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Capítulo 6

 

Hadiya

Ao despertar, fiquei desorientada quanto ao local em que me encontrava, mas logo percebi que estava em minha própria casa. Como cheguei até aqui ainda é um mistério para mim, porém, levanto-me, dirijo-me ao banheiro e realizo minha rotina de higiene.

Visto uma calça de moletom e um casaco de frio, vou preparar café enquanto percebo que a porta do quarto de visitas está aberta. Ao me aproximar, levo um susto: meu chefe está lá. O que ele está fazendo aqui? O que será que eu fiz?

Por qual razão meu chefe casado está presente em minha residência?

Caramba, que situação complicada, ele está com a sua filha, que é tão adorável e acordou. Ai, meu Deus, agora estou em apuros! Não posso fugir, afinal estou em casa. A menininha me notou e veio em minha direção, fechando a porta onde o pai estava dormindo.

— Oi, sou Samantha e você é amiga do meu papai, né? — Falou a garotinha.

— Sim, minha linda e eu me chamo Hadiya. Vamos tomar café, minha flor?

— Gostei desse nome, tia Hadi. — ela falou.

Ah! meu Deus, que coisa mais linda essa criança e me chamou igual meu irmão fazia.

— Fiz panquecas, ovos mexidos e calda de chocolate. Você pode comer isso, minha linda?

— Sim, posso, não precisa se preocupar.

Nunca estive presente na vida de uma criança com necessidades especiais, mas sei que exigem cuidados especiais. E se ela tiver alergia a ovo, morango ou chocolate?

Estava tão desatenta que não percebi que ele fixava o olhar em meu rosto apreensivo.

— Não se preocupe, ela pode comer tudo. — falou Martinez.

— Desculpe, eu estava distraída. Quer café?

— Sim, obrigada! 

— Papai, a sua amiga é muito boa, gostei dela e acho que ela devia morar com a gente, né? Lá cabe ela, pois essa casa é pequena. Papai e ela vive sozinha aqui, é?

— Meu amor, aqui é a casa dela. — Ele falou todo carinhoso com a filha.

De repente ele foca em uma foto em que está minha mãe Maitê e eu, mas porque se ele nem conhece ela? Esse homem é muito estranho.

— Papai. 

— Sim, desculpe meu amor. Lembrei de uma pessoa muito especial para o papai. 

— Sério, papai! 

— Sim e você pode tomar esse delicioso café, que já vamos para casa. — Ele falou para filha. 

— Puxa, queria ficar mais um pouco com Hadi.

— Ela precisa descansar, minha linda! 

— Não, eu posso ficar um pouco mais com ela, senhor.

Apesar do incômodo terrível na cabeça, prefiro não mencionar a ninguém sobre essa situação, pois logo irei melhorar, já tomei a medicação necessária. Sua voz soa de forma perturbadora, causando-me arrepios.

— Não há necessidade de se dirigir a mim como senhor.

Sempre que o vejo, uma chama se acende dentro de mim e meu coração parece querer saltar do peito. Ele é tão atraente... O que diabos ele está fazendo aqui?

Estou com receio de questionar, porém antes mesmo de eu ter a chance, ele se adianta com a resposta.

— Eu, sou vim te trazer, como já estava tarde e você muito bêbada. Você tem que beber menos, pois nem sabia onde morava de tão bêbada que estava. Se você tem esse problema de esquecer das coisas que faz quando bebe, nem deveria colocar álcool na boca. E você não lembra de nada?

— Eu não bebo o tempo todo e quase não bebo quando saio, só que me dá vontade de beber e bebi. Qual é o problema nisso? E eu não esqueço, só não me lembro de algumas coisas. E o que eu fiz dessa vez? — ele me olha assustado.

— Como assim, Hadiya? 

— Uma vez, quando eu ainda estudava no colégio fui para uma festa, bebi muito e fiz coisas que não era para fazer.

— Como assim, fez o quê? — olhei para pequena e falei. — Nada, deixa para lá. — ele estava sentado mas logo se levantou, pegou no meu braço.

— Pronto, pode falar agora. — ele falou. 

— Você está com algum problema, não vou falar nada para você.

E partir rapidamente antes que eu diga algo a este ind

Homem, que está me enlouquecendo... Caramba, por que ele está agindo de maneira tão estranha comigo?

Ah, vai se catar e ficar com sua mulher linda e dos olhos verdes, claro que só pensei tudo isso, mas estou quase perguntando para ele. Ele demonstrou descontentamento por eu não ter dito nada e ficou aborrecido, mas isso é problema dele, não meu. Ele é insano, mal me conhece e já quer saber sobre minha vida.

— Está pronta, minha linda? Vamos para casa. — ele falou.

— A papai já, eu não brinquei com Hadiya. — A pequena disse.

— Depois, você brinca com ela, meu anjo. 

— Está bom papai.

— Amanhã você já começa a estudar e vai fazer muitas amizades novas. — disse ele.

Ao ouvir aquelas palavras, senti-me extremamente envergonhado. É incrível pensar que  uma criança é capaz de estudar tanto, algo que eu nunca fiz. Chega disso, preciso parar de remoer o passado e ele não tem ideia de que eu não estudei, e nunca saberá.

— Viu, tia Hadiya, amanhã eu vou estudar.

— Que bom, estudar é muito bom e importante para a vida de uma criança, minha linda. — eu respondi.

Abracei a garotinha adorável com intensidade, sem compreender o motivo da solidão repentina que me invade. Costumava estar sempre com Maitê, no entanto, agora ela não está mais ao meu lado.

Minha amiga não está disponível o tempo todo, ela tem sua própria rotina. Ela até me convidou para sair, mas não estou interessada. Prefiro deitar na cama, dormir e esquecer os pensamentos que me entristecem, ao observar de perto o Sr. Martinez, ele me faz recordar do meu amigo que se afastou.

— Hadiya, você está bem? — indagou o gostoso que não sai da minha mente.

Sentia a angústia crescendo dentro de mim, mas precisava manter as lágrimas escondidas, desejava apenas desabafar em silêncio, porém a presença dele só tornava a situação mais complicada.

— O que você tem? Você está bem? — ele perguntou.

— Sim, estou. — menti. 

— Está bom, vou embora e amanhã nos vemos no restaurante.

— Está bem e obrigada por ter me trazido para casa. Eu agradeço mesmo.

Dei um abraço nele que me surpreendeu naquele momento, pois senti uma vontade imensa de permanecer ali para sempre e a emoção de chorar, de repente tomou conta de mim e chorei enquanto estava abraçada, sem perceber a presença de sua filha. Não desejava que ela me visse em lágrimas, poxa... Por que essas emoções intensas dentro do meu peito? Sinceramente, não compreendo o que está acontecendo comigo ultimamente.

— Vai dar tudo certo, eu prometo! — sussurrou próximo a mim, fazendo-me recordar com mais intensidade do meu amigo.

— A minha vida nunca fica bem, só piora. Mas outra vez obrigada!

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