Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

CAPÍTULO 02 - SUPOSTA VINGANÇA

THOMAS:

Veneza, dias atuais.

Estava a passeio na casa de alguns familiares. Uma vez por ano me afasto do meu pai. Uma vez por ano, me dou ao luxo de visitar alguns parentes. É o único momento em que consigo me desligar de tudo, e descansar. Enquanto estava relaxando, o meu celular começou a tocar. O número da secretária do meu pai apareceu na tela. Puta que pariu, ela não tem costume de me ligar com muita frequência, algo muito grave deve ter acontecido. Atendi o telefone imediatamente.

— Senhor Thomas? — Perguntou com a voz trêmula.

— Sim, sou eu, pode falar! — Respondi apressado.

— O seu pai acabou de ser assassinado! — Informou, tocando direto no assunto.

— Porra, assassinado? Como assim? Foi alguma briga entre gangues? — Indaguei sem conseguir acreditar.

— Não senhor! Não teve nenhuma relação com a máfia! Acredito que seja melhor o senhor retornar! — Explicou.

— Já estou a caminho! Em algumas horas estarei de volta — encerrei a ligação.

Puta merda, mataram meu pai. Se o assassinato não foi relacionado com a máfia, quem foi o maledetto que o matou? Não vou sossegar enquanto não encontrar a pessoa miserável que fez isso. O meu pai era um velho pioneiro da máfia italiana. Ele se separou da minha mãe quando eu tinha 12 anos, o meu irmão Brad, tinha 16. Nunca descobrimos o real motivo do divórcio, e todas as vezes que tentamos tocar no assunto, eu e meu irmão éramos castigados.

Basicamente, toda minha família tem interesses com a máfia.

Alguns mais, outros menos. Acredito que eu seja o que menos tenha interesse em me reingressar. Decidi não fazer mais parte, após ter matado duas pessoas que descobri mais tarde que eram pessoas inocentes. Esse fato acabou comigo. Na verdade, acabei destruindo sete vidas, oito contando com a minha. Deixei cinco crianças órfãs, após matar seus pais que, acidentalmente, acabei confundindo com um casal que havia roubado muito dinheiro da minha família. Infelizmente, eles estavam no lugar errado, na hora errada. O que me deixou um pouco mais confortável, foi que tempos depois descobri que aqueles pais agrediram muito seus filhos. Neste caso, acabei dando um livramento a eles. Tenho uma divida eterna com as crianças. Sempre dou a elas toda assistência necessária, até decidir que não precisam mais. Depois deste incidente, prometi a mim mesmo que nunca mais faria parte disso. Claro que não foi tão fácil conseguir me desligar, pois sou um herdeiro do trono do meu pai. Funciona como uma hierarquia. Como meu pai faleceu, meu irmão ficará no seu lugar, e se acontecer algo ao meu irmão, eu ficaria no seu lugar.

Na máfia, todos temos que fazer um juramento de lealdade. Esse ritual se chama “punciuta”. E consiste em fazer sair algumas gotas de sangue do homem que está prestes a se ingressar. Essas gotas devem cair sobre um santinho, para queimar com a promessa de que nossas carnes se queimarão como as chamas, no caso de alguma traição. Eu e o Brad fizemos esse juramento quando ainda éramos crianças. Funciona como se fosse um batizado qualquer, me lembro parcialmente de quando fiz esse ritual. Naquela época, tudo estava muito confuso para mim, pois eu tinha apenas 5 anos de idade. Para a minha sorte, minha mãe conseguiu convencer meu pai a fazer um documento. Graças a ele, tive o livre arbítrio de abandonar tudo, no momento em que decidi que não queria mais fazer parte desse mundo. Eu ainda era criança quando redigiram o registro no meu nome. Na época do meu incidente com o casal, o meu pai precisou ir à Sicília, que se localiza na Itália, para fazer a retirada desse importante papel. Pois sem ele, não iria conseguir me desligar. Com ele já em mãos, pude fazer um novo juramento e me retirar totalmente dos assuntos relacionados a máfia. Se eu tiver filhos futuramente, eles também estarão ilesos de participar por obrigatoriedade, a menos que eles queiram participar por conta própria, quando atingir a maioridade. Até hoje não consigo entender o real motivo que levou minha mãe a exigir esse precioso documento. Ela nunca me falou, mas sou muito grato a ela por ter pensado no meu bem estar. Acredito que ela conheça muito bem os filhos que tem. O meu irmão sempre me achou um tremendo fracasso. Ele vive dizendo que sou um homem que possui o coração muito amolecido. Agora o trono do nosso pai é dele, por direito. Ele tem 32 anos, é 4 anos mais velho que eu, e além disso, sempre gostou de estar envolvido com a máfia, totalmente o oposto de mim.

