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Capítulo 5

Sim, minha querida Bethany, tive a oportunidade de falar, ou melhor, falar, com seu filho duas vezes em menos de um dia.

Porque me pergunta isso?

— Hum… sim, nós nos apresentamos. — Gaguejo com extrema insegurança e ela balança a cabeça, mantendo os olhos fixos na estrada.

Ao meu redor vejo inúmeras lojas e muitas pessoas, então presumo que este seja o centro.

—O que você acha dele assim, à primeira vista? —ele continua, saindo do carro e me levando em direção ao bar.

Acho melhor encerrar a conversa aqui, porque você pode ouvir muitas palavras sobre a arrogância de seu filho.

—Ele parece um... um cara legal. — Gaguejo porque obviamente estou mentindo.

Ele parece tudo menos um cara legal, mas ainda é sua mãe. Não posso falar mal do Dario!

— Ok, agora você pode me contar a verdade. Juro que não estou ofendido. —Ela responde, erguendo as sobrancelhas com um sorriso tranquilizador no rosto.

— Bem, bem, não tenho conversado muito com ele. Ele parece um cara... peculiar. — Murmuro, esperando que ela não fique brava, mas Bethany me surpreende ao concordar imediatamente comigo.

— Concordo com isso, mesmo ele sendo meu filho. — parece pronunciar a frase que dará início a um longo discurso para o qual não estou mentalmente preparado.

—Você se lembra quando mencionei aquela pequena tarefa que tinha para você também? —ele continua e eu imediatamente desvio o olhar, pois começo a conectar as peças do quebra-cabeça.

Concordo com a cabeça lentamente e espero que ele continue.

Meu dever de casa terá algo a ver com Dario?

O quê você espera que eu faça?

—Quando propus à Amy que ela viesse morar aqui conosco, minha intenção não estava focada apenas no papel que sua mãe terá. Claro, esse foi um bom motivo para prosseguir com a proposta, mas quando ele me contou sobre você, fiquei convencido. —ele continua e eu franzo a testa.

—Minha mãe te contou sobre mim? - pergunto e ela balança a cabeça rapidamente.

— Você me disse que é uma garota responsável, com uma boa cabeça no lugar e acima de tudo é uma daquelas pessoas que busca o bem em todos. —ele explica e eu engulo em seco.

Sim, essas são exatamente todas as coisas que você listou.

Sou uma garota responsável e sensata por natureza, mas desde que meu pai nos abandonou fui forçada a ser duplamente responsável.

E sim, também procuro o que há de bom nas pessoas, mesmo quando aparentemente nem existe, porque há meses venho tentando justificar a ausência do meu pai, embora saiba perfeitamente que não há um motivo válido.

— Serly, você é exatamente o oposto de Dario. -

Arregalo os olhos e permaneço em silêncio por alguns segundos, tentando entender o significado desse discurso.

- O que tudo isso significa? —sussurro insegura e ela franze os lábios.

— Gostaria que você fosse um exemplo para o Dario. Eu gostaria que você... bem... o colocasse de volta no caminho certo. —ele diz e eu franzo a testa.

- Ei? “Mas como...” gaguejo e ela coloca a mão na minha.

— Não quero que você veja isso como uma espécie de desafio, ou missão, porque garanto que é impossível. Só peço que você não seja muito duro com ele, que tente entendê-lo. Isso é tudo que Dario quer. - acrescenta mas ainda não entendo.

Como posso entendê-lo se nas duas vezes em que falei com ele ele não fez nada além de me insultar?

E como podemos não ser muito duros com ele se todos que o conhecem não fazem nada além de chamá-lo de egomaníaco apático e arrogante?

— Eu sei que você pode, Serly. -

Serei capaz de fazer o que exatamente?

Se você espera que eu seja gentil com seu filho quando ele não faz nada além de me mostrar um comportamento insuportável, você pode continuar esperando por muito tempo.

Vou focar nos estudos e deixar o Dario me insultar, não me importo.

Eu sei bem que com caras como ele não adianta nem tentar brigar.

— Não sei se consigo entender. Ele é sempre muito mal-humorado comigo. — Eu admito e ela balança a cabeça.

— Ele faz isso com todo mundo, Serly. Você só precisa ser capaz de romper a parede que ele instintivamente ergue. -ele me explica.

Se nem minha mãe consegue superar esse muro, não sei como farei.

Sim, é verdade que tento encontrar o lado gentil das pessoas, mas com ele parece impossível.

