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Capítulo 2

Capítulo 02

Aisha Saad

O quarto do hotel era pequeno, mas bastava para me esconder, pelo menos por uma noite. Respirei fundo, tentando afastar o cansaço e o medo, as sombras sempre me seguindo. Mais uma cidade. Mais uma fuga. Minha vida resumia-se a isso.

A dor na mão enfaixada era apenas um lembrete físico do último confronto. A dor verdadeira era outra: a de ter deixado meus dois irmãos pequenos para trás, sem saber se um dia os veria de novo. Mas eu precisava seguir em frente. Por eles.

Caminhei pelo corredor estreito do hotel, cada um cuidadosamente medido. Um, dois, três, sempre contando, sempre me guiando pela memória tátil e auditiva. A bengala deslizava suavemente pelo chão. Eu não conseguia mais enxergar depois do acidente e, com meus óculos quebrados, parei ao sentir.

Um cheiro amadeirado, com uma mistura sutil de álcool e tabaco. Familiar demais. Meu coração apertou, e antes que pudesse reagir, ouvi a voz dele.

Eu estava certa de que o conhecia. Mas, antes que pudesse responder ou confirmar minha suspeita, ele me mandou ir embora.

“Meu Deus! Eu poderia jurar que era o homem que estava quase morto, e um dia eu cuidei.”

Sem dizer nada, virei-me e segui para o meu quarto, os passos cuidadosamente contados até a porta. Entrei rapidamente. Minhas mãos tremiam, o coração batia acelerado. Corri para o banheiro, sentando-me no chão frio, tentando controlar a respiração.

Mas ouvi o trinco da outra porta. Alguém havia entrado no quarto.

Meu corpo congelou, o medo me dominando por segundos. Seria ele? Será que tinha me seguido? Ou pior... Seria meu irmão, meu pior pesadelo?

Demorei para sair do banheiro. Minhas pernas tremiam a cada passo até a porta. Encostei o ouvido, tentando ouvir qualquer som, e então...

— Granada! Abaixe-se. — Era a voz dele, agora reconheço.

Meu coração parou. Era ele, não havia dúvida. A voz que um dia ouvi gritando de dor no meio do caos da guerra. O soldado que cuidei, que quase perdi em meus braços.

— Soldado? — sussurrei, minhas mãos foram deslizando desesperadas pela parede em busca de apoio.

O silêncio tomou conta do ambiente por um instante, mas eu sabia que ele estava ali, tão real quanto minhas lembranças. Minhas mãos tremiam enquanto agarrava minha bengala.

Ele estava perdido entre a realidade e o pesadelo. Eu conseguia sentir.

— TIROS! BOMBA! — gritava, sua voz era rouca e desesperada. O corpo tremia convulsivamente. Toquei seu rosto, eu conhecia aquele rosto ao tocar com os dedos, aquela voz.

Era ele.

O soldado que salvei. O homem que quase morreu nos meus braços.

Me aproximei devagar, tentando não assustá-lo. Ajoelhei-me ao lado dele e segurei sua mão.

— Shhh... Estou aqui. Você está seguro.

Eu conseguia sentir, ele estava confuso. Por um instante, pareceu reconhecer minha voz, minha presença. Então, num movimento brusco, ele me puxou para perto, seus braços me envolvendo com força.

— Está melhor? — perguntei, tentando esconder a emoção na voz.

— Estou ótimo... Como veio parar aqui, de novo?

Antes que eu pudesse responder, ele me beijou.

Eu só havia sido beijada uma vez, por um rapaz que fez uma aposta que beijaria a moça boba e cega da escola, e isso com quase quinze anos, então nem contava.

Meu corpo amoleceu inteiro. Ele me beijava e cada célula do meu corpo implorava para que não parasse, era simplesmente maravilhoso. Havia um leve gosto de bebida no beijo, ele parecia ter bebido um copo de vinho ou algo do tipo.

A língua dele estava puxando a minha, e o meu corpo ficava cada segundo mais leve, como se eu tivesse morrido, mas de alegria.

De repente abri a boca em espanto, ele ergueu a minha camiseta e tocou o meu seio, eu pensei que não iria aguentar, não consegui mais fechar a boca.

Ele sorriu, com isso senti seus lábios, sabia que ele estava gostando de algo, então relaxei.

