Capítulo 5 Nova casa
Hailey
A voz de Isla ecoou tão alto pelo telefone que instintivamente o afastei do ouvido, temendo pelos meus tímpanos.
— Você tá dizendo que seu meio-irmão é ridiculamente gostoso? — O tom dela era praticamente um grito, e minhas bochechas queimaram de vergonha.
Meu Deus, ela era muito barulhenta!
— Eu nunca disse isso. Por que você tá distorcendo minhas palavras desse jeito? — sibilei, sentindo o calor no meu rosto se intensificar.
Ela estava fazendo parecer que eu tinha secado ele. Mas eu não tinha secado ele? Droga. Eu também estava confusa, como eu deveria responder a ela?
— Foi exatamente o que pareceu — o assobio de Isla foi baixo, quase provocador. — Então, qual é seu plano agora, inocente Hailey? Você acabou de se meter num problema muito maior na sua nova casa.
Ele era problema, não só pra mim, mas pra qualquer garota por causa daquela maldita aparência. No entanto, claramente, ele tinha muito o que fazer, e eu testemunhei isso ao vivo hoje — ele era uma pessoa ocupada.
— Você não tá fazendo sentido nenhum — tentei dispensá-la, mas sabia que ela não deixaria isso passar facilmente.
— Quando você vai crescer? Você tem vinte anos, pelo amor de Deus! Você precisa começar a entender essas coisas. Ai, Hailey, o que eu vou fazer com você? Nesse ritmo, sua vida não vai ter nenhuma aventura!
Eu odiava admitir, mas hoje tinha sido uma aventura e tanto. Enquanto meu olhar percorria da têmpora dele até seu pomo de Adão, observando o jeito como suas veias se destacavam e vendo o brilho cativante de seus olhos sob as luzes e sombras cambiantes do restaurante, não pude deixar de me ressentir do fato de que ele logo seria meu meio-irmão.
No entanto, essa era a realidade e exigia que eu controlasse minhas emoções e o visse apenas como isso — meu meio-irmão — pra evitar que meu coração explodisse.
E havia uma opção ainda melhor: evitá-lo.
Sim, eu estava bastante confiante de que conseguiria evitar até mesmo a sombra dele.
— Dá pra falar mais baixo? Você tá praticamente gritando, e isso tá machucando meus ouvidos!
— Eu simplesmente não consigo lidar com você — Isla gemeu, sua decepção evidente. — Faz o que você quiser, mas toma cuidado perto dele. Ele parece algo completamente diferente.
— Como assim? Ele parecia completamente normal pra mim. Era só meus nervos agindo porque, bem, eu admito. Ele é incrivelmente bonito.
— Pelo menos você achou ele bonito — Isla riu, me provocando como sempre. — Essa é a primeira vez. Você nunca parece achar os homens atraentes. Por muito tempo, fiquei preocupada que você acabasse me pedindo em casamento.
As piadas dela sempre mexiam comigo. Eu as odiava, pra ser sincera, especialmente quando giravam em torno da minha virgindade e falta de experiência.
Eu sabia das coisas. Eu sabia quando ser ousada. Quando agir. Mas eu simplesmente não queria entregar minha virgindade como um ingresso grátis pra algum babaca.
— Cala a boca, Isla.
Isla se referiu à minha situação como "desejos presos em coma", mas eu acreditava que era mais sobre o momento certo ou, talvez, eu ainda não tivesse encontrado a pessoa certa. Mas hoje parecia... porra! Eu precisava parar!
— O quê? Tô apenas me expressando. De qualquer forma, não tenho muito tempo — preciso me preparar pro meu encontro com o Austin. No entanto, você, minha querida princesinha virgem — Isla riu —, esteja preparada porque tenho um forte pressentimento de que algo interessante pode aparecer no seu caminho em breve. Pode ser pouco convencional, mas não vou te desencorajar, porque você precisa desesperadamente de alguma excitação na sua vida monótona. Além disso, não vai fazer sentido pra você até que experimente pessoalmente. Então, se livra dessa cereja. Mas por enquanto, boa sorte!
— Que porra é essa...
Ela desligou antes que eu pudesse falar.
Isla clássica, sempre me deixando na dúvida.
"Se livra dessa cereja?" Corei furiosamente.
