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Capítulo 4 - Donzela em perigo

Levei apenas alguns minutos para me acalmar, não tinha tempo a perder, precisava agir e precisava me mexer, pois já sentia meus músculos rígidos de tanto estresse, então saí do meu escritório, fui em direção à mesa de Gina e, assim que a vi, ela me mostrou um pedaço de papel, era o número de telefone do Sr. Huan Yue, o gerente da importadora de tecidos Lanatex.

- O Sr. Black deixou isso para mim. - Gina murmurou, corando.

Eu bufei de desgosto, achei a atitude dela realmente estúpida, "Não que o cara fosse tão gostoso", ponderei, "Ele parecia meio interessante, mas só isso, porque a atitude dele não o ajuda muito".

Então, pelo menos o Sr. Black teve a decência de deixar o número do gerente da empresa importadora, o que era uma preocupação a menos, embora não fosse algo relevante o suficiente para agradecê-lo.

- Gina, disque para o gerente, eu vou resolver isso. - Ela assentiu e discou o número e, depois de um longo tempo tocando, ela me entregou o fone.

- Bom dia, Sr. Huan Yue... Aqui é a Sra. Eva Golf, gerente da G&G, divisão da Espanha... Sim, senhor, tivemos um problema com o último pedido... É claro que entendo que o erro foi nosso e assumo a responsabilidade... Sim, na verdade, gostaria de falar sobre isso pessoalmente... Não, não estou na Ásia agora, mas já tenho um voo marcado, hoje à noite parto para lá... - anunciei, fazendo sinais para que Gina reservasse um voo para mim imediatamente. - Sim, e na verdade eu gostaria de convidá-la para jantar para que possamos conversar confortavelmente... Claro, eu entendo que você tem uma agenda muito apertada, mas... - E foi aí que o Sr. Yue fez uma pergunta que eu não queria responder.

- Desculpe-me, Sra. Golf, mas de onde você tirou meu número pessoal? - Huan Yue perguntou do outro lado do receptor.

- Oh, bem... - engoli, ponderando o que iria dizer, não queria envolver Lucas nisso, mas que outra escolha eu tinha? - A verdade é que foi o Sr. Lucas Black que facilitou as coisas para mim, ele queria nos apoiar e... - Comecei a explicar, quando o Sr. Yue me interrompeu.

- Lucas Black?! Que bom! Não falo com ele há muito tempo... Bem, bem, isso muda tudo, vou abrir um espaço em meu diário. - Huan Yue respondeu com mais ânimo.

- Ah, isso é bom, Sr. Yue... Fico feliz por poder contar com você...

- Ah, e diga ao Sr. Black que estarei esperando por ele com a bebida que ele me deve, e que o verei no restaurante de sempre...

- Não, Sr. Yue, você me entendeu mal, Sr... - Tentei esclarecer.

- Obrigado, senhor. - Ele desligou.

Que porra tinha acabado de acontecer? Eu tinha conseguido um encontro para resolver meu problema com o gerente da Lanatex, mas tive que ir com o Lucas? Até a Ásia?!

- Gina, disque novamente. - ordenei, sentindo um pequeno aperto no peito.

- Sinto muito, senhora, mas a ligação não está funcionando. - Ela murmurou depois de várias tentativas.

- Continue tentando! - ordenei, frustrado, e voltei para o meu escritório, fechando a porta com força.

Comecei a andar de um lado para o outro, pensando no que fazer, será que eu teria que viajar com o Lucas? Não! Pelo que me parece, não era necessário, embora Huan Yue só tenha concordado com nosso encontro quando soube da presença dele.

Por que?! Por que isso estava acontecendo comigo?! E se eu aparecesse sozinha na sede da empresa importadora? Mas eu tinha um encontro para jantar e como eu poderia saber onde ficava o restaurante de que o Sr. Yue falou?

Eu não tinha escolha, tinha que entrar em contato com Lucas Black, mas o que eu poderia dizer a ele depois de tudo o que ele havia me dito? Meu orgulho estava me matando, eu estava sufocando só de pensar nisso... E se eu dissesse à Gina para ligar para o Lucas por mim? Não, não, eu não era covarde e não tinha medo de enfrentar um homem.

Fui até minha mesa, onde o arquivo de Lucas ainda estava, verifiquei seus dados pessoais e encontrei seu número de telefone pessoal e endereço residencial, que não era longe da empresa. Pensei por um momento e concluí que a melhor coisa a fazer era conversar pessoalmente sobre a situação.

Olhei novamente o arquivo com certa curiosidade, havia mais uma informação que estranhamente me chamou a atenção, o estado civil destacava a palavra: Divorciado.