Quando percebi, ele começou a tirar a minha roupa. Ele não tinha pressa, e quando tirava uma peça, beijava toda a minha pele. Mesmo que a minha razão dissesse que eu não deveria continuar, eu seria incapaz de obedecer, a minha mente já era dele, eu só não queria que aquilo terminasse, mesmo que o meu irmão me matasse depois.

Percebi que ele tirou as suas roupas. Logo, fui sentindo aquele encostar gostoso, sua pele parecia acariciar a minha.

— Nossa, que delícia. — Senti ele beijar os meus seios, e fiquei completamente imóvel, era prazer demais pra mim, eu nem sabia o que fazer, deixei que ele me conduzisse.

Então, ele passou a língua em partes da minha barriga e me contorci inteira quando ele chegou até o meu sexo. Eu estava completamente nua na cama de um desconhecido que não sei nem o nome, e que só reconheço pelo toque, a voz e o cheiro... Mas a última coisa que eu queria, era sair dali. Entregaria o meu ser a ele, a minha virgindade e o meu corpo, porque o tenho guardado no coração desde quando o encontrei. O destino nos separou, mas nos juntou novamente, e isso só poderia ser um sinal de Alah.

Sem que eu conseguisse evitar, comecei a fazer alguns barulhos estranhos conforme ele fazia alguns movimentos lá embaixo que eu não sabia o que era, mas havia deixado o meu corpo arrepiado, esticado para trás e a minha respiração falha.

— Ah... ah...

— Goza, vai... Inchou bastante já. — Aquela voz rouca me deixou ainda mais agitada. Tive vontade de gritar, chorar, morder, apertar a sua cabeça, mas me contive até onde deu. E então, senti quando ele segurou as minhas pernas e tudo explodiu de verdade. Cheguei ao nível máximo de prazer, e depois fui relaxando.

— Vem cá, vem. — Ele me puxou e voltei a me perder em seu beijo, que agora tinha um gosto um pouco diferente.

Quando menos imaginei, senti que ele encaixou algo em minha entrada, e então empurrou para dentro, me fazendo dar um leve grito. Pelas leis judaicas, eu seria o pior dos seres viventes, mas não me importaria... Era ele!

— AHHH. — Ele parou por um momento, então me acalmei. O hímen havia se rompido.

— Desculpe, vou mais devagar. — Ele sussurrou e começou a se mover devagar, mas ainda doía.

Segurei firme em seu pescoço. Ele voltou a me beijar, enquanto me tomava pra ele, e então eu percebi que a dor foi diminuindo, e voltei a ter a mente possuída.

Seus movimentos ficaram mais intensos. Senti as suas carícias nos meus cabelos e no meu corpo. Havia sido muito melhor do que imaginei, e meu corpo estava em êxtase, sentindo-o entrar em mim daquela forma.

Seus movimentos diziam como ele estava gostando, até ouvi ele fazendo alguns barulhos como os meus. De repente, senti o meu corpo alcançando um ponto mais alto de prazer, e até parecia mais duro o seu membro, foi então que percebi que ele uivou e parou com os movimentos, me puxando para perto dele.

Senti um último beijo e aproveitei a nossa proximidade, sentindo o nosso cheiro e explorando mais ainda o seu rosto.

Quando cochilei, ouvi algo que me quebrou profundamente:

— Quando sair, feche a porta. Farei o pagamento depois...

Meu mundo desabou. Entreguei tudo ao amor da minha vida, e ele não se lembrava de mim? Me afastei de imediato, o coração martelando no peito. A dor era insuportável, mas eu não o deixaria me tratar como uma qualquer.

— Acontece que estou no meu quarto. Saia você! — gritei, tentando esconder as lágrimas que ardiam em meus olhos.

Peguei a bengala e desferi um golpe certeiro nele.

— SAIA DO MEU QUARTO OU EU CHAMO A POLÍCIA!

Atordoado, ouvi através dos barulhos até a porta quando ele tropeçou, nem sei se vestiu a cueca.

— Que porra está falando? Você é louca ou o quê?

— Sai!

A porta bateu, o cheiro dele diminuiu e o silêncio voltou.

Deslizei até o chão, as lágrimas finalmente escorrendo pelo meu rosto. Ele não se lembrava de mim, mas eu nunca vou esquecê-lo. Principalmente agora que nossos corpos se encontraram.

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