Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 8 - Ciúmes

¤ Por Ashley Cooper | Miami, Flórida 07:05 AM ¤

Vermelho, a cor que transmite muita energia e simboliza a paixão e o amor. É conhecida por estimular a circulação e melhorar a autoestima.

Além disso, para os cristãos tem ligação com o "pecado" e a tentação. Já no contexto ideológico, é símbolo do espírito revolucionário e de lutas contra a injustiça.

Essa era a minha cor, o batom vermelho é a minha marca registrada.

Mas, por ser uma cor quente e sanguínea também é associada ao poder e à violência, e desde o acontecido na casa da sra. O'Brien, o vermelho tem me lembrado a cena em sua cozinha, especificamente a poça de seu sangue no piso.

Então, quando eu olho para algo dessa cor, aquela cena aterrorizante me atormenta, e por isso ultimamente eu estava aposentando algumas peças de roupas e batons dessa cor, e optando pelo o rosa, que era a minha segunda cor favorita. Simboliza o romance e a delicadeza, que é o que também me define.

Minha vida estava se resumindo à isso, à tentar esquecer o que aconteceu, e seguir enfrente.

Assim que me vesti e caprichei no meu batom rosado, Meghan passou cedo na minha casa para me buscar para irmos à escola, e eu aproveitei para contar à ela tudo o que me aconteceu no fim de semana, claro que omitindo a parte delicada sobre a mãe de Dylan.

— Uau, tirando o pequeno acidente com a senhora O'Brien, ter o Dylan te agarrando pelo os braços foi o ponto alto dessa história – ela comentou, estacionando o seu carro. — Vocês nunca tiveram um momento tão emocionante juntos – eu concordei com um sorriso.

— Mas eu ainda tenho outra questão para resolver – eu observei o meu alvo chegar caminhando tranquilamente. Merlia parecia calma e animada ao atravessar a calçada da escola. — Preciso saber o que Lia e Dylan conversaram na festa. Será que eles estavam flertando um com o outro?

— Você jura? – Meg questionou, meio sem acreditar na possibilidade. — Eu não acho que...

— Eu já vi esse tipo de coisa acontecer nos filmes, "a garota desengonçada que acaba conquistando o coração do garoto popular e mais bonito do colégio"! – expliquei, enquanto saíamos do carro.

— Você está começando a ficar paranóica – Meg riu da minha cara, me julgando.

Nós atravessamos o estacionamento, e eu pude observar Dylan também chegar, acompanhado de seu amigo, o Noah. Me deixei levar pelo o seu charme. Enquanto ele caminhava tranquilamente, o vento batia em seu topete, deixando-o ainda mais charmoso. Quando ele olhou de relance na minha direção, eu quase explodi de tão quente que fiquei, mas o momento durou apenas alguns segundos, e logo ele se foi, entrando no meio da multidão de alunos que também chegavam naquele horário.

— Eu aposto que não conversaram nada demais. – Meg voltou a falar, chamando a minha atenção.

— É o que irei descobrir! – respondi, determinada.

Eu não me importava com as pessoas terem uma ideia errada sobre mim, isso nunca mais me impediu de fazer qualquer coisa. Eu não vivo da boa vontade de ninguém, apenas preciso dos meus próprios esforços para conseguir tudo o que eu quero. Por ter uma personalidade firme e uma determinação que vale ouro, eu conquistei o olhar de admiração de muitos. É óbvio que a maioria sentia inveja, mas eu também funcionava como uma inspiração para uma pequena minoria. E eu percebi que Lia agora fazia parte dessa minoria, e estou disposta à usar isso à meu favor.

Hoje, na aula de educação física, nós estávamos no campo, ao ar livre, junto do time de futebol. Enquanto os garotos treinavam suas jogadas, eu e a minha equipe também ensaiávamos alguns passos de dança. Eu estava me alongando, quando notei o olhar estreito de Lia para os jogadores que corriam pelo o campo. Me aproximei dela, segurando a sua perna, lhe ajudando no seu próprio alongamento.

