telefone.

Ernesto estava realmente emocionado. Três anos atrás, quando inspecionava o Comando Militar do Noroeste, foi atacado por um grande número de militantes não identificados. Os seguranças ao seu lado foram dizimados enfrentando inimigos em número muito superior. Quando pensou que sua vida seria perdida no deserto do noroeste, de repente apareceu um especialista que não só o salvou facilmente, como também eliminou todos os inimigos.

Como um dos grandes chefes militares de Solvânia, Ernesto havia visto muitos especialistas, mas era a primeira vez que via alguém desse nível. Acreditava que mesmo os membros da "Organização do Dragão" seriam facilmente derrotados por essa pessoa. Aqueles métodos implacáveis e ataques frios ainda permaneciam vívidos em sua mente.

Na época, ele perguntou sobre a identidade de seu salvador, mas o outro apenas lhe disse: "Homem de Solvânia!".

Embora a pessoa não tivesse feito nenhum pedido, como agradecimento ao seu salvador, ele fez uma promessa: contanto que não prejudicasse o país, ele poderia ajudá-lo em uma coisa.

Aquela promessa realmente era pesada, mas Ernesto sentia que valia a pena! Ele também era alguém que havia saído de montanhas de cadáveres e mares de sangue, já havia se desapegado da vida e da morte, mas não podia morrer, porque era o pilar da família Costa. Se ele morresse, a família Costa sofreria um golpe devastador, podendo até ser removida de Santa Monica! De certa forma, essa pessoa havia salvado toda a família Costa!

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.