Capítulo 6 Suas regras
Hailey
— Agora você pode beijar a noiva.
Enquanto Coby e mamãe se beijavam, o salão explodiu em aplausos e assobios alegres. Foi um grande casamento, embora com a presença apenas de familiares e amigos próximos da minha mãe e do Coby. Nós chegamos em Los Angeles na noite anterior, ficando num hotel até o grande dia. Nossa bagagem e tudo mais já tinham sido levados pra mansão do Coby.
Eu ainda não conseguia organizar meus sentimentos sobre esse casamento, mas ver minha mãe e Coby tão felizes aqueceu algo dentro de mim. Foram tempos difíceis; talvez os bons estivessem finalmente chegando?
Enquanto minha mãe e Coby encontrassem felicidade nesse casamento, eu também estava contente. No entanto, eu sabia que sentiria falta da minha vida anterior — a cidade que me viu crescer, os rostos familiares que deixei pra trás, mesmo que fossem apenas Isla e um punhado de outros que dividiam nosso prédio — o círculo era pequeno, mas parecia o suficiente.
— Eu te amo, querida — minha mãe sussurrou, com lágrimas escorrendo pela bochecha. Coby as enxugou com um pequeno sorriso. Os olhos dele brilharam também.
— Eu também te amo, Madison.
Um sorriso se abriu no meu rosto enquanto eu os observava, cercados por aplausos e buquês voando.
Eles eram o casal perfeito.
— Então, imagino que você esteja bem com esse casamento? — Uma voz repentina vinda de trás me fez arrepiar a espinha, fazendo os pelos do meu pescoço se eriçarem. Eu engasguei, girando rapidamente pra me encontrar cara a cara com uma figura vestida num terno caro e bem cortado, emanando um perfume familiar que atiçou meus sentidos.
Deus, me salva...
Meu olhar seguiu pra cima, finalmente pousando no rosto de Damien, que tinha escapado da minha visão até agora. Ele parecia tão bem quanto sempre, embora com o cabelo levemente bagunçado; não estava tão arrumado quanto naquele dia. No entanto, isso só aumentava seu charme — ele ainda era cativante.
Mas a questão urgente permanecia — ele tinha acabado de invadir o casamento? Eu tinha vasculhado cada canto antes, e ele não estava em lugar nenhum.
Ele não poderia estar chegando atrasado, poderia?
— Você... você acabou de chegar? — gaguejei.
— Bem, acho que sim — ele deu de ombros casualmente, se posicionando ao meu lado. Nossas mãos se roçaram, e eu rapidamente tirei as minhas, o que fez um sorriso irônico se formar nos lábios dele.
Diabo!
— Este é o casamento do seu pai. Como você pode ficar de boa chegando atrasado? — A pergunta escapou da minha boca antes que eu pudesse impedi-la, e imediatamente me arrependi quando seus penetrantes olhos cinzentos se fixaram em mim com foco inabalável.
— Não é o primeiro rodeio dele, Coelhinha. Então, não é grande coisa, e casamentos não são tão especiais assim — ele respondeu, tirando o paletó com um gemido cansado, jogando-o numa cadeira próxima.
— Você tá cansado?
Seu sorriso aumentou com a minha pergunta.
Porra. Por que eu tava bombardeando ele com perguntas? Tinha que ter alguma coisa errada comigo.
— Você tá preocupada?
— Não! De jeito nenhum — dei de ombros rapidamente, tentando disfarçar. — Por que eu ficaria preocupada?
— Cabe a você descobrir os motivos, Coelhinha. Não vou soletrar — ele riu, sentando ao meu lado enquanto ficávamos parados, como a maioria dos outros, observando Coby e minha mãe.
Havia algo seriamente estranho naquele cara. Eu não conseguia identificar, mas um ar de perigo o cercava, apesar do fato de que ele não tinha feito nada abertamente alarmante. Sua presença... tinha um certo peso. Algo indescritível.
Quando ele me viu de pé, inesperadamente perguntou:
— Por que você tá de pé? — Ele arqueou as sobrancelhas e, antes que eu pudesse responder, agarrou meu pulso e rapidamente me colocou de volta na cadeira.
