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Capítulo 2 Demônio?

Hailey

Meus lábios se fecharam, meus olhos se arregalaram como se um fantasma tivesse cruzado meu caminho, e o choque que senti foi semelhante a ser jogada do centésimo, talvez até ducentésimo andar de um prédio.

Então, esse era o pequeno demônio? Ele não era pequeno de jeito nenhum. Deus! Ele parecia pecaminoso como um demônio, mas...

Droga! Eu precisava me controlar.

— M-mas, Damien tem onze anos — gaguejei, minhas palavras mal passando de um sussurro. — Como você pode ser Damien?

Seus olhos cinzentos e tempestuosos brilhavam de diversão, a curva de seus lábios mostrando que ele gostava da minha confusão tanto quanto eu odiava estar confusa.

— Me diz uma coisa. O que em mim te fez pensar que eu seria uma criança de onze anos? — ele perguntou, momentaneamente desviando minha atenção para o jeito como seus lábios se moviam e as veias marcadas em seu pescoço — Deus! Ele até sabia meu nome... E ele era tão... impecável — algo sobre sua disciplina e serenidade batia de frente com minha natureza caótica.

Inferno! Isso seria um problema se ele fosse o verdadeiro Damien, porque meus pensamentos estavam longe de ser decentes. Nem perto.

Ele não podia ser o verdadeiro Damien. De jeito nenhum.

Mamãe insistiu que Damien era uma criança. Por que ela me enganaria assim?

— Então, você não é o tutor do Damien? — questionei.

— Tutor? — Ele riu, um som que sem esforço conseguiu me arrepiar inteira. — Parece que Madison inventou uma história e tanto pra você.

— Não é minha culpa. Ela estava muito entretida no celular quando mencionei você — admitiu mamãe, levantando as mãos em rendição. — Eu disse vinte e seis, ela ouviu onze — não fez sentido, então deixei ela no escuro.

Meu olhar se voltou pra ela.

Então, ela me enganou todas as vezes que eu reclamei de não querer um irmão?

Argh! Ela deve ter adorado me enganar. Era a porra do passatempo favorito dela, não importa o quê.

Olhei feio pra minha mãe, pegando-a tentando esconder o riso atrás da mão, confirmando minha suspeita.

— Como você pôde fazer isso? — perguntei incrédula, e ela riu.

— Olha pelo lado bom. Você preferiria um irmão maduro ao "pequeno demônio" que você sempre menciona, não é?

De fato, ele era maduro, mas eu não sabia por que agora gostava mais da ideia de ter um irmãozinho em vez daquele que estava sentado na minha frente em toda a glória divina.

— Pequeno Demônio? — Damien levantou uma sobrancelha diante da declaração da minha mãe, seu olhar fixo em mim, alguns fios de cabelo escapando do penteado elegante e emoldurando seu rosto perfeito.

Deus! Esses momentos me fizeram questionar se ela era mesmo minha mãe biológica.

— Ah, ela te chamou de "demoninho" porque achou que você seria um garoto irritante de onze anos — mamãe riu, me expondo sem dó. — Você devia ter visto o pânico dela só de pensar nisso. Ela tava literalmente surtando todos esses dias.

— Mãe! — Senti meu rosto queimar.

— Coitada da Hailey — Coby riu. — Isso não foi justo, Madison. Por que você fez isso com ela?

— Acho que ela ainda tá surtando um pouco mais agora — Damien observou, me analisando enquanto servia uma bebida, tomando-a lentamente, cada movimento seu era majestoso, tão calmo e controlado como se fosse um homem que nunca cometeria um erro, perfeito até no jeito que respirava, e havia algo em seu olhar que me fez querer sumir. — Ela ainda parece ter medo do demônio.

Demônio? Ele se autodenominou demônio?

Deus. O que eu deveria fazer com isso?

— Ela vai ficar bem — mamãe tranquilizou. — É só o jeito dela. Ela fica facilmente abalada.

— Mãe, você não precisa contar tudo sobre mim — murmurei, conseguindo dar uma risadinha, discretamente agarrando sua mão por baixo da mesa e lançando um olhar que ela ignorou alegremente.

No entanto, antes que ela pudesse dizer uma palavra, Damien interrompeu:

— Eu acredito que ela deveria. Afinal, você vai ser minha irmã, e a família deveria estar ciente... de tudo sobre cada um, não é?

Tudo? Certo. Não dava pra negar que ele estava se comportando tão estranhamente quanto meu coração acelerado, e infelizmente, ninguém pareceu notar, exceto eu.

Porra. Eu já estava molhada pra caralho...

— Mas... — tentei interromper, mas algo em seus olhos cinza tempestuosos não me deixou. Eles tinham poder. Porra, não eram só eles — era ele como um todo — ele era poderoso, uma presença que me silenciava apesar de sua reação mínima.

— Tudo bem, chega por enquanto. Tenho certeza de que Hailey não tem mais nada a acrescentar — mamãe riu, pegando o cardápio. — Vamos pedir. Sabemos como Damien é ocupado. Não devemos prender ele.

— Obrigado, Madison, mas já estou satisfeito. Almocei no caminho pra cá.

— Mas eu pedi pra você se juntar a nós pro almoço, Damien. Por que você fez isso? — Coby questionou, uma ruga se formando entre suas sobrancelhas, confusão evidente.

— Talvez eu me sentisse mais à vontade comendo com meus colegas? — Damien respondeu com um sorriso meio sarcástico, tomando um gole de vinho. A expressão de Coby vacilou, espelhando a da minha mãe.

OK...

Definitivamente tinha algo errado.

Algo sobre o sorriso dele estava... realmente estranho. Ele deixou uma tensão pesada no ar, e eu não tinha percebido até agora.

— Damien, nós já conversamos antes, não é? Isso não é... — Coby começou.

— Tudo bem, querido — mamãe interrompeu antes que Coby pudesse continuar, seu tom excessivamente alegre. — Ele trabalha o tempo todo, deve estar com fome. Sem problemas. Pelo menos ele conseguiu vir.

— Obrigado por entender, Madison. Eu realmente não esperava por isso — Damien abriu outro sorriso, sem calor novamente.

Qual era o problema dele? Ele parecia totalmente desinteressado em estar aqui.

Desde o início, percebi que algo estava errado, mas não esperava esse nível de tensão entre ele, Coby e minha mãe.

O sorriso da minha mãe vacilou diante das palavras dele, mas ela tentou mantê-lo, sinalizando silenciosamente para Coby não reagir.

Isso era normal? O comportamento frio de Damien com minha mãe e seu pai? Ele sempre foi assim ou era simplesmente contra esse casamento?

Minha mãe era muito legal com ele, não tinha necessidade de ele se comportar como um idiota de coração gelado quando Deus lhe dera feições tão bonitas.

Um sorriso genuíno lhe cairia melhor do que um sorriso sarcástico.

Fiquei quieta, evitando o olhar de Damien que parecia fixo no meu, sem nunca vacilar durante todo o almoço. A tensão pairava espessa, e seu olhar inabalável adicionou uma camada desconfortável à atmosfera tensa e uma nova velocidade aos meus batimentos cardíacos já acelerados.

Até agora, eu poderia dizer — meu novo irmão não exalava nada além de elegância pecaminosa sobrenatural, e eu deveria ter me importado menos com problemas. Problemas pra mim...

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