- Acho que não estou surpreso, com esse caráter... - murmurei para mim mesmo.

Esperei mais um pouco, rezando por boas notícias de Gina para variar, mas, depois de muitas tentativas, ela me informou que o Sr. Yue parecia estar ignorando as ligações.

Inacreditável, que falta de respeito com esses homens!

Muito bem! Eu estufei o peito com orgulho e coragem, eu daria um jeito nisso, essa empresa era minha e eu tinha que resolvê-la, embora, depois de tanto estresse, eu tivesse certeza de que já tinha algumas rugas e alguns cabelos brancos a mais. Peguei minha bolsa e a pasta com o arquivo do Lucas e saí do escritório.

- Gina... Reserve outro assento no voo. - Eu ordenei a ela.

Eu estava indo falar com Lucas pessoalmente e, embora aquele assento extra provavelmente estivesse vazio, eu tinha que estar preparado para qualquer coisa.

Cheguei ao endereço da casa de Lucas, que ficava no que poderia ser descrito como praticamente um conjunto habitacional para solteiros, com pequenos apartamentos.

Muitos homens que estavam nas proximidades me encaravam sem piscar, eu não me importava, estava acostumada com esses olhares e sempre carregava meu spray de pimenta na bolsa para qualquer ocorrência.

Subi até o andar correspondente e bati na porta com impaciência, um momento depois, Lucas abriu a porta, boquiaberto ao me ver. Ele ainda estava vestido com o terno com o qual tinha ido à empresa e segurava uma cerveja na mão.

- Eva...? - Ele limpou a garganta. - Sra. Golf? O que está fazendo aqui?

- Boa tarde, Sr. Black, fui obrigado a vir vê-lo por causa de um assunto de extrema importância. - Eu esclareci imediatamente.

- Obrigação? - Ele levantou uma sobrancelha. - Se o senhor tinha algum assunto a tratar comigo, poderia muito bem tê-lo feito por telefone, não acha? - ele comentou ironicamente. Revirei os olhos diante de suas palavras estúpidas, e eu o considerava mais inteligente.

- Como eu disse a ele, é um assunto de extrema importância, por isso preferi atendê-lo pessoalmente, obviamente. - Expliquei devagar, para ver se ele me entendia melhor.

- Muito bem... - Ele se encostou na porta de maneira muito casual. - Diga-me, o que poderia ser um assunto tão importante para que o importante gerente viesse ao meu apartamento? - Percebi o tom de sarcasmo, respirei fundo e limpei a garganta, lembrando-me de que estava fazendo isso pela empresa.

- E você quer que a gente converse na porta?

- Tem certeza de que quer que eu a convide para entrar no meu apartamento, Sra. Golf? - Ele perguntou sugestivamente e um sorriso torto acompanhou esse comentário, o que causou um pequeno arrepio em minha espinha.

- Oh, por favor... Não seja intimidador, Sr. Black... Você não é...", rebateu imediatamente, ficando na defensiva.

- Seu tipo? - Ele me interrompeu, adivinhando meu pensamento e me olhando diretamente nos olhos, deixando-me perplexa.

- Tentei recuperar minha convicção, franzindo a testa, embora começasse a me sentir bastante nervosa. - A verdade é que você não faz o meu tipo, e não estou aqui para esse tipo de conversa fiada... Como já lhe disse, estou aqui para tratar de um assunto crucial, relacionado ao trabalho.

Percebendo minha postura determinada, Lucas abriu a porta e fez um gesto com a mão para me convidar a entrar. Entrei sem me virar e, ali mesmo, me vi em uma pequena sala.

Depois de fechar a porta, Lucas passou por mim, sentou-se no sofá, cruzou as pernas e sua expressão casual mudou abruptamente para uma muito séria, deixou a cerveja na mesa e voltou toda a sua atenção para mim.

- Coisa de trabalho? Porque, pelo que me lembro, não aceitei sua vaga de emprego, Sra. Golf, ou está muito ansiosa para trabalhar comigo? - perguntou ele de forma pedante. Instintivamente, eu sorri e revirei os olhos, ele era um idiota.

- Vou ignorar esse comentário e explicar rapidamente a situação, como você sugeriu, liguei para o gerente da importadora de tecidos, o Sr. Huan Yue, contei a ele sobre o erro no pedido e até o convidei para um jantar para resolver o problema pessoalmente, mas ele não aceitou porque estava supostamente muito ocupado...

- E você quer que eu o chame para resolver seu problema? - perguntou Lucas, levantando uma sobrancelha.

