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Capítulo 4.

Eu me endireitei, ajeitando minha blusa. - Eu me endireitei, alisando minha blusa. -

A porta se abriu e lá estava ele.

Zane.

Gostoso como sempre.

Seus cabelos escuros ainda estavam levemente úmidos, como se ele tivesse acabado de sair do chuveiro e passado os dedos por eles em vez de se preocupar em secá-los. Ele usava uma camisa azul-marinho justa, com as mangas arregaçadas apenas o suficiente para mostrar os antebraços. O tecido abraçava seus ombros muito bem e, meu Deus, será que esse homem tinha uma camisa que não o fizesse parecer um maldito modelo da Calvin Klein?

Seus olhos verdes se voltaram para mim e seus lábios se curvaram ligeiramente.

-Você está alguns minutos atrasado", eu disse, cruzando os braços.

Ele deu de ombros. - Desculpe, tentarei ser pontual da próxima vez. -

Eu o encarei antes de exalar. -Fiquei olhando para ele antes de expirar. Agora, vamos lá. Vou lhe mostrar tudo e apresentá-lo a todos.

Porque quanto mais cedo terminássemos esse tour, mais cedo eu poderia parar de notar como ele parecia estupidamente atraente sob as luzes do escritório.

Conduzi Zane pelo escritório, passando por fileiras de mesas cheias de papéis, xícaras de café e, ocasionalmente, barras de cereais comidas pela metade. A sala de redação fervilhava de energia: telefones tocando, teclados fazendo barulho, o murmúrio abafado de pessoas discutindo prazos.

-A maior parte da equipe trabalha aqui", eu disse, caminhando à frente dele. Escritores, pesquisadores, editores. Você trabalhará de perto com eles assim que se instalar.

Ele assentiu com a cabeça, absorvendo tudo.

Eu o apresentei a alguns colegas; alguns ofereceram sorrisos educados, outros mal olharam para suas telas. As alegrias do jornalismo.

Paramos perto da sala de descanso, onde o cheiro de café queimado permanecia. - É aqui que você encontrará cafeína forte o suficiente para mantê-lo acordado por horas a fio", eu disse.

Zane deu uma risadinha discreta. -Parece útil. -

Olhei para ele, inclinando a cabeça. - Você toma café? -

- Sempre que necessário.

-Uau. Você parece mais com um bebedor de uísque.

Seus lábios se contraíram. - Observador. -

Dei de ombros. -Faz parte do trabalho. -

Seguimos em frente e eu continuei meu caminho, com meus saltos batendo no chão. Chegando ao meu escritório novamente, virei-me para ele. -Por enquanto, é só isso. Você aprenderá o resto à medida que for avançando.

Zane assentiu com a cabeça, ficando perto, perto demais.

- Então", apoiei-me em minha mesa, com os braços cruzados, "está pronto para trabalhar? -

Seu olhar pousou no meu; havia algo ilegível por trás daqueles olhos verdes. - Nasci pronto. -

Ah, isso ia ser interessante.

Zane escolheu um lugar fora do meu escritório e sentou-se à mesa com outros funcionários. Ele arregaçou as mangas, expondo seus fortes antebraços, e ligou o computador. Que bom. Ele está realmente trabalhando.

Pelo menos foi o que pensei.

Pelo canto do olho, vi a garota ao lado dele, Leah, inclinando-se ligeiramente, colocando uma mecha de cabelo loiro atrás da orelha. Eu não os ouvi, mas reconheci aquele olhar. Ela estava flertando. E, a julgar pelo seu sorriso, ela estava se divertindo muito.

Fingi me concentrar em meu laptop, meus dedos digitando agressivamente. Não importa. Não é da minha conta.

Exceto... oh, agora ele estava rindo. E eu estava tocando seu braço. É mesmo? Que original.

Olhei para cima casualmente, bem a tempo de vê-la sacar o celular. Eles estavam trocando números. Uau, isso foi rápido!

Cerrei um pouco a mandíbula, mas me forcei a manter uma expressão neutra. Por que me importo? Eu não me importo. Não. Nem um pouco.

Leah se levantou e se afastou com um sorriso no rosto. E então, então, Zane virou a cabeça.

E seu olhar verde-elétrico e ardente se fixou no meu através da janela de vidro.

Ai. Ai.

Minha respiração ficou presa por uma fração de segundo.

Havia algo em sua expressão, algo indecifrável, mas intenso, como se ele soubesse que eu o estava observando. Seus lábios se curvaram levemente em um leve sorriso. Que arrogante!

Desviei o olhar e voltei a encarar a tela como se não tivesse sentido uma faísca em todo o meu corpo com apenas um maldito olhar.

Exalei lentamente, jogando meus ombros para trás.

Isso estava bom.

Tudo estava bem.

Katy

Suspirei, cruzando os braços enquanto estava em frente ao prédio, o ar fresco da noite batendo em minha pele. As luzes da rua se acenderam, lançando um brilho fraco na calçada molhada. Eric deveria vir me buscar. Às quartas-feiras. Isso era tudo o que eu tinha que lembrar. Apenas uma maldita coisa.

Peguei meu celular e disquei o número dele. Ele tocou duas vezes antes de eu recusar a oferta.

