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Capítulo 6

Soltei um suspiro que nem sabia que estava prendendo e relaxei meus músculos rígidos, indo responder a Samantha, que tinha acabado de terminar sua aula de tênis.

- Serly, eu te odeio! Você me deixou preocupado. — ele grita comigo, rompendo meu tímpano assim que atendo a ligação.

— Olha, eu te odeio, porque me distraí enquanto te respondia e esbarrei nele. —sussurro com raiva, com medo de que Dario possa me ouvir do outro cômodo.

- Eu bati em você?! Já ? - ele pergunta em tom de surpresa.

- Que? Não ! -

— Não consigo ouvir nada aqui. Não há sinal neste quartinho estúpido. - ele se justifica e eu balanço a cabeça.

— Está tudo bem, não é importante. O fato é que ele é desagradável e arrogante. — Balanço a cabeça.

Ela solta um suspiro antes de me responder.

- Imaginei. É pelo menos tão bom como todos dizem? -

Você está pensando seriamente em sua aparência física?

É o menor dos meus problemas agora, a última coisa em que penso.

Eu admito, cabelo perfeito e peitorais enormes não são uma visão ruim, mas ele compensa isso com seu temperamento desagradável.

— Não é que eu tenha visto muito, mas é aceitável. — Tento minimizar sua aparência física encolhendo os ombros, embora saiba perfeitamente que a realidade é muito diferente.

- Cor dos olhos? -

— Cor marrom muito escuro. - murmuro.

- Cabelo? -

– Negros. -

- Altura? - Ela continua.

—Temos cerca de um metro e oitenta de altura. — respondo, cansado de suas perguntas.

— Merda, então está perfeito! - ela exclama satisfeita, sem sequer considerar seu caráter rabugento e amargo.

—Está tudo bem, ele é moderadamente bonito. Mas chega de falar dele por enquanto. — Digo me sentindo bastante cansada e ela começa a me contar sobre o treinamento e sobre uma discussão que teve com seu instrutor.

Depois de terminar minha conversa com Samantha, passo o resto da tarde lendo Orgulho e Preconceito, um dos meus romances favoritos.

Felizmente Dario não me incomoda mais e antes que eu perceba, é hora do jantar.

Todo mundo já foi para casa e minha mãe vem até meu quarto em um de seus intervalos para me perguntar como estou.

- Bom. Deito-me, encolhendo os ombros e evitando seu olhar curioso sobre mim.

Não é totalmente mentira, estou falando sério quando digo que me sinto confortável aqui. Certamente é melhor do que a casa velha, pequena e agora em ruínas, que só estava cheia de depressão e melancolia.

O único problema é meu relacionamento, se é que você pode chamar assim de nosso, com Dario.

Eu adoraria estabelecer com ele a mesma amizade que tenho com Logan, mas isso parece virtualmente impossível, dadas as atitudes dele em relação a mim.

—O que você conversou com Bethany hoje? —ele me pergunta, sentando ao meu lado na cama.

- Ah, não é grande coisa. Ele me mostrou a área e me deu este colar. — Mostro a ela as joias em formato de borboleta e ela sorri presunçosamente.

Prefiro não comentar nada, pelo menos por enquanto, sobre a discussão sobre Dario. Isso só iria começar a me deixar mais agitado e tenho que encarar isso com muita leveza com ele.

—Ele já te ama! Imagine, esta noite ele me perguntou se poderíamos cozinhar todos juntos. - diz minha mãe com um sorriso no rosto.

Cozinhar juntos? Isto sem dúvida significa que Dario também estará lá. Tudo faz parte do seu plano, mas adoraria lhe dizer que em breve será impossível. Dario não quer estabelecer nenhum relacionamento comigo e penso exatamente igual a ele.

—Mas eu não sei cozinhar! —exclamo frustrada, colocando as mãos nos cabelos.

— Você tem sorte porque Logan e Dario são excelentes chefs. Eles ajudarão você. - Ele responde dando dois tapinhas no meu joelho.

Sim, eles vão me ajudar a perder a cabeça.

Um em particular.

Mamãe me incentiva a descer até a cozinha, onde os outros estão me esperando, e mesmo sendo a última coisa que quero fazer na face da Terra, vou mesmo assim.

— Olá Serly. — Logan me cumprimenta, me dando um leve abraço enquanto Bethany também sorri para mim.

O único que não se importa que eu esteja aqui é Dario, sentado em uma cadeira em frente ao celular.

De qualquer forma, ele me surpreende quando levanta os olhos da tela por alguns segundos, examinando meu corpo com um olhar que não consigo decifrar.

Porque? Estou apenas vestindo leggings e um moletom enorme. Tenho certeza que você já viu melhor.

Faço pizza com Logan e Bethany enquanto Dario continua nos ignorando completamente, mas não surpreende nenhum de nós com sua habitual atitude arrogante.

