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|MAX|
-Pelo amor de Deus, mãe!
Nic reclama com a mãe ao que eu rio, achando graça de como suas bochechas ganharam um adorável tom de rosa que me deixa ainda mais fascinado por sua beleza natural.
-Você é muito lenta e chata, sua bobinha! Na minha época eu aprontei poucas e boas que me renderam boas memórias até hoje. Mas você... puff! Fica aí se reprimindo e perdendo tempo de curtir a vida enquanto é jovem. Acho que eu deveria começar a arrumar uns encontros para ver se a senhorita para de agir feito uma idosa cansada, e comece a sair de casa. Não aguento mais te ver trancada dentro daquele quarto só estudando dia e noite, menina. Vai namorar um pouco, dar uns beijos, uns amassos e...
Ela comenta e nessa hora eu percebo que preciso intervir. Não dá mais. Até então a conversa estava engraçada e divertida de se escutar entre mãe e filha. Porém, no momento em que Maya sugeriu que Nic se encontrasse com outras pessoas, eu senti algo que nunca havia sentido antes por ninguém, e que me deixou com um misto de incômodo e irritação percorrendo em meu interior: eu senti ciúmes. Só de imaginar Nic saindo com outro cara que não seja eu, minha pressão arterial subiu rapidamente uns três pontos, e meus dedos esmagaram com raiva o pobre do volante em minhas mãos enquanto dirijia.
Eu não posso deixar que Maya continue dizendo isso para minha futura namorada. Dessa forma tenho que fazer algo a respeito. É o que penso e na mesma hora capturo o celular de Nicole de suas mãos, e o coloco no ouvido para cumprimentar minha sogra.
-Ei, Maya! Aqui quem fala é o Max, tudo bem com você?
Surpresa com minha atitude, minha doutora arregala os belos olhos azuis do tamanho de pratos em seu rosto delicado, e me fita com uma expressão aterrorizada como se eu tivesse perdido completamente o juízo e a sanidade. Bom, não posso negar que talvez eu tenha perdido um desses dois, pois sim, eu realmente me torno um verdadeiro insensato quando a situação se trata dela.
-Max? Quanto tempo que eu não te vejo, rapaz? O que você está fazendo da vida?
-Trabalhando e trabalhando, dona Maya.
Eu respondo com certo humor a sua pergunta feita em um tom bastante empolgado para mim.
-Ah, fala sério! Duvido muito que um cara bonito e boa pinta como você não esteja namorando ou de rolo com alguma garota por aí, Max. Para de ser sem graça e me conta aí as novidades, caramba!
Ela brinca e nós dois rimos.
-Pode até parecer mentira Maya, mas feliz ou infelizmente estou falando a verdade. Eu voltei para Belo Horizonte faz poucos meses, então não tive muito tempo para outras coisas até o momento, além de trabalhar e começar a arrumar o apartamento que comprei. Só mobiliei com o básico por hora. Porém, estou precisando de uma mãozinha para poder ajeitar as demais coisas, porque parece que está faltando alguma coisa, sabe? Um pouco de vida, de...
-Um toque feminino, você quer dizer, né? Pois vocês da espécie masculina não entendem nada de bom gosto e de decoração pelo visto.
Ela gargalha ao que me ajunto a ela, divertindo-me com a piada e pensando se ela havia caído na minha armadilha. Será que Maya vai fazer o que estou pensando depois de tê-la induzido a isso? É o que eu sinceramente torço e espero.
-Viu só? Se você ao menos tivesse uma namorada ela poderia te ajudar com isso. Mas, como você está dizendo que não tem nenhuma mulher para te auxiliar nisso, acho que a Nic pode te dar uma mãzinha nessa tarefa. Ela não tem nada para fazer mesmo.
Obrigado, meu Deus! É exatamente disso que eu precisava. Apenas uma boa desculpa para me aproximar ainda mais da minha doutora e fazê-la perceber que podemos sim fazer esse relacionamento dar certo. É a minha chance, a oportunidade de ouro de fazer Nic entender que sou a escolha certa para sua vida.