Recusei.

Cerrei a mandíbula e digitei uma mensagem rápida. Onde você está? Não houve resposta. Claro.

Olhei para cima, examinando a rua. Nenhum sinal de nosso carro. Também não era como se eu pudesse pedir um Uber. A carona solidária já era excessiva, graças à minha instabilidade financeira e aos hábitos de gastos estupendos do Eric.

Bati o pé com impaciência, enquanto minha raiva aumentava. O céu rugia e trovões ribombavam ao longe. E então, como se o universo quisesse me convencer, choveu novamente.

Foi perfeito. Simplesmente perfeito.

Um carro preto e elegante parou bem na minha frente, com o motor ronronando. Abri a janela.

Zane.

Ele estava com uma mão preguiçosamente no volante e a outra apoiada na moldura da janela aberta. Seus olhos verdes me observavam, ilegíveis, mas divertidos. -Precisa de uma carona?

Hesitei, mudando meu peso. -Ei, não, tudo bem. Estou esperando meu marido. -Um lembrete para mim, e não para ele.

Voltou a trovejar e a garoa se tornou constante.

Zane exalou pelo nariz, balançando ligeiramente a cabeça. -Você vai ficar na chuva por ele? -Ele nem mesmo tentou esconder o ceticismo em sua voz. Vamos. Vou deixá-la em casa; sua casa não é tão longe.

Mordi o lábio e olhei para o celular. Ainda não havia mensagem.

Que bom.

Exalei e entrei, a porta se fechou com um baque.

O carro tinha um cheiro bom. Couro. Caro.

Zane retomou a estrada suavemente, com uma mão ainda no volante e a outra ajustando o ar-condicionado. Eu me mexi ligeiramente no assento, minhas roupas úmidas grudadas na pele.

Seu olhar se voltou para mim por meio segundo antes de voltar para a estrada. "Cinto de segurança", disse ele.

Bufei, mas coloquei o cinto.

O silêncio se instalou entre nós, exceto pelo zumbido suave do motor e o barulho ocasional da chuva contra o para-brisa.

Exalei, esfregando a têmpora.

Que dia de merda.

-Então", quebrei o silêncio, me remexendo levemente no assento, "por que você deixou seu antigo emprego?

Zane soltou uma risada suave enquanto seus dedos tocavam o volante. - Ainda está me entrevistando? -

Eu sorri. - Talvez eu esteja. -

Ele exalou, como se estivesse discutindo se deveria realmente responder, depois deu de ombros. - Não se encaixou muito bem. -

-Isso é vago.

-Sim, bem, trabalho também", disse ele, olhando de lado para mim. Você já sentiu que está em um lugar que simplesmente... não é para você?

Pisquei os olhos, surpreso com o peso de suas palavras. Senti um nó no estômago.

Limpei minha garganta. -Sim. Acho que sim. -

Ele cantarolou, como se esperasse essa resposta.

Ficamos em silêncio novamente enquanto a chuva batia suavemente no para-brisa.

Alguns minutos depois, quando nos aproximamos da minha rua, ele diminuiu a velocidade em um sinal vermelho. - Obrigada por me deixar em casa", eu disse.

- Não tem problema, senhora", disse ele, com os cantos dos lábios se contraindo como se estivesse brincando.

Lancei-lhe um olhar fulminante. -Não me chame de senhora. Isso me faz sentir muito velha.

Seu sorriso se aprofundou. - Anotado. - Então, com um brilho malicioso nos olhos, ele acrescentou: "Muito bem, Sra. Gomez. -

Virei a cabeça bruscamente para olhar para ele. Oh, não apenas...

Seu sorriso agora estava completamente aberto.

Eu zombei, olhando para frente. -Katy está bem.

Ele soltou uma risada tranquila. - É claro, Katy. -

Eu odiava a maneira como meu nome soava bem em sua voz.

O zumbido repentino de seu telefone quebrou o silêncio.

Zane mal olhou para ele antes de pegá-lo, mas de alguma forma - talvez por dirigir com uma mão só - ele escorregou de suas mãos e caiu no chão. Bem no espaço para as pernas do banco do passageiro.

Fiquei paralisado.

A luz vermelha ainda estava acesa e, antes que eu pudesse reagir, antes que eu pudesse me mover, ele se inclinou para pegá-la.

E, sem mais nem menos, sua cabeça estava em minha coxa.

Seus dedos roçaram minha pele nua, lentamente, sem pressa, e, meu Deus, seu hálito - quente e provocante - roçou minhas pernas enquanto ele se movia ligeiramente, pegando o celular. Meu corpo inteiro ficou tenso, cerrando os punhos no colo.

Juro que ele ficou ali mais tempo do que o necessário.

O celular estava bem ali. Eu poderia tê-lo pegado em um instante. Mas não, ele tinha que arrastar esse momento, tinha que me fazer sentir cada arranhão de seus dedos, cada pressão acidental de seu braço contra mim.

Eu me esqueci de como respirar.

Minha garganta estava seca e meu pulso acelerado quando ele finalmente se sentou, com o telefone na mão. Ele olhou para a tela, cerrando a mandíbula, antes de rejeitar a chamada.

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