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Capítulo 3

"E uma hora a gente precisa crescer, mesmo que seja sozinho."

— Recontador.

Após a notícia, meus pais ficaram felizes e tristes ao mesmo tempo, mas não deixaram de me apoiar e dois dias depois, no final de semana, após achar uma kitnet legal, me mudei para a Seul.

E como hoje era domingo aproveitei esse tempo de sobra para arrumar meu quarto que eu havia alugado apenas por um período, era bem parecido com uma república, só que era em um condomínio de apartamentos residencial, ou seja, era um prédio apenas de quartos para alugar.

Não demorou muito para que minha mãe ligasse e quando atendi, me surpreendi ao ver que estavam todos com ela tentando dividir a câmera do celular para me ver.

- Oi querida, como está sendo a mudança? - Perguntou ela.

- Olá mamãe, está tranquilo, acabei de organizar tudo aqui. - Falei mostrando o quarto a eles.

- O quarto é bem grande e pelo jeito está bem organizado. - Sorriu. - E o preço também é bom.

- Filha, por favor, preste atenção ao entrar e sair de casa, a capital é bem diferente do interior. - Pediu meu pai. - Agora você vive sozinha e as pessoas más vivem em todos os lugares.

- Sim, vou ser cuidadosa, não se preocupem. - Respondi.

- É amanhã que você começa a trabalhar? - Perguntou meu avô.

- Sim, e não sei o que vai acontecer no futuro, mas só de poder trabalhar nesta empresa eu já fico feliz.

- Boa sorte minha neta, eu sempre estarei aqui por você!! - Respondeu ele.

- Todos nós, te incentivamos e apoiamos!! - Respondeu mamãe desta vez sorrindo.

- E por favor, avô, não se esqueça de tomar os remédios, vou ligar todos os dias para verificar! - E pude ver ele dar risada do outro lado da tela.

- Tudo bem, não vou esquecer de tomá-los. - Respondeu ele ainda rindo.

- Vá descansar querida, amanhã é um grande dia. - Disse minha mãe antes de dar tchau e desligar a chamada.

Eu terminei de organizar as coisas e pedi algo para jantar, e quando percebi já se passava das 22 horas, e tomei um banho bem demorado e depois fui dormir, ou melhor, tentar dormir.

***

No dia seguinte, como eu mal dormi a noite acabei acordando atrasada, e com isso cheguei na empresa em cima da hora, e andei o mais depressa possível para pegar o elevador, quando o segurança mandou todos pararem.

- Mas eu vou me atrasar! - Retruquei o segurança.

- Basta esperar um pouco para liberar a entrada.

- Qual é o problema? - Perguntei a moça do meu lado.

- O presidente está chegando. - Ela respondeu. - Você é nova aqui? - E respondi que sim com a cabeça. - Então quero te lembrar apenas uma coisa, nesta empresa, a melhor coisa que você faz é desejar não se encontrar com o presidente, pois se ele não gostar de você, no minuto seguinte pode ser demitida sem nenhuma razão. - Explicou.

- Ah sim. - Sorri sem graça.

E numa fração de segundos, alguma pessoa se esbarrou em mim, e meu crachá foi parar no meio do corredor onde o presidente se aproximava seguido de seu assistente e mais duas mulheres que deduzi que trabalhava para ele também.

Ele passou por cima do mesmo e nem ousou pegar do chão, apenas seguindo o seu caminho, mas seu secretário fez diferente, ele parou e pegou olhando o nome do mesmo.

- Você ... - Foi a única coisa que consegui dizer o me lembrar da foto que Nong havia me mostrado, e quando percebi ele levou seu olhar ao meu.

- Já nós encontramos antes? - Perguntou limpando meu crachá.

- Não! - Sorri sem graça, e ele sorriu novamente.

- Aqui! - E estendeu o meu crachá.

- Obrigada! - Respondi e logo depois ele saiu andando entrando no elevador de junto ao presidente.

- Posso ir agora? - Perguntei ao guarda.

- Pode sim. - E abriu caminho, e todos que estavam atrasados, inclusive eu, entramos correndo no elevador.

Ao chegar no andar, sai correndo em direção a porta de entrada para o escritório de contabilidade, e para ajudar, como estava de salto alto, isso apenas me cansou mais.

Tentei segurar a respiração e entrar calmamente no escritório sem ser vista pela supervisora, o que falhou completamente pois ela estava dando bronca em uma moça bem na minha mesa.

- Você é a senhorita Kim Sophie? - Me encarou ela.

- Sim. - Respondi sem graça por conta do atraso.

- Chegando atrasada no primeiro dia. - Sorriu. - Vamos ver quanto tempo dura sua experiência.

- Desculpe!! - Respondi de cabeça baixa.

- Esse é o seu lugar. - E apontou para uma mesa ao seu lado. - E você, jogue isso fora e refaça tudo, mais atenção em !! - Respondeu para outra funcionária e logo depois saiu andando como uma fera.

Ao sentar na mesa, percebi que divido ela com outra pessoa, uma moça morena, o que era difícil de ver em grandes empresas na Coreia.

- Olá!! Eu sou a Sophie. - Me apresentei a ela.