-Ótimo, se você está dando a ideia eu também concordo. Vou conversar com ela a respeito e combinar quando será possível fazermos isto sem atrapalhar as aulas dela na faculdade, é claro.
-Pelo menos só assim essa menina vai ter um pouco de vida social fora daquele lugar, pelos céus...
-Verdade, Maya.
Ela caçoa da filha e nós dois rimos de forma cúmplice e conspiradora. Ah, ela realmente será uma boa sogra. É o que penso comigo mesmo já satisfeito pelo pequeno progresso que acabo de realizar.
-Max, eu queria ficar mais tempo no telefone fofocando com você, porém, meu querido maridinho não para de me chamar lá da cozinha. Então tenho que ir nessa. A gente se fala de novo qualquer dia desses por aí.
-Com certeza, Maya. Vai lá. Daqui a pouco estarei deixando Nic em casa, ok?
-Relaxa, sem pressa garoto. Pode demorar o quanto quiser, vocês dois ainda são muito jovens. Ninguém aqui está fazendo questão que ela chegue em casa antes da meia noite igual a cinderela.
Maya diz brincalhona e displiscente, e pelo canto dos olhos observo Nicole cobrindo o rosto com ambas as mãos de vergonha pelo o que a mãe diz, ao que eu apenas rio em resposta.
-Tudo bem então, Maya. Até mais.
-Tchau, Max.
Nós nos despedimos um do outro ao fim da chamada, e no segundo seguinte sinto meu braço ser atingido quando estou prestes a devolver o aparelho para a sua proprietária. É Nicole que me acerta um soco certeiro na altura do ombro, e me destina uma cara feia e irritada.
-Ai, por que você fez isso, Nic?
Pergunto com o cenho franzido e uma sobrancelha arqueada no alto, ao mesmo tempo em que finjo estar sentindo dor no local em que ela acertou.
-Primeira coisa, você não deveria ter tomado o celular da minha mão e nem interferido na ligação. Já passou pela sua cabeça o que minha mãe deve estar pensando sobre eu estar com você nesse exato momento?
-Que você e eu estamos namorando?
-Pelos céus, Max! Você só sabe brincar?
-Não, às vezes também sei falar sério, minha doutora. Mas, não se preocupe. Não creio que ela ache estranho estarmos juntos, afinal de contas, eu sou um homem bonito e bastante confiável, o qual minha sogra confia e adora. Você percebeu isso quando a gente estava conversando tão introsados, não percebeu?
-Max, qual a parte dela não ser a sua sogra de verdade você não entendeu?
-Por enquanto, minha doutora. Apenas por enquanto ela não é minha sogra. Mas, em breve isso logo irá mudar...
Digo de modo enigmático e um sorriso discreto no canto dos lábios, como quem tem planos para mudar essa realidade no futuro.
-Mas, enquanto ainda não somos um casal oficial, tenho que continuar a flertar, agradar e te encher de mimos para que aceite ser minha namorada. Então, aceite esse presente do seu adimirador, é uma coisa simples, mas que sei que você gosta. São os seus preferidos.
Eu digo mudando logo de asssunto quando paro o carro no semáforo, e retiro do porta-luvas uma caixa retangular com um grande laço rosa, que contém o seu doce favorito. Cheia de curiosidade, ela a abre imediatamente e logo solta um suspiro de surpresa.
-Macarons de morango! Como sabia disso?
-Eu já não te disse isso antes? Sei tudo o que se refere a você, minha doutora. Cada detalhe sobre a sua vida, os seus gostos, suas alegrias e preferências, tudo isso é muito importante para mim.
Respondo com uma piscadela marota que a faz corar ainda mais do que já está, o que a torna ainda mais delicada e meiga sob meia luz que ilumina o interior do veículo.
-Obrigada, Max. Você é muito atencioso.
Nic agradece com ambas as maçãs do rosto vermelhas, os olhos brilhando, e então, me pega desprevido ao beijar minha bochecha tão rápido quanto um raio. Meu coração dispara com a atitude inesperada e me faz ficar completamente fora de órbita. Me faz ficar ainda mais apaixonado por um gesto tão singelo...
