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O dia seguinte começou animado; pela manhã, Zoé assinou o contrato de aluguel para um apartamento estilo Studio, que já viera mobiliado. Sentiu-se eufórica ao perceber que estava conseguindo sustentar-se e, mais do que isso, tinha a liberdade de decorar seu próprio espaço. Comprou pequenos móveis, cortinas e acessórios com o dinheiro que ganhara nas transmissões, e passou o dia inteiro decorando o ambiente. Cada detalhe era uma expressão de sua personalidade, e o Studio logo se transformou em um espaço acolhedor e funcional, perfeito para suas transmissões.
À tarde, Zoé retornou à mansão, sentindo-se exausta mas satisfeita com suas conquistas. Tomou um banho relaxante e começou a se arrumar para a noite com Anthony. Escolheu um vestido elegante, mas não exagerado, e se maquiou com cuidado. Estava animada por finalmente se encontrarem novamente; ela tinha de admitir que tinha saudades de suas interações no café e estava animada com a perspectiva de passar mais tempo com ele.
Zoé havia namorado bastante durante a juventude, mas Anthony havia sido sua primeira e até então, única relação da vida adulta. Ele se encaixava em sua vida por ser prático e ignorar sentimentos, sempre foram de forma direta ao que interessava, nunca fingindo coisas românticas, apenas se importando com o prazer. Maya a criticava por isso, por Zoé sempre ignorar os rapazes românticos e recusar encontros padrões, dizia que ela morreria sozinha e ficava triste, pois queria que seus filhos tivessem amiguinhos para brincar no futuro.
Zoé saiu de casa arrumada dizendo que jantaria com as amigas, saiu uma hora depois que seu cúmplice e encontrou-se com Anthony no centro da cidade, evitando assim levantar suspeitas.
— Você está maravilhosa, Zoé! — ele admirou a jovem, que sorriu-lhe com os lábios pintados de batom.
— Aposto que me ver todo dia descabelada na mesa do café, te fez esquecer de que sou esse mulherão, não é?
— Pelo contrário, ao ver sua beleza natural sem a maquiagem de festa ou a do trabalho, me fez te achar mais linda ainda. Sem contar que fica muito gostosa usando pijamas.
— Se você está dizendo! Mas então, vamos logo para o seu apartamento?
— Não seja tão apressada, Zoé!
Para iniciar a noite, Anthony levou Zoé para um restaurante fora da cidade, um local elegante e íntimo. Ao entrar no lugar silencioso onde a música ambiente sobressaia a conversa reservada dos outros clientes, Zoé não pôde deixar de brincar sobre a situação.
— Parece que estamos em um encontro formal desta vez — disse ela, sorrindo maliciosamente. — Nada de motéis baratos.
Anthony riu, um pouco constrangido, mas entrou na brincadeira.
— Bem, acho que devo tratar bem minha irmã mais nova, não é?
Zoé sorriu, sentindo-se mais à vontade. Os dois se sentaram na mesa mais reservada e logo Zoé observou os casais a sua volta; os homens mais velhos estavam todos acompanhados de jovens garotas, Zoé até encontrou um homem com marca de aliança nas mãos, aliança que a jovem acompanhante não usava, deixando claro que eram amantes; a garota riu internamente, gostando ainda mais da aventura.
— Como conheceu esse lugar secreto onde homens casados trazem as amantes?
— Há muitos adúlteros no meu trabalho.
— E me trouxe num lugar onde os colegas de trabalho do seu pai podem te reconhecer? — ela se tornou preocupada, olhando a sua volta.
— Relaxa, essa é uma área livre de olhares e julgamentos. Pessoas com as casas sujas não possuem tempo para observar a sujeira da casa alheia.
Após Anthony acalmar Zoé, eles prosseguiram com o jantar, que foi agradável e descontraído. Conversaram sobre vários assuntos, rindo e provocando um ao outro. Depois do jantar, Anthony a levou para seu apartamento, um lugar grande e moderno que impressionou Zoé.
— Por que você cultiva um lugar como esse e ainda mora com seu pai? — perguntou ela, curiosa.
Anthony suspirou, olhando ao redor do apartamento. Todos os móveis eram planejados, a decoração escolhida a dedo e com extrema paciência, tudo era exatamente como na imaginação de Anthony, aquela era sua casa ideal, mas ainda assim passava quase todas as suas noites em seu quarto da adolescência.
— A família é algo muito forte para mim. Minha mãe faleceu quando eu era criança, e isso me aproximou muito do meu pai. Quero aproveitar todos os anos que temos juntos. Só sairei de casa ao me casar.
Zoé sentiu uma pontada de reconhecimento.
— Acho que temos mais em comum do que eu imaginava. Também perdi um ente importante, perdi meu pai; mas isso me afastou da minha mãe. E agora me sinto culpada por me reaproximar dela só por necessidade financeira.
Anthony a olhou com compaixão.
— O importante é que você está se redimindo. Não se culpe tanto.
— Talvez você tenha razão!
Zoé relaxou, se sentando no sofá reclinável de Anthony. Enquanto ela o observava, o homem caminhou até a adega de sua cozinha, pegando um vinho de sua rica seleção. Ele serviu uma taça de vinho, e Zoé não pôde deixar de olhar com humor para a situação enquanto pegava a taça e Anthony se sentava ao seu lado.
— Está seguindo o script de um encontro romântico, não é? — disse ela, rindo da situação.
Anthony não respondeu, na verdade o incomodava Zoé tratar tudo aquilo como se fosse bobo, mas ele não colocaria para fora aqueles sentimentos. Em vez disso, a beijou, iniciando uma sessão de amor intenso no sofá da sala. As piadas de Zoé desapareceram de sua cabeça enquanto o homem estava em cima dela, nu e suado, a encarando com extremo prazer. Eles costumavam conversar em seus momentos íntimos, mas daquela vez tudo pareceu mais intenso e nada casual, Zoé sentiu-se conectada a Anthony de uma maneira que nunca havia sentido antes, como se o relacionamento deles estivesse evoluindo para algo mais profundo e significativo.
Quando finalmente se separaram, ambos respirando com dificuldade, Zoé olhou para ele, um sorriso satisfeito nos lábios. Sentiu medo ao notar a sensação dentro de si, que admirava o rosto suado ao seu lado, notando pintas e marcas de nascença, notando o quão sereno ele parecia retomando a respiração normal, inebriado de prazer.
— Acho que isso foi um encontro completo, mas não tão formal! — murmurou ela, divertida.
Anthony riu, puxando-a para mais perto.
— Pare de ser chata, irmãzinha, apenas curta esse momento.
Zoé se aconchegou ao lado dele, sentindo a pele suada e quente de Anthony colar na sua. Não soube computar e administrar a sensação que teve no peito, como se estivesse sendo sufocada. Ainda assim, fechou os olhos, aproveitando o relaxamento do orgasmo. Não era tempo para preocupações.