- Olá Sophie, sou Danwo.- Se apresentou. - Eu vou te mostrar o conteúdo do trabalho aqui, já que você ficará no meu lugar. - E ela fez uma cara triste. - Eu não passei no período de teste da empresa.

- Não passou?- Sussurrei nervosa.

Danwo começou a apresentar tudo que eu precisava, como deveria ser feito os relatórios, o que a diretoria exigia de nós, posso dizer que era tanta coisa que a qualquer momento eu pensei em surtar, mas deixei tudo anotado para não esquecer, até mesmo o mínimos detalhes.

A semana foi se passando assim, eu chegava em casa e logo queria dormir, porque estava sendo tudo tão estressante, mas ao mesmo tempo empolgante que nem tive tempo de falar com a minha família .

E hoje não deveria ser diferente, tudo que queria era chegar em casa tomar um banho e acordar só amanhã para mais um dia de trabalho.

Mas, fui acordada no meio da noite com meu celular tocando sem parar, e pensei comigo, quem poderia ser?

- Alô? - Atendi sem nem olhar o visor, apenas o relógio à minha frente que mostrava ser 22:00 horas da noite.

- É a Senhora Kim Sophie? - Perguntou uma voz masculina do outro lado da chamada.

- Sim, quem gostaria? - Perguntei ainda sonolenta.

- E você possui o sangue AB- ? - Perguntou ele, e eu fiquei confusa com sua pergunta.

- Sim, por quê?

- Posso te incomodar para ir ao hospital agora? - Perguntou ele, e eu logo me sentei na cama. - Existe uma pessoa com o mesmo tipo sanguíneo que o seu, que precisa da sua ajuda. - Explicou. - Preciso que você vá agora mesmo ao hospital, pode ser? - E eu fiquei muda estranhando aquela conversa sobre sangue.

- Alô? Alô? - Ouvi ele dizer do outro lado da linha. - É muito urgente e eu preciso mesmo que você nos ajude.

- Tudo bem, tudo bem !!! - Respondi me levantando da cama e pegando as minhas coisas. - Eu vou agora mesmo pra lá.

Ainda meio sonolenta, peguei o primeiro táxi que apareceu e pedi que me levasse ao hospital principal da capital, e não era tão longe de casa.

Peguei o último dinheiro que me sobrava na carteira e paguei o táxi, bom, se eu pudesse ajudar alguém talvez a vida retribuísse de alguma forma.

- Obrigada! - Agradeci e logo em seguida desci do carro, quando um homem veio correndo em minha direção.

- Olá? Você é a Sophie? - Perguntou desesperado e aquilo meio que me assustou.

- Sou sim. - Respondi meio sem graça.

- Por favor, salve a minha esposa!! - Ele implorou pegando na minha mão. - Ela precisa muito do seu sangue.

- Claro, claro, eu estou aqui pra isso. - Respondi e logo em seguida ele saiu me arrastando pelo hospital.

- Aqui, enfermeira, ela chegou. - Respondeu me guiando até a mesma, e ao seu lado estava um homem alto, bem definido, de olhos castanhos e parecia ser alguém bem importante pelo seu jeito de se vestir.

- Primeiro vamos verificar a concentração sanguínea e condições para ver se está apta a doar.- Explicou a enfermeira. - Passando pelo teste, começaremos a doação.

- Tudo bem, podem fazer o que for necessário, eu só quero ajudar. - Respondi meio assustada com a situação.

- Por favor venha comigo. - Pediu, mas o homem de antes não quebrou o contato visual por nenhum segundo comigo, e o encarei pela última vez de seguir a enfermeira.

***

Após diversos exames, eu fui considerada apta a doar o sangue para a tal moça que até o momento era desconhecida por mim.

Tudo que tinha que fazer era me deitar em uma das camas do hospital, enquanto meu braço era furado e meu sangue retirado, e para agilizar o processo eu ficava pressionando uma bolinha com a mão que estava sendo retirado o sangue para melhorar a circulação.

- Enfermeira? - Eu a chamei antes dela sair do quarto, mas fui completamente ignorada. - Eu só queria saber para quem vim fazer a transfusão de sangue! - E completei a pergunta sozinha no quarto, até que entrou 2 rapazes, o homem que implorou que eu salvasse sua esposa, e o rapaz bonitão, que até o momento eu não sabia quem ele era nesta história.

- Senhor!! - Sorri. - Como está sua esposa? - Perguntei o encarando. - A enfermeira me disse que o meu sangue é compatível com o dela e dará tudo com a doação.

- Ela me falou agora a pouco que deu certo, e sou muito grato a você por ter saído da sua casa e vindo até aqui nós ajudar. - E ele se curvou em forma de agradecimento.

- Não precisa me agradecer, qualquer pessoa faria isso. - Sorri. - Mas eu fiquei com uma dúvida. - Me ajeitei na cama. - Como o hospital e vocês tinham a informação sobre meu tipo sanguíneo? - Perguntei confusa. - Eu nunca vim a este hospital consultar e não acho que seja uma informação de fácil acesso.

- Ahh sim. - Ele respondeu sem graça. - Nós vimos no seu currículo.