— Um dos melhores pontos positivos de treinar no campo, é a visão privilegiada do time dando tudo de si bem na nossa frente – eu sorri para ela, lhe dando uma piscadela. Eu observei a vista que citei, alguns garotos tinham tirado a camisa, enquanto se exercitavam, inclusive Dylan. Ele estava suado e lindo, como sempre.

— Ah... – ela riu sem jeito. — Pois é – ela apenas disse.

— Vi você batendo papo com o Dylan na festa, você está à fim dele? – eu sou conhecida por ser bem direta. Não sou de ficar enrolando.

Ela ficou vermelha, e me olhou com um espanto.

— Não que ele fosse olhar para mim com essa intenção... – ela riu, mas eu não entendi a sua piada, então só fiquei lhe encarando. — Ele foi gentil comigo, fiquei me sentindo deslocada, e ele me entendeu. – Ela deu de ombros, suspirando.

Eu respirei fundo, mas mantive meu perfil calmo.

— Imagino, de qualquer forma... – eu ia deixar claro para ela que ele era o garoto que eu gostava, e que não admitiria que ela continuasse dando em cima dele sabendo disso, já que eu cheguei primeiro e seria falta de consideração comigo. Contudo, Brendon chegou perto de nós, me atrapalhando.

— Bom dia, gatinhas, que saúde, hein?! – ele disse, olhando para nós duas e para o restante das garotas. Eu o ignorei, mas na minha visão periférica, eu tive quase certeza de que ele olhou a Lia por mais tempo.

Brendon era quase um rito de passagem para as novatas. Ele pegava todas. Não é surpresa nenhuma ele ser um cafajeste pegador, e isso acabou me dando uma ideia. E se eu usasse Brendon para tirar a Lia do meu caminho? Já que ela parecia interessada no Dylan.

— A bola está do outro lado do campo, Brendon! – Meg comentou, fazendo o idiota tirar os olhos das meninas e voltar para o treino dos garotos.

— Uau, ele olhou bastante pra você – comentei para Lia, que franziu o cenho.

— Sério? Porque eu não pareço ser o tipo dele – ela comentou, arrumando o seu cabelo assanhado. Ela imitava os meus movimentos de alongamento.

— Brendon não tem frescura com isso, ele só quer se divertir, ele sim faria valer a pena, você iria gostar de curtir um pouco com ele – pisquei para ela. Meg me ouviu, e ficou me olhando de longe, com uma expressão confusa.

— Sinceramente, Ash, eu não acho que qualquer garoto daquele time iria querer ter algo comigo – ela deu de ombros, e eu fiquei parada encarando ela, tentando entender seus pensamentos. Afinal, ela estava ou não estava a fim de Dylan? Ela se coloca tanto para baixo que chegar a ser triste.

— Do que está falando?

— Eu sou meio atrapalhada, não tenho uma beleza tão chamativa quanto a de vocês – ela apontou para mim e o resto das líderes de torcida. — Não acho que eu seja capaz de chamar a atenção de qualquer um deles – apontou para o time.

— Olha só, você está com a gente agora – apontei para a minha equipe. — Eu me esforço para passar para vocês as práticas de dança, e também conhecimento. Mas, para aprender é necessário ter esforço e ser dedicada! – ela assentiu, me olhando seriamente. — Você precisa se isolar das suas inseguranças, se quiser mudar essa sua mente pequena! – toquei na sua testa, e ela riu, meio tímida.

Eu respirei fundo e coloquei uma música para treinarmos alguns passos. Escolhi Say So de Doja Cat, que tinha um ritmo gostoso e leve o suficiente para destravar os quadris duros e inflexíveis da novata, que não parava de olhar para o time. Ela parecia envergonhada demais para se soltar, e por isso eu fui até ela, e tentei chamar a sua atenção para se concentrar em mim.

— Não olha para os lados, apenas para mim – eu disse, enquanto ela tentava seguir os meus movimentos.

Ela assentiu, e tentou fazer o que eu disse, tentando ignorar a atenção de quem estivesse no campo e nos observasse. Alguns garotos gostavam de subir nas arquibancadas para nos observar também. Eu fechei meus olhos, e continuei com os movimentos simples e genéricos, apenas para aquecer as garotas. E depois, partimos para a coreografia oficial da maioria das nossas apresentações.

