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Capítulo 3

Capítulo 03

Victor

Quase caí da cama com o susto que levei. Aquela louca me expulsou sem motivo algum, provavelmente ficarei dolorido com as pancadas dela. E o pior foi quando vi com meus próprios olhos que aquele quarto não era o meu.

“Merda! Me fez sair de cueca em pleno corredor.’’

Entrei no meu quarto e fui logo me vestindo, sem conseguir raciocinar direito, pegando as primeiras peças que via.

Passei a mão na cabeça, comecei a andar de um lado para o outro, e lembranças da noite que tive vieram de repente.

Aquela prostituta me acordou em meio ao surto psicótico e conseguiu me controlar, como ela havia feito aquilo? Ninguém além da mulher que eu amo conseguiu fazer isso, mas como ela fez?

Fiquei olhando pela janela, deveria ter uma explicação, claro que deveria.

Abri a porta apressado e fui até o quarto dela novamente, já que era ao lado, mas estava vazio.

Olhei para o chão e vi um pano esquisito de tecido leve. Se não é meu, só poderia ser dela. Mas quem era ela?

Peguei o meu celular e liguei naquele número privado que tinha pedido uma puta, perguntei quem era aquela garota, mas ninguém sabia dizer.

— Verifique no seu sistema aí e descubra quem veio. Essa acompanhante tem reações bem estranhas. Além de me bater com algo, ainda me fez sair correndo. Quero que volte aqui, quero saber quem é.

— Olha, eu realmente não tenho dúvidas de que nenhuma das nossas esteve no seu quarto.

— Certo, ligo outra hora.

— Espere, envio uma acompanhante até aí?

— Não. — Desliguei o celular e, bem mais depressa, comecei a procurar por ela. Estranhei uma mancha vermelha nos lençóis, mas ignorei. Em seguida, fui olhando pelos corredores.

Olhei para todos os lados, mas, pelo tempo que levei, dificilmente encontraria aquela mulher.

Fui pelas escadas, observando a cada andar, então, quando cheguei à recepção, exigi:

— Verifique nas câmeras quem foi que saiu do quarto ao lado do meu há meia hora.

— Não é comigo, senhor. Posso te encaminhar para o setor responsável, mas precisa ter um bom motivo. Por acaso o senhor foi roubado? — pensei por um momento, mas vi que a mulher me ignorou, já havia voltado a olhar para o computador. Foi aí que improvisei.

— Sim, fui roubado.

A mulher bufou, me indicou a direção que eu deveria ir e saí apressado, vendo ela me olhar torto.

Me atenderam na sala de monitoramento, logo começaram a procurar as imagens, e então eu a vi...

Uma morena bonita, não dava para ver muita coisa, estava muito assustada. O que foi bem estranho é que parecia não enxergar por onde andava, como isso seria possível? Uma mulher cega como prostituta?

— Senhor, então é essa? — voltei a olhar as imagens, quando o homem me apontou.

— Sim, entrou num quarto. Ligue para lá. — Apontei na tela, indicando um número.

— O senhor encontrou o que lhe foi roubado?

— Só ligue, por favor. — Falei já sem paciência.

O homem ligou. Não estou fardado, mas aqui todos sabem que sou um militar, então, quando ouvi a voz dela, falei:

— Quem te autorizou a passar a noite comigo? Me bater e ainda me fazer sair correndo naquelas condições? Para uma moça cega, deveria pensar melhor antes de trabalhar como puta e fazer tais coisas, você não acha? — não ouvi nada, me irritei. — Está me ouvindo?

— Estou... Ouvir, eu ouço muito bem! Agora, o que eu faço da minha vida, é problema meu. É você quem não deveria se preocupar com uma desconhecida, não acha? Se aparecer no meu caminho de novo, a minha bengala se lembrará de você. —Sua voz era agressiva, parecia até que era eu quem havia feito merda ali.

— Olha aqui... — Fui reclamar, mas fiquei apenas com o barulho da ligação encerrada: “Ela desligou na minha cara?”

— Senhor, precisa dar queixa. O que foi roubado?

“Que ódio desse cara!”

— Esquece. — Soltei o telefone apressado, ignorei todos e comecei a voltar para o andar onde eu estava hospedado, mas meu celular tocou perto da recepção.

Puxei-o do bolso rapidamente e atendi, só que antes que eu colocasse os pés no primeiro degrau da escada, paralisei:

— Tenente Bastos, gostaria de lhe informar que o soldado Messias passou mal agora de manhã.

— Droga! Estou indo pra aí. — Desliguei a ligação sem questionar, mudei o percurso e imediatamente fui ver o rapaz.

“Com você eu converso mais tarde, morena.”

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