Soltando um suspiro frustrado, coloquei meu celular de lado e me virei de bruços, enterrando meu rosto no travesseiro. As palavras dela ecoando dentro da minha cabeça com a visão deliciosa do rosto de Damien que eu absolutamente adoraria entre minhas coxas...
Merda! Agora isso não sai da minha cabeça.
— Isla! Eu te odeio — resmunguei, minha voz abafada pelo travesseiro enquanto afundava meu rosto nele.
...
Um dia depois...
— Sabe, eu ainda preferiria que você me deixasse ficar aqui — murmurei enquanto arrumava minha mala, lidando com a realidade de que depois de apenas uma noite, eu estaria me mudando pra uma casa completamente diferente numa cidade completamente diferente. Eu estaria vivendo sob o mesmo teto com meu novo meio-irmão, totalmente presa, enquanto minha mãe e Coby aproveitavam sua lua de mel de duas semanas.
Ah, que maravilha. Me faça o favor!
Não era que eu desprezasse o que estava acontecendo. Eu estava genuinamente feliz pela minha mãe e pelo Coby. Mas eu não gostava de como minha vida estava de repente entrelaçada com a deles.
Eu amava onde eu estava agora. Era simples e tranquilo. Eu não queria muitas mudanças na minha vida, especialmente não algo tão monumental quanto isso parecia pra mim. Uma grande coisa pra mim, diferente de como era pra minha mãe.
— Já falamos sobre isso antes, Hailey — minha mãe entrou na conversa com uma voz cantada enquanto me ajudava a fazer as malas, dobrando cuidadosamente as roupas enquanto eu normalmente apenas jogava tudo dentro e fechava a mala.
Quem se incomodaria com uma dobradura tão meticulosa quando eu só teria que desempacotar tudo amanhã ao chegar na mansão do Coby? Essa pessoa era, sem dúvida, minha mãe! Ela tinha uma propensão à arrumação e à ordem. Talvez essa fosse outra razão pela qual Coby a admirava tanto — porque ele também parecia ser uma pessoa organizada.
E... Damien? Ele também parecia meticulosamente arrumado. Ainda mais do que minha mãe e Coby.
Entre esses três indivíduos estranhamente organizados e compostos, eu me destacava como a única caótica.
Deus, eu ainda não queria deixar esta cidade. Eu tinha meio que acreditado que Damien morava nesta cidade, no entanto, minha mãe destruiu essa suposição - acabou que nosso encontro ocorreu somente porque ele tinha vindo pra uma reunião de negócios.
— Mas mãe, pensa nisso. Eu poderia ficar aqui, e podemos falar todos os dias no telefone, né? Qual é o problema? Vamos lá. Pode levar algum tempo pra nós duas nos ajustarmos, mas eventualmente, a gente descobre. O que você acha? — Tentei suavizar meu tom, me afastando da minha abordagem exigente de sempre, e a julgar pela expressão da mãe, eu podia dizer que ela já havia entendido o motivo por trás da minha mudança de comportamento.
Bom, é claro que eu não queria me mudar com ela pro novo apartamento.
— Isso não vai rolar, Hailey. E eu nunca vou me adaptar a lugar nenhum sem você. Então para com essa bobagem.
— Mãe, isso é tão injusto! — Me levantei, mãos na cintura, lançando um olhar furioso pra ela. Eu estava completamente frustrada porque estava tentando convencê-la pela última hora, e ela simplesmente não me ouvia.
— Tenta ser mãe primeiro, e aí nada disso, literalmente nada disso, vai parecer injusto pra você.
— Não é a hora certa pra eu me estabelecer e ter filhos!
— Então fica comigo até que isso aconteça — ela brincou, como sempre rápida em suas respostas, completamente tranquila e controlada — uma compostura que eu queria desesperadamente imitar.
— Você é um pé no saco, mãe — resmunguei, me jogando na cama, finalmente aceitando a amarga realidade de que eu tinha oficialmente perdido essa discussão.
— Que pena, você vai ficar presa comigo — ela riu baixinho, continuando a fazer as malas.
— É, eu sei. Mas tenho a sensação de que vou odiar Los Angeles.
— E eu tenho a sensação de que você vai amar Los Angeles.
— Você tá errada, mãe.
— Não. As mães sempre têm razão, Hailey.