- Não, Sr. Black... O Sr. Yue me perguntou de onde eu tirei o número pessoal dele, então tomei a liberdade de mencionar o nome dele e... - Parei, a parte difícil da história estava chegando.

- ¿Y?. - Lucas franziu as sobrancelhas.

- Não sei como isso aconteceu, mas o Sr. Yue presumiu que você também viajaria para a Ásia em apoio à empresa, para se encontrar com ele e resolver o pedido. - Contei rapidamente, quase sem fôlego e muito atento à reação de Lucas.

- Bem... eu entendo... E acho que você explicou o erro ao Huan, não foi? - ele perguntou confuso.

- Esse é o problema, Sr. Black, o Sr. Yue só aceitou meu convite porque achou que você iria e, embora eu tenha tentado entrar em contato com ele para esclarecer esse ponto, ele não retornou minhas ligações. - Lucas olhou para mim por um tempo, sem expressão.

- Você está me dizendo que eu tenho que viajar com você para a Ásia? - ele finalmente deixou escapar, depois de digerir minhas palavras.

- Bem, eu sei que não é sua obrigação, mas...

- Não." Ele balançou a cabeça e se levantou da cadeira, pegou a garrafa e saiu da sala, deixando-me sozinha, atordoada e com a palavra na boca.

"Que homem mal-educado", ponderei, mais uma vez sua atitude estava me fazendo perder a cabeça, andei alguns passos pelo corredor, mal espiando pelo corredor por onde Lucas entrou, eu o vi em uma pequena cozinha, abrindo outra garrafa.

- Sr. Black! - Levantei a voz de meu lugar na sala de estar, andando com os olhos baixos, pois achava essa posição embaraçosa. - Não pense que essa situação é fácil para mim ou que eu gosto dela, mas...!

- Mas você precisa de mim...", ele anunciou, suspirando e se apoiando no batente da porta, com uma nova garrafa na mão. Eu apenas olhei para ele em silêncio, era verdade, naquele momento eu precisava dele, mas eu também não diria isso tão levianamente. - Então você se tornou a donzela em perigo..." Lucas se aproximou, parando a centímetros de mim. - Mas eu não sou o cavalheiro encantador....

- O quê? - Levantei meu rosto, tentando entender suas palavras.

- Muito bem, Sra. Golf... O que você vai me oferecer em troca? - Ele perguntou, tomando um drinque.

- O quê?

- O que você vai me oferecer em troca de eu viajar com você para a Ásia e ajudá-la a resolver seu problema com a ordem da empresa? - Ele perguntou novamente e algo em seu gesto era sugestivo e incitante.

- Bem... Bem, eu posso lhe oferecer um bom pagamento, se é isso que você quer dizer. - Ele assentiu com a cabeça, como se isso fosse óbvio, e eu me senti um pouco envergonhado, o que havia de errado comigo, como é que eu tive a ideia errada? - Além disso, ele viajará com todo o conforto?

- ¿Y?. - Ele insistiu, como se algo mais estivesse faltando, levantando uma sobrancelha.

- Você irá como assessor...", resolvi, sentindo que isso poderia motivá-lo e me apoiar na situação. - Ele não será meu assistente, Sr. Black, ele trabalhará comigo e me acompanhará, como meu conselheiro pessoal.

- Eu entendo...

Lucas olhou para baixo, ele parecia estar ponderando a situação, então eu dei a ele o seu momento e não disse nada e tentei me afastar sorrateiramente, sua proximidade estava me deixando um pouco desconfortável, eu não sabia por que, mas ele estava me deixando bastante nervosa. Depois de um longo suspiro, ele olhou para mim com seriedade.

- Muito bem, Sra. Golf, eu aceitarei com uma condição.

- Uma condição? O quê?

- Diga a palavra mágica...

- Palavra mágica? - repeti confusa, ele sorriu, levantando uma sobrancelha.

- Sim, a palavra mágica: "Por favor". - Ele explicou, olhando para mim com grande interesse.

- Eu... Uh... Bem...

Por que ele estava me perguntando isso? Ele via isso como um jogo? Ou estava tirando sarro de mim? Bufei, se ele estava fazendo isso para me testar, eu não me importava, agora eu só queria acabar com isso e sair dali.

- Eu só queria acabar com aquilo e sair dali. - Gritei, levantando o rosto para que ele pudesse ver que eu não me importava. Lucas apenas franziu os lábios em uma linha.

- Bem feito... - Ele pensou, tomando outro drinque. - Bem... Como prometi, eu aceito, vou com você.

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