Ele não apenas não se apresentou na primeira vez que conheci sua família, mas até se permitiu responder mal a mim.

Bethany me disse que é melhor não pensar muito nisso, então continuamos tomando café e comendo os deliciosos pastéis de nata.

Continuamos nossa caminhada pelas ruas do centro, parando também em algumas lojas.

Bethany me compra um colar com pingente de borboleta pelo qual me apaixono imediatamente e uso imediatamente.

Assim que chegamos em casa encontramos Logan na porta prestes a sair.

- Bem vindo de novo! Você a traumatizou? —ele ri enquanto sua mãe revira os olhos.

— Você continua o mesmo cara engraçado. Onde você está indo? —ela responde, fechando a porta atrás de si.

— Tenho que comprar alguns livros para a faculdade. Na verdade, eu estava prestes a perguntar se você queria vir comigo. Você sabe que não estou familiarizado com essas coisas. —Logan diz e Bethany aceita prontamente.

- Você gostaria de vir também? —Logan me convida, mas eu recuso educadamente.

Não quero sentir muito e principalmente considerando que minha mãe está lá fora com as empregadas arrumando o jardim, os gêmeos estão no parque com o pai e os dois estão namorando agora...

Eu deveria ter a casa só para mim.

Finalmente .

Esqueci do Dario, mas com certeza ele vai dar em cima de algumas garotas, o que pelo que me disseram parece ser sua rotina habitual.

Subo as escadas que finalmente estou me acostumando e me tranco no quarto, me jogando na cama.

Samantha não atende meu telefone porque está ocupada praticando tênis, então não tenho nada melhor para fazer do que tocar uma música.

Toco Slow Down de Selena Gomez, uma das minhas cantoras favoritas, enquanto danço sozinha na sala.

É algo que não faço há muito tempo, mas dançar me faz sentir viva, mesmo sendo bastante desajeitada nos movimentos.

Percebo que o volume está muito alto mas tendo em conta que é a primeira vez na minha vida que não tenho vizinhos que possa incomodar, e acima de tudo será provavelmente uma das poucas ocasiões em que terei o casa inteira de graça. Para mim, decido não fazer o download.

De qualquer forma, no auge do ritmo, ouço batidas repetidas na porta.

Eu instintivamente paro a música enquanto minha respiração fica presa no peito.

— Quer diminuir o volume dessa música de merda? — é a voz inconfundível de Dario que fala.

E não posso acreditar que o fiz parecer outro idiota.

— Desculpe, pensei que era só eu em casa. — gaguejo, presa na angústia que me assalta toda vez que o tenho na minha frente.

Levante as mãos no ar.

- Mesmo que fosse! Você acha que toca uma música tão ruim nos melhores momentos? —ofende meus gostos musicais e é aí que perco a paciência.

—Mas é Selena Gómez! —Respondo cruzando os braços sobre o peito.

—Ah, então me desculpe. Não sabia que era Selena Gomez! - ele afirma, zombando de mim e eu balanço a cabeça.

— Você realmente me quebrou — — começo a dizer mas paro na hora porque não é do meu feitio usar linguagem tão chula.

Ele ri e seu sorriso, que vejo pela primeira vez, é uma visão celestial, embora ele esteja me provocando.

—Eu quebrei seu…? — me incentiva a continuar a frase, aproximando-se de mim. Dou um passo para trás, mas ele me segue até meus ombros tocarem a parede.

- Xingamento. Você quebrou minhas bolas. — Tento terminar a frase assim mas ele balança a cabeça.

Ele coloca o dedo indicador no meu queixo, me obrigando a olhar para ele e a distância que nos separa é realmente mínima.

O que está acontecendo? Por que ele faz tudo isso? Para me deixar com raiva?

Continue balançando a cabeça lentamente.

- Merda . —ele sussurra, olhando nos meus olhos.

- Eu realmente te irritei. —ele acrescenta sem tirar aquele meio sorriso idiota dos lábios.

Não consigo nem falar porque seu cheiro almiscarado invade minhas narinas e me impede de pensar.

— Pelo menos você é perspicaz. Você tem uma vantagem. — respondo, achando não sei que coragem, enquanto levanto a sobrancelha.

— Tenho muitas qualidades, Serly. -

Não tenho chance de discutir porque meu telefone toca, me assustando e interrompendo o momento entre Dario e eu.

Ele rapidamente se afasta de mim e sai, fechando a porta atrás de si.

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