Hoje sou proprietário de uma rede de hotéis que meu avô materno deixou pra mim, quando ainda estava no leito de sua morte. É um negócio multimilionário. Trabalho na administração dos hotéis. A hotelaria é uma área que rende bastante dinheiro, e nunca para. Tenho 5 hotéis de luxo espalhados pelo mundo. Eles estão localizados em Dubai, Japão, Rússia, Nova York e Seattle. O de Seattle, é o que mais acompanho de perto, pois foi a cidade que escolhi para morar. Possuo vários empregados e tenho alguns sócios. Entre eles, tem o Youssef Rashidi. Ele se tornou um sócio minoritário, tem uma pequena porcentagem do hotel de Dubai. Escolhi ele para tomar conta deste hotel, pois além de ser um parente distante, por parte de minha mãe, ele também é um ex sargento muito bem treinado. Ele foi treinado pelo exército Israelense, agora dirige uma empresa especialista em segurança. Apesar de ganhar muito bem pela porcentagem da associação do hotel, Youssef optou por ter sua própria empresa. Uma empresa da qual sou beneficiado, pois meus seguranças são todos treinados por ele. A grande maioria são ex-funcionários da agência secreta. Resumindo, realmente são os melhores para fazer minha segurança.

Tenho um segurança que considero meu braço direito. É um dos funcionários mais antigos que possuo. Seu nome é Mattia. Ele é o único a quem confio todos meus segredos. Com certeza confiaria minha vida a ele de olhos fechados. Segui viagem de volta para Seattle. Senti um grande alívio ao ver o avião pousando no aeroporto. O voo foi extremamente estressante. Acredito que pelo fato de saber sobre o falecimento do meu pai, a angústia e a pressa de chegar, tomaram conta de mim. Desembarquei e Mattia já estava à minha espera, com a limusine. De forma ágil entrei no carro, com destino a casa do meu pai. Em alguns dias pretendo comprar um carro mais potente. No último mês emprestei o meu para um velho conhecido, e o filho da puta acabou com ele em um acidente que se envolveu. No caminho até a residência, peguei o celular no bolso do paletó, com intuito de enviar uma mensagem para um antigo amigo. Seu nome é Dominique. Somos amigos desde a infância. É o único amigo que tenho. Preciso avisá-lo sobre o incidente com meu pai, talvez, ele nem esteja sabendo ainda. Mattia estacionou o carro e desci apressado. Assim que entrei na casa, Eleanor veio até mim.

— Senhor Thomas, que bom que chegou! Tudo aconteceu muito rápido! Uma moça foi até o galpão interessada na vaga que seu pai publicou no jornal! Pouco tempo depois, ouvi alguns gritos dela! Em seguida, um homem entrou, chutou a porta e atirou no seu pai! Fiquei com muito medo e sai correndo — explicou sem conseguir conter o choro.

— Saberia dizer o nome dessa moça, Eleanor? — Indaguei com curiosidade.

— Se não me falha a memória, o nome dela é Emma Campbell — respondeu ainda chorando bastante.

— Hum, será que tem algum parentesco com o falecido Vincent Campbell? Muito bem, Eleanor! Vou me informar sobre essa tal Emma, talvez nos leve em algum lugar! E meu irmão? Não chegou ainda? — Arqueei a sobrancelha.

— Tentei contato com ele, contudo, ele está muito envolvido com os ‘negócios’ e pediu para você tomar a frente de tudo! Ele avisou que assim que puder vai retornar — explicou com a voz fanha devido ao choro.

— Isso é típico do meu irmão, os ‘negócios’ sempre em primeiro lugar — nem me admirei com a atitude dele.

Organizei todo o funeral e meu irmão apenas enviou uma mensagem confirmando o que eu já sabia. Ele não vem. Após a triste despedida, constatei que já está na hora de descobrir quem o matou. Ficar de luto não irá me levar a lugar algum.

********************************

Passaram-se alguns dias. Eu e Mattia conseguimos descobrir o endereço da tal Emma. Ainda bem que ela falou seu nome para Eleanor, caso contrário, nunca encontraria a pessoa que matou meu pai. Ficamos por dias investigando e colhendo informações necessárias. Descobrimos que ela tem um irmão chamado Mark. Ele tem alguns envolvimentos com o departamento do FBI. Ao que me parece, ele vai seguir os passos do falecido pai, o Vincent Campbell. De acordo com as informações que tivemos, os pais deles morreram recentemente, em um acidente suspeito. Segundo a polícia local, é provável que tenha sido um acidente criminoso. De certo alguém quis se livrar do velho. Passamos algum tempo observando a casa. Notei que sempre havia alguém fazendo a segurança do lado de fora. Após dias de campana, já estava prestes a desistir, pois não via movimento nenhum dentro da porcaria do imóvel. Decidi então, dar ordem para o Mattia nos levar embora, e quando ele ligou o carro para sair, vi uma moça saindo pela porta da frente. Uma moça muito bonita por sinal. Consequentemente, pedi para ele desligar o veículo de novo. Logo tomei ciência que os homens que estavam parados em frente a casa, começaram a segui-la. Rapidamente Mattia foi atrás deles. Sempre mantendo uma boa distância para não sermos descobertos. Observei ela entrar em uma floricultura. Dei uma breve pausa para não alarmar os vigias, e logo após, entrei no estabelecimento também.