- No meu currículo? - Fiquei surpresa. - Então, vocês também trabalham na Diamond? - Perguntei animada. - Em qual setor? - Apontei para os dois.

- Em qual setor? - Ele refez a minha pergunta encarando o moço ao seu lado. - Esse aqui do meu lado é o Jackson Wang, o presidente da empresa. - E eu fiquei branca, roxa, use a cor que quiser, ao descobrir que quem estava ao meu lado a todo momento calado, se tratava do presidente da empresa e dono dela. - Você doou sangue para a irmã dele, a Aimee Wang, que consequentemente é minha esposa. - Explicou, e eu estava nervosa com a primeira informação, pois o homem que eu estava desejando no meu subconsciente era nada mais, nada menos que Jackson Wang.

- Ah sim ... - E parecia que meu coração ia pular para fora. - Eu estou me sentindo um pouca tonta agora, me desculpa. - Fingi uma tontura para que essa situação acaba-se logo e eles saíssem do quarto, não queria me tornar inimiga do presidente e colocar tudo a perder. - Vou fechar meus olhos e descansar um pouco. - E fingi adormecer, mas Jackson não parava de me encarar, nenhum segundo, que situação embaraçosa.

- A transfusão não deve demorar muito, e você poderá voltar para sua casa e descansar. - Respondeu ele com aquela voz rouca e firme. - Se você se sentir desconfortável amanhã, pode tirar o dia de folga.

- Sim senhor. - Respondi sem ter coragem de o encarar.

- Jackson, vou ver a Aimee tudo bem? - Perguntou o rapaz e vi o mesmo de relance apenas assentir com a cabeça e quando fechei e abri os olhos pensei que os dois tinham saído do quarto, e tudo que fiz foi respirar bem fundo, como se faltasse ar naquele momento.

- Você está passando mal? - E ouvi a voz dele vim dos sofás que ficavam no canto da sala, o que me assustou me fazendo quase cair da cama.

Ele rapidamente se levantou do sofá e veio até a cama.

- Você está se sentindo desconfortável? - Perguntou preocupado. - Quer que eu chame a enfermeira?

- Não, não precisa!! - E fiz o gesto com a mão esquecendo da agulha que estava nela.

- Ei, Sophie não se mexa, por favor! - Pediu voltando a esticar meu braço, com a maior delicadeza do mundo, como se por algum momento, eu fizesse sentido para ele. - Tome cuidado por favor, ainda tem uma agulha em seu braço! - Pediu gentilmente olhando meu braço para ver se eu não havia me machucado ou estragado com a doação.

Ele olhou para o chão e depois para mim, e pegou alguma coisa de lá, e quando vi, era a bolinha azul que eu havia deixado cair e ele colocou novamente na minha mão.

- Aperte ela! - E eu fiz meio que imediato isso, e logo em seguida fechei meu olhos, eu estava muito sem graça com seus olhares em cima de mim, ele encarava de uma forma que parecia conseguir ver o que tinha dentro de mim e da minha alma.

Após um bom tempo neste silêncio, eu quase dormindo e ele mexendo sem parar no celular a enfermeiro o chamou para fora, pois acredito que a irmã tinha acordado após a primeira transfusão, e logo em seguida outra enfermeira entrou no quarto para tirar o acesso do meu braço e me liberar, eu não via a hora de chegar em casa.

- Prontinho senhorita, você está liberada para ir embora. - Respondeu ela. - Lembre-se dos cuidados que recomendei por pelo menos essa semana.

- Obrigada!! - Agradeci pegando minhas coisas que estavam na bancada ao lado da cama.

Sai do quarto bem de fininho para não chamar atenção de ninguém, olhei para todos os lados e nenhum sinal dos dois homens que a pouco tempo estava no meu quarto.

Enquanto caminhava até a saída do hospital, passei por um quarto que me chamou atenção, o nome de Aimee Wang escrito na porta, e tinha uma pequena janela que dava para olhar para dentro dele e ao me aproximar, eu tentei ver quem era a moça, mas sem sucesso, eu era pequena demais para isso.

- Senhorita, você já vai? - Perguntou outra enfermeira e eu apenas confirmei com a cabeça. - Vou avisar a família da paciente então. - Respondeu ela pronta para entrar no quarto.

- Não há necessidade disto! - Respondi sem graça, pronta para sair correndo dali.

- Certeza? - E confirmei novamente com a cabeça. - Tudo bem!! - Respondeu por fim entrando no quarto e quando me virei, acabei trombando em uma mulher bem vestida pelo corretor.

- Não olha por onde anda? - Perguntou a mulher estupidamente.

- Sinto muito!! - Respondi ajudando pegar as coisas dela do chão, mas ouvi a porta sendo aberta novamente e por intuição, quando vi o presidente saindo do quarto, tudo que fiz foi correr até as escadas e ir embora dali.

Consegui ver por relance ele andando em minha direção, mas acelerei os passos e consegui pegar o primeiro táxi que apareceu ali na frente do hospital.

Desta família eu queria distância e nunca ser lembrada, porque meu emprego certamente entraria em jogo.

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