Capítulo 6 André Costa
As viaturas policiais saíram em alta velocidade do condomínio da família Martins, com João ordenando que dirigissem o mais rápido possível. Queria levar Rafael para a delegacia o quanto antes — lá ele estaria mais seguro!
Justo quando João estava com o rosto cheio de ansiedade, as viaturas de repente pararam com um barulho de freios estridentes. Não tinham escolha, pois o caminho à frente estava bloqueado por um grande contingente de soldados armados parados na estrada.
João suspirou resignado — justamente o que mais temia estava acontecendo. Olhou para Rafael, que estava quase cochilando, e enquanto se impressionava com a incrível tranquilidade psicológica desse jovem senhor, balançou a cabeça impotente, suspirando internamente: "Marcos, fiz o que pude..."
Assim que as viaturas pararam, um pelotão de soldados correu para frente, apontando as armas para os policiais. Um homem robusto de rosto escuro, que liderava o grupo, aproximou-se de João, mostrou sua identificação militar e disse:
— Sr. João, estou aqui por ordem do comandante André do Comando Militar do Sudeste para assumir a custódia do suspeito!
João conhecia esse homem. Ricardo Barbosa, capitão do Esquadrão Águia, a força de elite do Comando Militar do Sudeste! Fez um esforço para parecer autoritário e acenou com a mão:
— Ricardo, o suspeito deveria ser levado por nós para a delegacia para interrogatório. Este é um caso criminal, vocês militares se intrometendo seria excesso de autoridade!
Era a única desculpa que conseguiu pensar para proteger Rafael temporariamente. Só esperava que essa estratégia funcionasse com Ricardo.
O som de armas sendo engatilhadas ecoou. Aqueles soldados claramente estavam prontos para atacar à menor provocação. Diante desses militares que não seguiam as regras, todos os policiais, exceto João, ficaram pálidos de medo. Era óbvio que esses caras matavam sem pestanejar, e eles temiam que se João continuasse resistindo, os soldados realmente os matariam! Suas pistolas de serviço, comparadas às armas pesadas desses militares, não passavam de gravetos!
Ricardo levantou a mão fazendo um gesto para que seus homens não agissem precipitadamente, e disse seriamente em voz alta para João:
— O suspeito Rafael Martins está acusado de agredir familiares de oficiais militares de alta patente. Deve ser levado para nossa base para julgamento. Delegado João, não me force a uma situação difícil!
Um era chefe de polícia da cidade, o outro capitão do Esquadrão Águia do Comando Militar do Sudeste. Já haviam colaborado em alguns exercícios antiterrorismo e tinham certa amizade, mas agora ele tinha ordens militares. Amizade não servia para nada!
— Ai... — João suspirou, olhou para os policiais nervosos atrás dele. Sabia que se não entregasse Rafael, esses militares sem lei realmente atirariam em todos. No final, não só Rafael seria levado da mesma forma, como provavelmente esses policiais também morreriam aqui.
Pensando nisso, mesmo sentindo que estava traindo a confiança de Marcos, acabou acenando com a mão:
— Entreguem o suspeito para vocês! Retirada!
A situação estava escalando cada vez mais, e além disso, o outro lado estava usando o fato de agredir familiares de oficiais militares de alta patente. Ele, como chefe de polícia da cidade, não podia mais interferir. Isso já envolvia assuntos militares! João queria dar dois tapas bem dados em Rafael. Tinha que mexer logo com a família Costa? Agora quem diabos pode te salvar?
Rafael estava pouco se importando. Era uma boa oportunidade para ver que tipo de pessoa era o comandante do Comando Militar do Sudeste. Antes sabia da existência dessa figura, mas aparentemente nunca tinha se encontrado com ele pessoalmente. Que fosse, podia considerar como ir visitar um velho conhecido.
Com Rafael sendo levado pelas tropas, todos os policiais suspiraram aliviados. Enfrentar esses assassinos realmente dava arrepios!
— Alô, Marcos... — João pegou o telefone e contou a Marcos que Rafael havia sido levado pelas tropas. Agora quem podia salvar Rafael provavelmente era só Isabela.
Rafael não fazia ideia da preocupação de Marcos e João, e olhava curioso para os soldados sentados ao seu lado. Cutucou Ricardo com o cotovelo:
— Vocês não são forças especiais? Como não têm helicóptero militar?
Helicóptero seria muito mais rápido, chegaria ao destino em poucos minutos!
Ricardo fechou a cara e olhou para Rafael com desdém:
— Fica quieto, se continuar falando merda, hum...
Dizendo isso, o soldado ao lado de Ricardo pegou a arma e fez o gesto de bater com a coronha! Era uma técnica comum dos militares, uma coronhada e qualquer um ficaria no chão obediente. Não esperem que esses soldados que passaram por tiroteios falem sobre "aplicação civilizada da lei". Aos olhos deles, só existiam inimigos e companheiros, e obviamente neste momento Rafael era um inimigo!
— Que forças especiais merdas, nem chegam aos pés da polícia militar... — Rafael resmungou insatisfeito. Até a polícia militar já tinha helicópteros militares, mas esses caras que se diziam forças especiais ainda usavam caminhões. Se precisassem de reforços, quando chegassem lá, até as margaridas estariam murchas.
Os soldados no caminhão ficaram furiosos ao ouvir Rafael. Um soldado grandão de temperamento explosivo imediatamente se levantou com a arma, pegou a coronha e ia bater na cabeça de Rafael. Porém, quando levantou a coronha, se deparou diretamente com o olhar gélido de Rafael. O soldado veterano de guerra parou na mesma hora, sentindo o couro cabeludo formigar e o corpo todo gelado, como se estivesse enfrentando um tigre feroz e perigoso!
Essa sensação, nem mesmo diante do instrutor ele havia sentido. Era um olhar gelado de tirar o fôlego, que despertava um medo visceral! Ele até sentiu que se realmente batesse com a coronha, com certeza morreria! Não sabia por que tinha essa sensação, mas anos de carreira militar o faziam confiar completamente nesse tipo de intuição! Pessoas que sobreviveram aos tiroteios dos campos de batalha muitas vezes dependem justamente dessa intuição misteriosa.
Nas forças especiais havia um ditado: "Você pode não confiar nos seus olhos e ouvidos, mas deve sempre confiar no seu instinto!"
Tinha que admitir que sua intuição mais uma vez salvou sua vida. Se realmente batesse com a coronha, conhecendo a personalidade de Rafael, com certeza o mataria sem piedade! Mesmo estando algemado, mesmo rodeado por mais de dez soldados armados, ele ainda tinha total confiança de que podia facilmente matá-lo. Se Rafael realmente agisse, esses dez e poucos membros das chamadas forças especiais realmente não seriam páreo para ele.
— Senta! — Ricardo levantou a cabeça sem expressão e impediu a ação impulsiva do soldado.
Ouvindo a ordem de Ricardo, o soldado grandão se sentou como se tivesse sido perdoado, ignorando as piadas dos companheiros ao lado. Só pensava: "Esse desgraçado é claramente só um playboy sem força nem para matar uma galinha, por que tem um olhar tão assustador?"
