Capítulo 02
Londres, dia 27 de 1800
Alguns dias depois daquela calorosa tarde com seu amigo/amante, Suzi se sentia bem e ao mesmo tempo mal por ter feito aquilo sem ser casada com Roberto. Enquanto estava no seu quarto deitada pensando na vida e escrevia na sua singela máquina de escrever, ela ainda sentia a respiração compassada de seu amado no seu ouvido.
Isso a deixa fora de si, passando uma de suas mãos nos lábios vermelhos pelo batom e outra subindo por sua perna direita. O vestido atrapalhava um pouco, a fez parar de escrever só de pensar nele, nesse momento uma batida na porta a faz acordar do transe que estava. Era sua governanta a chamando para o chá da tarde, algo que adorava.
Disse apenas que estava indisposta e iria ficar no quarto mesmo, escrevendo seu romance épico, uma escritora ávida igual sua mãe poetisa. No caso Suzi queria ser romancista, enquanto voltava a fechar a porta e se dirigir para a escrivaninha de madeira escura e linhas cheias de detalhes...a mesma se pegou vagando novamente...
Dessa vez trancou a porta do quarto e deitou na cama macia como algodão, se desfez do vestido pesado ficando somente com sua anágua e o corselete espartilho. Abriu um pouco a procura de um pouco mais de ar, tirou por completo seus trajes e ficou a pensar no amante, se tocou com afinco ao prazer, seus olhos reviraram conforme ia sentindo e lembrando os toques de Roberto...
Seus lábios delicados mordia, sentido a respiração forte que ficava, ela chegava aos poucos no extremo de seu gozo. Enfiava os dedos o mais fundo que conseguia, gemia tampando a boca para ninguém perceber o que estava fazendo. Curvava seu corpo para trás demonstrando tamanho prazer, lembrava o que Roberto fazia com a língua em seu nu, é cada vez mais molhada.
No seu ápice, curvando o corpo levemente, chegou ao máximo de seu prazer, ofegante olhava para o teto, seu rosto levemente corado entregava o que sentia. Um prazer que jamais teve com seu ex marido, ficou uns minutos deitada olhando seus dedos melados do seu líquido, aquilo a deixou mais corada e de certa forma feliz com toda aquela situação.
Depois de recuperar um pouco suas forças levantou e seguiu direto ao banheiro onde encheu a bandeira e entrou. Nesse instante esqueceu de tudo que ocorria à sua volta, a barulheira da velha Londres não importava, a jovem Suzi somente queria descansar e relaxar, esquecer suas responsabilidades por um certo momento...
Seu quarto e a pequena máquina sempre foram seus maiores confidentes, nunca havia se tocado por medo do seu pai descobrir, mas naquele instante ela não se importou e fez com vontade. Ela ficava pensativa sobre essa realização de algo que sempre desejou e nunca fez por medo do pai opressor, aquele momento ficaria marcado para sempre em seu coração, mente e corpo.
A mesma dormiu na banheira, acordou horas depois com sua governanta a chamando no desespero da jovem ter morrido na banheira. Suzi acordou perguntando se tinha acontecido algo, e porque estava atrapalhando seu banho...a mesma explicou que já havia se passado horas desde o último contato, a mesma se assustou e saiu da banheira, sem se importar com o gerente do hotel a vendo nua ali...ela se vestiu e desceu para o jantar com seus pais.
Já no salão, Suzi se sentou na mesa próxima a janela, adorava ver o movimento da rua e do céu, que ainda não era tão poluído pela luz, abria para sentir o ar frio da noite em seu rosto. Isso, de certa forma, a deixava feliz, uma paz que não tinha descrição, acompanhada de um pão grelhado e umas folhas amareladas que faziam companhia a caneta de penas, Suzana escrevia de forma voraz.
O clima era favorável para desenhar e escrever, havia no salão logo a frente de sua mesa uma moça de vermelho com feições delicadas e fascinantes, Suzi acenou para a mesma perguntando se podia desenhar enquanto jantava. A moça logo topou, seu rosto moreno e cabelos cacheados davam um ar de graciosidade, tal tanto que fez a jovem escritora morder os lábios inferiores.
A mulher a qual desenhava demonstrou um sorriso escondido, um olhar perdido em pensamentos turvos, isso a fascinava cada vez mais, logo que seu prato chegou Suzi terminou o desenho e o entregou a moça. A mesma tinha ficado feliz por aquele desenho, os detalhes estavam perfeitos, a cópia da moça de vermelho tinha total semelhança com a real.
O pato grelhado estava com uma ótima aparência, seu corpo com uma leve crosta passada na manteiga, o arruma estava a se espalhar no salão. Todos olharam Suzi que ficou corada, como uma moça poderia comer tanto? Bom, ela podia, as mesas mais cheias pediram um prato exatamente como o dela, a Condessa havia criado uma tendência sem querer, só por comer seu prato.
Tudo acontecia calmante, ela observava o movimento do salão, uns negócios escusos acontecendo, alguns com suas amantes e outros só jantando com a família. Todos clientes de seu hotel, ela não se importava muito caso a polícia fosse lá investigar, já que o investigador geral e a rainha eram seus clientes
Vip 's, iam lá sempre que possível dá prestígio a ela e a família.
Muitos vinham a comprimentar e demonstrar respeito, sozinha demonstrava poder e confiança para todos a sua volta, e isso lhe custava caro, tudo cobrava um preço alto demais. Mas ela estava disposta a ter isso, já que não lhe restava mais nada além de seus negócios, seu irmão de 15 anos e seu pai, suas únicas motivações para seguir em frente.
Um sorriso vago e olhar carinhoso a todos, adultos e crianças, nunca tratava um morador de rua diferente do rico, ela ajuda a todos que ficavam ao seu alcance, seus funcionários, mesmo não muito felizes com o trabalho, não eram de reclamar por pagar bem. E isso era bom, o legado de sua mãe continuava vivo nela e naquele lugar lindo.