— Que porra é essa? — suspirei.
— Bem, bem... nós também xingamos, hein? — Ele ergueu as sobrancelhas, com um sorriso malicioso nos lábios.
Calor inundou minhas bochechas de vergonha, mas me recusei a deixar meus nervos tomarem conta.
— Eu sou adulta, adultos não podem xingar? — retruquei, me mexendo na cadeira, tentando fugir do perfume inebriante dele.
— Quantos anos você tem? Dezoito? — Ele perguntou, inclinando a cabeça e examinando minha reação, e a expressão que ele tinha fez meu coração disparar dez vezes mais rápido do que antes.
Calma, Hailey.
Você consegue fazer isso.
— Errado. Tenho vinte anos — corrigi, notando um leve puxão no canto dos lábios carnudos dele.
— Tenho vinte e seis anos, Hailey — ele me lembrou, como se tentasse cutucar minha memória. — Então, com essa diferença de seis anos vem um certo direito — isto é, de disciplinar você... — Seu dedo indicador inesperadamente traçou o lado do meu rosto, e eu estremeci involuntariamente, me afastando. — Eu sou seu irmão, afinal. É o trabalho de um irmão disciplinar sua irmã mais nova, você não concorda?
Disciplina? Faça-me o favor.
— Você não é meu pai — as palavras saíram antes que eu pudesse impedi-las. Pelo amor de Deus — eu podia sentir a intimidação, eu podia sentir o quanto eu já gostava dele pra caralho de maneiras que eu não deveria, mas isso não lhe dava autoridade pra ditar minhas ações.
— E eu não tenho intenção de ser um — ele riu, um som profundo e gutural que me fez engolir em seco. Ele estava despertando emoções que eu não deveria estar sentindo — parece cedo pra admitir, mas merda, ele realmente estava. — Mas existe essa realidade, Coelhinha. Já que Madison não assumiu o comando, alguém tem que assumir, certo? Qual o problema se for seu meio-irmão?
— Eu nunca quis um irmão, em primeiro lugar, então não conta — eu disse bruscamente, minha voz quase inaudível sob seu olhar intenso.
— Então, você não me vê como seu irmão? — Seus lábios se contraíram no canto. Aqueles lábios pareciam... deliciosos — ai merda. Cara, isso era tão errado.
— Se você continuar agindo assim, então não.
— Melhor ainda.
O que é isso?
— O-o quê?
Ele soltou outra risada sutil, causando um choque em mim que tentei ignorar, me agarrando firmemente ao meu autocontrole, me recusando a deixar meus pensamentos intrusivos tomarem conta.
Mas então... ele agarrou a base da minha cadeira, puxando-a pra mais perto até que nossos rostos quase se tocaram. Minha respiração travou enquanto eu olhava pra ele, completamente surpresa, quase esquecendo de piscar.
Não se molhe, Hailey. Não ouse se molhar, porra!
Antes que eu pudesse abrir a boca pra fazer outra pergunta, ele falou.
— Deixa eu te contar uma coisa, Coelhinha — ele começou, sua voz baixa e controlada, sua mão se levantando pra colocar uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha. O olhar no rosto dele molhou minha calcinha e eu senti a umidade lentamente se acumulando — porra. — Eu tenho mais de um motivo pra te manter na linha. E vou te avisar agora, meus métodos não são fáceis. Não é algo que sua querida mamãe poderia ter te preparado. Você não vai gostar exatamente, então que tal você tomar cuidado com essa sua boca adorável quando estiver perto de mim? — Seus olhos roçaram meus lábios, o desconforto repentino na respiração dele espelhando o meu.
Deus. Suas palavras...
— E se eu recusar? — A pergunta escapou depois que respirei fundo, tentando controlar meus nervos, e um brilho passou pelos olhos cinzentos hipnotizantes dele, um sorriso travesso se espalhando pelos lábios dele.
— Você vai descobrir em breve — ele respondeu, levantando-se, pegando seu paletó e caminhando lentamente até desaparecer na multidão.
Qual era o lance do Damien? O que ele realmente queria?