— Mattia, vou entrar! Se você ver qualquer movimento suspeito dos dois vigias no carro, pode meter chumbo sem dó — avisei antes de descer do carro.

Assim que passei pela porta, a vi conversando com uma mulher, e em questão de segundos, ela veio ao meu encontro. Fui atendido gentilmente por ela. Observei que ela era uma moça muito bonita. Algo nela me chamou atenção, não sei definir muito bem o que é, mas realmente me deixou impressionado. Ela se aproximou para fazer meu atendimento e precisei me passar por cliente. O que vou pedir? Nunca fui muito bom com nomes de plantas. Pedi pela única que me veio à cabeça. Falei que estava à procura de Bromélias. Enquanto separava meu pedido, ela toda desastrada, tropeçou e caiu no chão. Como alguém com um perfil desse poderia participar de um assassinato? Peguei em sua mão para ajudá-la a se levantar, e ao tocá-la, pude sentir a suavidade e a maciez que sua pele possuía.

Caralho, ela realmente é muito linda. A minha mente mulherenga e fodida só conseguia imaginá-la em cima de mim. Puta merda. Não posso me permitir ter este tipo de pensamento. Não vou deixar que ela me distraia. Estou aqui apenas para vingar a morte do meu pai, não tenho tempo para distrações. Os olhos dela são repletos de mistério, e possuem um brilho diferente. Algo nela é diferente de tudo que já vi, e acredito que seja isso que chamou minha atenção. Após entregar as Bromélias que pedi, ela me deu uma porcaria de um vale compras no valor de 70 dólares, pois não havia troco em caixa para me devolver.

Me vi obrigado a sair rápido da loja, pois não havia muito o que falar para ela no momento. Precisava continuar vigiando de longe e conseguir um pretexto bastante coerente para me aproximar de novo. Segui de volta ao carro, sem levantar suspeitas. No caminho, guardei o vale compras na minha carteira e decidi jogar as Bromélias em um latão de lixo. Definitivamente esses foram os 30 dólares mais mal gastos da minha vida. O Mattia dirigiu novamente para o ponto onde estávamos no início. Próximo da casa dela. Passamos o restante da tarde parados, focados em vigiar. Não demorou muito, e a mesma moça que conversava com ela na floricultura, entrou na casa. Será que elas são parentes? Preciso me informar sobre isso. Algum tempo depois, vi ela voltando também. Não é possível, ela está... dançando? E pelo visto está cantando também.

— Essa garota com certeza não bate muito bem das ideias, Mattia — não consegui deixar de prestar atenção nos gestos engraçados que ela fazia.

— Parece que ela está se divertindo bastante, senhor — disse, achando graça.

— Quem em sã consciência fica andando pelas ruas da cidade cantando e dançando? Com certeza isso não é uma coisa que se vê todos os dias — afirmei estranhando o comportamento da garota. Observando-a por um tempo, me peguei por um instante viajando na sua boca, ah puta merda. Ela tem uma boca notavelmente carnuda, e isso me fez pensar nas piores sacanagens que tenho em mente. Droga, preciso parar de pensar com a cabeça de baixo. Meu celular começou a tocar no bolso da minha calça, obrigando-me a voltar à realidade. Peguei o mesmo para atender e o nome de um dos meus funcionários apareceu na tela.

— Senhor Thomas, nós achamos o Mark! O que fazemos com ele? — Perguntou.

— Não façam nada ainda! Tenho planos melhores para ter ele nas mãos! Temos uma vantagem sobre ele, a irmã! — Avisei e encerrei a ligação.

Surgiu então, a ideia de me aproximar, e acabar com a vida da querida irmã que ele tanto ama. Vou conquistá-la e destruí-la. Se a ideia é boa não sei. Contudo, é a única coisa que me veio à cabeça no momento, e até surgir um plano melhor, terei que me conformar com esse mesmo. Com o meu binóculo na mão, o levei até os olhos, e observei atentamente cada passo que ela dava dentro da casa. Surpreendi-me de boca aberta quando a vi se despir para tomar banho. Caralho, ela é bem gostosa. Não terei nenhum problema em foder gostoso com ela.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.