—Logan, você pode me ajudar a levar essas placas aí? Eu não posso fazer isso sozinho. - Betania pergunta ao filho que assente rapidamente.

Duvido que se tivesse feito a mesma pergunta a Dario, teria obtido a mesma resposta.

Agora somos só nós dois na cozinha e ele finalmente se levanta e coloca o telefone na península.

Ele se aproxima de mim e tento ignorá-lo mesmo que seus olhos estejam fixos no meu corpo.

– Um metro noventa e três. —ele simplesmente murmura, sem dar maiores explicações.

- Como? —pergunto, virando-me para ele, surpresa com seu olhar.

—Tenho um metro e setenta e cinco de altura, e não um metro e setenta e cinco de altura. - Ele diz com um sorriso no rosto me fazendo corar instantaneamente.

Mas é possível que os tolos nunca acabem com esse garoto? Ele também ouviu a conversa com Samantha na qual lhe dei uma descrição precisa de seu físico e também o elogiei.

Perfeito, eu diria!

— Não me diga que você estava com o copo na parede ouvindo meu telefonema. — Respondo com acidez porque certamente não vou deixar ele zombar de mim.

- Oh não. Eu realmente não me importo com o que você diz ao seu amigo sobre mim. - ele continua.

—O fato é que as paredes são muito finas, então eu ouço tudo o que acontece de você e você ouve tudo o que acontece de mim. —ele acrescenta e meus olhos se arregalam.

Melhor ainda!

Nossos quartos são unidos e as paredes não são tão grossas quanto deveriam ser, então, faça o que fizer no seu quarto, eu ouvirei. E a mesma coisa acontece comigo também.

— Mal posso esperar para ouvir de você tudo o que acontece. —brinco, erguendo os olhos para o céu.

- Claro? Acho que você mudará de ideia muito em breve. —ele murmura, mantendo o olhar fixo em mim. Eu olho para ele sem responder.

—A menos que você queira participar. —ele responde com uma facilidade surpreendente enquanto encolhe os ombros.

Olho para ele com uma expressão de choque e desgosto ao mesmo tempo.

—Mas nem nos seus sonhos! - respondo com raiva.

—Quem sabe, talvez nesses sim. – e vai embora, me deixando sem palavras e sem palavras.

Gostaria de responder que ele não só é insuportavelmente desavergonhado, mas também inconsistente.

Há poucos dias ele me disse que não sou o tipo dele.

Bem, basicamente eu também disse isso e hoje ao telefone com Samantha eu disse algo completamente diferente.

Dario Terrilkl, não consigo entender você.

No entanto, sei que até tentar me deixa louco.

O jantar transcorre tranquilamente, pois Dario sempre parece me ignorar quando estamos na presença de sua família.

Só quando estamos sozinhos ele zomba de mim com insultos ou piadas inexplicáveis, como a de agora.

Por volta da tarde, no momento em que Bethany e eu estávamos tirando a mesa, Dario saiu sem dizer para onde estava indo.

Só eu e Logan ficamos na sala que decidimos assistir um filme juntos, uma história de amor entre dois pilotos.

—Você está pronto para o início do seu segundo ano de universidade? — ele me pergunta assim que o comercial começa e eu franzo a testa.

— Ah, mas não vou voltar para a universidade este ano. —Respondo com calma, certa de que a brincadeira da minha mãe era só uma brincadeira.

Os Terrilkls realmente não têm intenção de pagar a faculdade.

- Claro? E oque você vai fazer? —ele ri, tão confuso quanto eu sobre esse assunto.

Me sinto melhor no sofá, ficando mais confortável e soltando o cabelo.

— Acho que vou conseguir um emprego, para talvez encontrar uma alternativa a não ser morar com minha mãe. Não podemos incomodá-lo para sempre. - explico e ele volta o olhar para o céu.

— Pela enésima vez: você não nos incomoda. Na verdade, estou feliz por ter você como amigo. Você não é a pior coisa que poderia ter acontecido comigo. —ele brinca e eu sorrio, dando um tapinha no braço dele.

- Pelo menos isso. — murmuro silenciosamente.

Embora todos os Terrilkl, exceto um, estejam me contando isso há uma semana, não posso deixar de me sentir desconfortável nesta casa que não é e nunca será minha.

— A faculdade começa em algumas semanas. Eu sou um veterano e você está no segundo ano. Não será uma tarefa fácil para nenhum deles. —ele acrescenta encolhendo os ombros e eu aceno.

—Eu realmente não vou permitir que sua família pague por uma universidade de tanto prestígio. - repito e ele bufa.

— Claro que você insiste, né! Quantas vezes terei que lhe dizer que economicamente não somos nem quentes nem frios? - exclama ele, bastante irritado com minhas reclamações.

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