Lia estava se esforçando, após eu ter pegado em seu pé. Se ela queria tanto assim virar uma líder de torcida, ela precisava aproveitar a oportunidade, até porque não é um título fácil de conseguir, precisa de merecimento e reconhecimento. Nós animamos os jogos e os jogadores, somos um dos espetáculos mais esperados dos eventos, a escola inteira parava para nos assistir. Temos que transparecer graça, confiança e talento. Ou seja, não era uma atividade extracurricular qualquer. E eu não sou exigente à toa. A minha equipe compõe as melhores alunas com as melhores notas, as melhores dançarinas e ginastas também. Então, a minha querida Merlia terá que rebolar muito para conquistar os seus pompons na minha equipe!

— Você está melhorando – eu comentei com ela, assim que terminamos –, mas você precisa praticar constantemente, precisa perder essa timidez. – Ela bebeu um pouco de água, e olhou para mim.

— Não estou acostumada à ser o centro das atenções – ela respondeu.

— Então escolheu o grupo errado para entrar – reclamei. Ela abaixou o olhar e murchou na minha frente, me fazendo me arrepender no mesmo segundo. Eu bufuei, mudando o meu tom de voz. — Lia, eu levo tudo isso muito à sério. Preciso que você também faça isso. Pensei que era o seu sonho fazer parte disso.

— Eu juro que vou dar o meu melhor, eu vou continuar melhorando, você já está sendo incrível me dando a chance de pelo menos tentar – ela disse, voltando a sorrir. Eu retribui o seu sorriso e peguei as minhas coisas, saindo dali.

Eu não poderia mentir para mim mesma. Eu estava sendo ríspida com Lia não só pela a sua inflexibilidade, mas também por ciúmes do Dylan. Ela parecia encantada mesmo por ele. "Ele me entendeu", ela disse sobre ele, parecia que isso significou muito para ela.

Além disso, eu queria saber o ponto de vista dele sobre ela. Eu penso, será que aquele papo também significou algo para o Dylan? Ou a magia aconteceu apenas na cabecinha de vento da Merlia? Mas levando em conta que Dylan estava sorrindo com ela enquanto conversarvam na festa... Droga, ele pode ter gostado dela também!

— Você incentivou a Lia à investir no galinha do Brendon, ou foi uma loucura da minha cabeça? – Meg correu para perto de mim e me acompanhar até o vestiário.

— Foi só um comentário qualquer, e eu não menti, Brendon gosta de se divertir com as novatas – dei de ombros. Meg riu, como se não acreditasse em mim.

— Já entendi o que está tentando fazer – ela disse, tirando as suas roupas suadas, e eu fiz o mesmo. Precisávamos de um banho antes de voltar para as aulas restantes. — Por acaso ela te falou algo sobre o Dylan? – eu suspirei, cansada. — Isso é um "sim"?

— Ela disse que ele foi gentil com ela – respondi, sentindo algo estranho em meu peito.

Pela primeira vez em muito tempo, eu estava me sentindo insegura. Eu lutei muito para tirar esse sentimento de mim, e agora ele estava voltando para me sabotar!

— E você quer desviar a atenção dela usando o Brendon? Credo! – ela fez uma careta.

— Não entendo o espanto, até você ficou com ele – dei de ombros, e ela bufou ao meu lado.

— Nem me lembre! – reclamou.

O resto do meu dia na escola foi de profunda reflexão.

Por tanto tempo eu tentei conquistar qualquer migalha do Dylan, acreditando que qualquer chance que ele me desse eu faria valer a pena, e bastou essa garota desengonçada e sem sal chegar para conquistar a atenção dele num estalar de dedos, fazendo até que ele fosse gentil com ela, enquanto que comigo ele é ríspido e arrogante.

Era chocante e estava sendo como um banho de água fria para mim.

E para acabar o dia com mais uma surpresa, eu encontrei o meu pai saindo de fininho da casa da sra. O'Brien. Ele se estreitou pelo o pequeno jardim, e entrou na nossa casa, não me notando ali parada na calçada, onde Meg me deixou.

Dylan ainda estava na escola quando saí. Então, o que o meu pai fazia sozinho com Elizabeth O'Brien?

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.