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Capítulo 4

Capítulo 04

Victor

O percurso foi rápido, porém minha cabeça dava voltas, pensando naquela mulher. Eu deveria ter ido antes atrás dela, mas não fui, e acabei atordoado com os seus modos.

Assim que cheguei no quartel, alguns sargentos e soldados bateram continência, mas o meu interesse era no soldado Messias. Eu sabia que ficar afastado traria problemas.

— O que aconteceu? — perguntei, antes de abrir a porta da enfermaria.

— O tenente Soares o fez pagar muitas flexões sem ele comer nada, porque disse que o tenente não o deixou tomar café. Só tomaria após terminar as quinhentas flexões. Ele não aguentou.

— Não acredito. O que ele fez?

— Acusação de revolta, porque tentou ajudar outro soldado. — Eu sabia o que aquele babaca do outro tenente havia feito, se aproveitado que eu não estava lá, para descontar a sua inveja no jovem rapaz que ele sabia que eu trouxe para cá, e era do orfanato.

Entrei no local e fiquei ainda mais revoltado quando vi que o rapaz ainda estava desmaiado. Fui diretamente até a sala do Coronel, abri uma reclamação, e isso levou muito tempo.

O pior é saber que o outro tenente está aqui há mais tempo que eu, e essa não é uma acusação considerada grave, pode demorar para ser atendida. Fiz questão de voltar no quarto do soldado.

— Acorde, soldado. — Falei mais firme e o rapaz abriu os olhos depressa, tentando bater continência deitado.

— Senhor, perdão. Eu juro que vou me esforçar mais. — Fiquei olhando seu jeito apavorado, tentando se explicar e se manter sentado.

— Tentou ajudar outro soldado, Messias?

— Sim, senhor. Ele não iria conseguir, o tenente Soares garantiria que não conseguisse, se é que me entende, senhor.

— Certo. É melhor continuar com os olhos fechados hoje. Amanhã estarei aqui, às cinco te quero em pé, soldado.

— Sim, senhor. — Bateu continência deitado e imediatamente fez o que eu havia dito.

Tirei o Messias do orfanato onde cresci, prometi a ele e ao dono do local que o ajudaria aqui dentro, e pretendo cumprir.

Após ver o rapaz e deixar as coisas encaminhadas, resolvi voltar para o hotel, tinha uma pendência para resolver com aquela prostituta. Avistei o tenente de longe e o encarei firme. Se o encontrasse na rua, quebraria a cara dele de igual para igual, mas aqui dentro não posso, poderia ser preso.

Mal estacionei o carro e subi apressado. Dessa vez, peguei o elevador aberto e entrei. Eu havia marcado mentalmente o número do quarto, precisava saber quem era aquela mulher.

Bati na porta, mas ninguém abriu. Comecei a ficar impaciente, passei a mão no rosto, me afastei e bati mais forte. Até que o serviço de quarto apareceu e abriu a porta normalmente.

— O senhor precisa de alguma coisa? — uma moça perguntou.

— Quero falar com a hóspede desse quarto.

— Ah, o quarto está vazio. A hóspede fez checkout, eu só vim fazer a limpeza. — Ela falou e começou a empurrar o carrinho.

— Isso não é verdade. Como assim, simplesmente saiu? Como deixaram que saísse? — entrei no quarto e a moça veio logo atrás.

— O senhor não pode entrar aqui sem que tenha feito check-in nesse quarto, senhor. — Olhei em volta, não havia nada pessoal, mas meus olhos fixaram num lençol caído no chão, era o mesmo que eu havia visto antes, no outro quarto, com marca aparente de sangue. Eu sabia muito bem que aquele era o sobre lençol do quarto em que eu estive com ela.

“O que isso significava?“, “Não seria possível que aquela mulher fosse virgem, seria?” — Não. Estou ficando louco mesmo, aquela era uma prostituta.

Ergui o lençol, segurando-o na minha mão, e lembranças quentes atingiram a minha mente. Aquela mulher era muito apertada, impossível não seria.

— Senhor. Senhor... — Olhei para a mulher e com o olhar mais pesado soltei o lençol e saí do quarto.

Encostei a porta e fui imediatamente tomar um banho, a minha mente estava conturbada e o meu corpo quente. De repente, flashes da noite passada tomaram conta da minha cabeça... Merda!

“Não posso pensar no corpo dela”.

Ouvi um barulho na porta enquanto estava saindo do chuveiro. Alguém havia entrado. Seria ela? Abri a porta do banheiro e... Porra! Essa prostituta não é aquela, onde diabos ela foi?

— Minha chefe me enviou como compensação pelo mal-entendido. Você queria uma mulher e... —Ela disse com um sorriso no rosto.

Tirou um sobretudo de couro preto, jogando-o no chão com pressa. Usava botas pretas passando do joelho, e um espartilho de couro sem calcinha. Ela apoiou a bota sobre a cama, ficando com as pernas mais abertas e a sua mão veio direto para o meu pau.

“Mas que porra era aquela?“

— QUERO VOCÊ FORA DAQUI! — olhei para a porta com vontade de chutar. — QUE MERDA DE PORTA É ESSA QUE QUALQUER UM ENTRA?

— Mas... — Irritado, peguei o sobretudo do chão e joguei nela, mas me assustei com um barulho ensurdecedor que veio do nada. Em questão de segundos, fiquei fora de mim.

Coloquei as duas mãos nos ouvidos, aquilo era horrível, me deixou paralisado, e ao mesmo tempo com muita dor na cabeça. A dor era insuportável, que, quando vi, já estava no chão, pois havia escorregado pela parede e involuntariamente comecei a me rastejar no piso, tentando me esconder, era como se eu ainda estivesse na guerra, e o local tivesse sido invadido.

Não sei quanto tempo fiquei ali, só sei que acordei com dores no corpo de tanto tentar me esconder em algum lugar do chão. Havia dois homens na minha frente, e a mulher da limpeza tentava me fazer beber água, enquanto eu apertava o pescoço de um terceiro, que segurava o pescoço com as mãos.

— O que aconteceu? — perguntei preocupado, soltando aquele homem e observando a quantidade de água que havia derramado no chão.

— Uma mulher nos chamou, porque ficou muito assustada, disse que o senhor estava tendo uma convulsão, bem no momento em que o alarme de incêndio foi acionado. — Eles se afastaram de mim.

— Alarme de incêndio?

— Sim. — Tentei esconder o rosto quando percebi que, outra vez, eu havia tido um surto por um simples barulho. “Aquilo não iria acabar nunca?”

— E, onde está a mulher?

— Ela saiu do prédio devido ao alarme, e olha que foi apenas um disparo por problemas técnicos, pois não houve incêndio de fato.

— Saiam do meu quarto! — falei alto, olhando para a janela.

— Mas, o senhor está...

— SAIAM IMEDIATAMENTE! SAIAM TODOS, SAIAM TODOS! — gritei alto, fazendo com que me deixassem em paz, e só parei quando os vi saindo e fechando a porta.

Era melhor esquecer àquela e todas as outras mulheres da face da terra, nenhuma conseguiria conviver comigo. Devo ter sonhado com aquilo da noite passada, ninguém jamais me ajudaria num surto desses, seria outra ilusão da minha mente filha da puta.

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